A Jogadora de Go

A Jogadora de Go Shan Sa




Resenhas - A Jogadora de Go


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Márcia Regina 30/04/2010

A jogadora de go

O livro é muito bonito, vou comprar um exemplar pra mim. Contudo, ele passa uma sensação de impotência e tristeza frente ao arrastão da vida, não aconselho para quem estiver em um momento meio deprê. Se você estiver deprimido, leia outra hora, para não se deixar arrastar.
Os personagens têm a beleza suave e a energia represada do jogo no qual se envolvem, precisamos estar com a cabeça bem dez para conseguir perceber esses aspectos e ver que preços devem ser pagos, mas a escolha é nossa.

A história fala sobre solidão, amor, sexualidade, guerra, tortura, morte, medo e, principalmente, sobre escolhas, pagamentos e cobranças, sobre como, mesmo quando a vida nos leva, a força de escolher é nossa. Essa força para escolher é algo que vale uma vida em si.

A caminhada até a praça foi como um caminho para o ingresso no mundo adulto, caminho de crescimento e compreensão, de percepção de que às vezes precisamos mudar estratégias, de que alguns jogos não seguem regras e outros sequer conseguem ser finalizados. Acima de tudo, de descoberta da importância da tomada de controle sobre nossos destinos, ainda que esse controle cobre um preço tão alto.
Sei que foram levados pela vida, mas também vi um crescer marcado por opções. Ao final, não a guerra, nem o país, nem a educação, nem a família. Ao final, apenas eles mesmos. Achei lindo.

Como li num momento especialmente alegre, estava forte e saí da história com mais certeza de opções que fiz e de perdas que assumi. O livro me fez bem.
Rosa Santana 03/06/2010minha estante
Gostei do que vc falou. Interessei-me pelo livro. Já ouvi falar muito sobre ele.

Vou buscá-lo!!


lukinhas 11/01/2021minha estante
Amei essa resenha, eu pretendo ler ele de novo e prestar mais atenção pois sinto que não captei tudo mas senti sim todas as sensações que descreveu o livro em si é em partes triste e mostra a dureza da vida naqueles tempos de guerra.




Núbia Esther 16/02/2012

O local escolhido por Shan Sa para contar sua história é a Manchúria, que está localizada na parte externa da Grande Muralha da China e estava na zona de influência japonesa na época da história (entre as décadas de 20 e 30). Na Praça dos Mil Ventos, um local de encontro dos apreciadores do jogo de Go. Dois jovens estão destinados a terem seus destinos cruzados, ela uma jovem manchu de 16 anos e única mulher admitida no círculo dos apreciadores do jogo e ele, um jovem soldado japonês que faz parte das forças de ocupação japonesa no território chinês.

A autora optou por uma narrativa em primeira pessoa, seus personagens narradores são a Jogadora de Go e o Soldado Japonês. Eles não são nomeados, mas ao contrário do afastamento que podemos pensar que isso causaria. A falta de nomes nos torna mais próximos, como se fossemos nós os protagonistas. Shan Sa penetra e disseca o mundo psicológico de seus personagens e nos leva junto em sua viagem. Com capítulos alternados e curtos vai nos apresentando retratos da vida da jogadora e do soldado. Quadro a quadro ela delineia o cotidiano brutal da ocupação do país da jovem manchu, as missões diárias do soldado japonês e as escolhas que permearam suas vidas e os trouxeram até o presente. Utilizando o Go como metáfora e estopim para os eventos narrados, ela nos familiariza por um lado com o pensamento político da jogadora, sua busca pela liberdade e o desabrochar para o amor e por outro com a obediência servil, a crença na pátria e os infortúnios que marcaram a vida do soldado. Duas visões distintas sobre a mesma situação: o japonês que vê sua nação como superior à China e a chinesa que vê os japoneses como usurpadores de sua liberdade e de seu país. Duas visões destinadas a se encarar…

“…No instante mesmo em que eu entrava em seu quarto ele já sabia que faria de mim seu espião. Jogando go, trançou a rede que agora me prende: sou obrigado a deslizar para dentro da pele de um chinês.”

O soldado recebe a incumbência de se misturar entre os jogadores da Praça dos Mil Ventos e descobrir se em meio às jogadas, planos revolucionários contra a ocupação são tramados. Entre tantos jogadores, ele escolhe (ou é escolhido) pela única mulher ali presente e os dois se jogam em intermináveis partidas de go. Em meio às intricadas estratégias do jogo, a jogadora e o soldado desvendam a alma um do outro sem saber que eles mesmos eram peões no grande jogo travado por seus países. Dois peões presos nas armadilhas da guerra e que no fim da partida estão destinados a retornarem às suas respectivas caixas. A história de Shan Sa é curta, mas nem por isso menos carregada de emoções, assim como em um jogo ela nos deixa na expectativa dos próximos passos, ansiando pela conclusão derradeira, por um final que nem sempre é o que esperamos.

Esta é a segunda obra asiática que tenho a oportunidade de ler, adorei mergulhar em costumes que às vezes consideramos tão díspares e espero ter a oportunidade de fazer isso mais vezes.

[Blablabla Aleatório] - http://feanari.wordpress.com/2012/02/15/a-jogadora-de-go-shan-sa/
Sylvia 18/02/2012minha estante
Sua resenha me fez pegar esse livro para ler, tenho ele a algum tempo e fiquei muito curiosa depois do que li aqui.
Adoro o seu blog!




Lynnë 28/01/2012

Espantoso. Escrita brilhante. História magnífica.
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Frauboll 12/03/2021

Belíssimo e Surpreendente!
Tinha comprado esse livro há uns 5 anos atrás e nunca tinha lido. Nesse ano, gracas a quarentena, comecei a ler. Que grata surpresa! Era pra eu ter comecado a ler muito antes! É um livro muito bonito e muito bem escrito. Cheio de reviravoltas, surpreende o leitor várias vezes, sem perder a verossimilhanca. A linguagem é muito poética e a decisao da autora de narrar a história através da visao do soldado japones e da adolescente chinesa enriqueceu muito o livro. Os personagens sao complexos e muito bem construídos. A autora, apesar de chinesa, construiu o personagem do soldado japones com muita humanidade e compaixao. Ela merece todos os premios que ganhou por esse livro, ela realmente tem talento. O final me surpreendeu muito! nunca que eu teria imaginado um final desses. Esse livro deveria ser filmado.
Para quem gosta de romance histórico, é simplesmente imperdível! É um romance que a gente nao esquece tao facilmente.
Nota 10!
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Sharon 05/04/2012

O livro começa parecendo um romance de formação. A narradora, adolescente em 1937, vive na Manchúria, que se proclama "independente" da China, mas, na verdade, é um território controlado pelo Japão. Sua vida é escola, amigas, rapazes, a família e o go. Jogar, para ela, é uma alegria, uma fuga, um alívio dos problemas.

Mas um segundo narrador aparece rapidinho trazendo um pouco de romance histórico. É um oficial japonês enviado à China para auxiliar na invasão. Gostei bastante das passagens em que ele pensa (tão sério, tão solene, tão japonês!) sobre a vida de soldado e também sobre as relações entre eles e as prostitutas:
"Não é possível reconciliar a pátria e a família. Um soldado é aquele que assassina a felicidade dos seus. Se a minha existência foi útil, a nação o deve à abnegação de uma mulher." p. 37
"Preparei-me para morrer. Por que me casar? Uma esposa de samurai se mata após o desaparecimento de seu esposo. Por que precipitar uma outra vida no abismo? Gosto muito das crianças, continuidade de uma raça, esperança de uma nação. Mas sou incapaz de fazê-las. Os pequenos têm necessidade de crescer sob a tutela de um pai, ao abrigo do luto.
As mulheres da vida têm um frescor furtivo, parecido ao orvalho da manhã. Desiludidas, são almas gêmeas dos militares. A insipidez de seus sentimentos tranquiliza nossos corações selvagens. Saídas da miséria, elas têm medo da felicidade. Condenadas, não ousam sonhar com a eternidade. Apegam-se a nós como náufragos aos pedaços de madeira flutuantes. Há em nosso abraços uma pureza religiosa." p. 53

Mas conhecer uma certa jogadora de go traz um pouquinho de ironia para suas reflexões:
"Sentado num canto diante da sala vazia, um olho no vaivém dos garçons, faço o rascunho de uma carta par minha mãe.
Enumero-lhe os objetos de que tenho necessidade: sabões, guardanapos, jornais, livros, bolos de feijão vermelho. Os anos passados na escola de cadetes fizeram de mim um homem. O distanciamento da pátria me transforma numa criança mimada. Exijo esta ou aquela marca de produto, detalho sua cor, seu perfume. Refaço vinte vezes minha lista, e a fúria da nostalgia acaba por se acalmar." p. 111
Seus caminhos se cruzaram na praça dos Mil Ventos, local onde os jogadores da cidade se encontram. Ele vai até lá disfarçado de pequinês e se encanta pelos modos livres da mulher chinesa, se comparados às japonesas que conhecia:

"Entre nós, quando as mulheres riem escondem o rosto atrás da manga de seu quimono. A chinesa sorri sem cerimônia nem artifício. Sua boa se abre como uma granada que explode.
Desvio os olhos." p. 98
É divertida a narração da mesma cena pela jogadora, e mostra a segurança dela, um não-sei-quê assim de Liz Bennet:
"Anoto a posição dos peões numa folha de papel e gratifico o Desconhecido com um sorriso. Por já tê-lo testado no Primo Lu, em Min e em Jing, conheço minha arma.
De fato, ele abaixa a cabeça."

Enquanto jogam sua partida interminável, a história vai se tornando mais sombria e rápida, e eu paro de anotar páginas interessantes no marcador. A guerra enfurece, os exércitos combatem a cada dia com mais crueldade. Oposicionistas são perseguidos e torturados, os pobres morrem, se não pela violência, de fome e frio. Nossa heroína (ainda não sabemos seu nome) atravessa dilemas, tragédias e decepções. A fuga proporcionada pelo jogo querido já não é suficiente... e não há ajuda. Somos conduzidos pela angústia dela como cachorrinhos.

Li muito rápido, em duas horas e meia. O ritmo foi imposto por mim e não pela autora, que escreve de forma deliciosa, narrando as paisagens e personagens com metáforas chinesas muito bonitas. Mas eu simplesmente precisava saber. Não chegou a me decepcionar, mas... apesar de bonito e fazer sentido em um romance sonhador como esse, é incoerente, inverossímil. Destruiu aquela minha sensação de "realmente poderia ter acontecido". Pena.

Para ver outras capas do livro: www.quitandinha.blogspot.com
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