A convidada

A convidada Simone de Beauvoir




Resenhas - A convidada


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Fê Gaia 03/07/2010

Ação psicológica
Realmente um livro fora do comum. A maior parte da trama se passa dentro das mentes dos personagens, sendo as ações e diálogos externos apenas o combustível que alimenta os conflitos internos em que se debatem as pessoas descritas na trama.

No início da história e em grande parte do livro, o foco está na personagem Françoise, mulher serena e devotada ao trabalho, que vive a longos anos uma relação de amor e cumplicidade com Pierre.

As primeiras reflexões de Françoise transmitem uma serenidade agradável, em que ela finge se indignar com seu idílio afetivo, que a mantém no marasmo da felicidade.

Com a presença cada vez mais marcante de Xavière em sua vida, a tal convidada, seus pensamentos se tornam cada vez mais angustiados e sombrios, transformando a atmosfera em algo lúgubre e desagradável.

Xavière é uma moça vinda do interior, que é acolhida em Paris por Françoise. Ela é mesquinha, extremamente egoísta, ciumenta e mordaz, e aos poucos vai envenenando a relação de Pierre e Françoise, por pura inércia desta, que não faz nenhum esforço para se auto-afirmar.

Gerbert, uma espécie de protegido e amigo de Pierre, acaba se envolvendo nesse "trio", o que aumenta a crise num primeiro momento. Depois, ele acaba funcionando como um porto seguro para Françoise, que possui grande ternura por ele.

Fora do núcleo central ronda Elisabeth, irmã de Pierre, personagem repleta de rancor e inveja pelo casal. O ódio maior, no entanto, é devotado a si mesma, por se julgar inteira uma farsa, um cenário cuidadosamente criado, mas oco por dentro.

O final me pareceu absurdo, embora coerente com a personalidade de Françoise, que não parece ter forças para se livrar da presença obsessora de Xavière de uma maneira simples e sensata.

Recomendo e muito a leitura.
Claire Scorzi 10/07/2011minha estante
Que bom que alguém fez uma resenha deste livro. Preciso relê-lo.


Pedro 31/07/2014minha estante
Ótima resenha! Muito obrigado :)


Fê Gaia 01/08/2014minha estante
Obrigada, Pedro. :)


Mila 23/11/2015minha estante
Muito boa a resenha, embora eu não tenha gostado do livro.




Lorena 28/10/2020

Beauvoir mostrando a que veio
Livro maravilhoso, história super envolvente. Simone de Beauvoir se utiliza da própria história para criar um romance cheio de camadas.
É incrível poder acompanhar o desenvolvimento intelectual dessa autora ao longo de seus livros.
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Nath Moraes 15/05/2020

Primeiro livro escrito pela Simone de Beauvoir e minha primeira leitura da autora, A Convidada conta a história da relação entre Pierre, Françoise e Xavière, a convidada, no caso. Essa leitura me exigiu paciência, por conta dos costumes da época. Em muuuuitas situações eu pensava: não é possível que vocês estejam chateados ou com raiva porque "o outro" está dançando ou deixando de dançar ou está no quarto ou comeu demais ou de menos. 

Saber que a história é baseada na relação real entre Beauvoir, Sartre e Olga Kosakiewicz deixou o livro bem interessante. Os personagens são muito reflexivos e você consegue acompanhar a linha de pensamento de cada um. Em certos momentos me identifiquei muito com Françoise e sua angústia de ver seu relacionamento invadido e colocado em xeque e em outros momentos me identifiquei com a vulnerabilidade de Xavière. Enquanto Pierre foi só mais um omi fazendo omice, zero surpresa.

Outra reflexão que surgiu conhecendo mais o tipo de relacionamento que Beauvoir e Sartre tinham lá em 1943 eu fico me perguntando: em que momento a gente encaretou tanto?

O final me surpreendeu muito. Terminei o livro de boca aberta e buscando amigos que já tinham lido também para conversar sobre.
Karla Lima 29/08/2020minha estante
ao longo de uns dez anos eu li este livro (sempre o mesmo exemplar) umas dez vezes. ele foi enterrado por acidente na praia, ficou encharcado de cafe, um dia caiu na piscina. tinha sublinhados a caneta e lapis e marca-texto e codigos diferentes pra que eu dialogasse comigo a cada releitura. mas nao me lembro do fim :O




Mari Gominho 08/02/2010

Íntimo
A história desse livro, um triângulo amoroso composto por duas mulheres e um homem, seria apenas mais um clichê não fosse o talento de Beauvoir. Sua narrativa em primeira pessoa, abordando os mais profundos sentimentos de Françoise, mostra aos poucos uma visão de mundo deveras interessante. Seu relacionamento afetuoso com Pierre, sua compaixão e posterior raiva de Xaviére... A trama se desenvolve de maneira intrigante e apaixonante, envolvendo o leitor de maneira incrível e tocando seu íntimo ao colocar em discussão assuntos como lealdade, paixão e traição.
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Isotilia 11/04/2015

Pior livro de 2015
Pior livro que eu li este ano.

Para saber mais, visite o blog 500 livros.

site: http://500livros.blogspot.com/2015/04/simone-de-beauvoir-era-feminista.html
Mila 23/11/2015minha estante
Também achei uma merda, mesmo admirando a Simone de Beauvoir. Por ter sido seu primeiro livro de não ficção, vou perdoá-la.


Mila 23/11/2015minha estante
Ah, e eu amei sua resenha e já estou seguindo o seu blog. Sua escrita é concisa e nos conduz a um ordem intelectual. :)




Augusto 13/02/2015

"Triângulo Amoroso"
Primeiro livro publicado por Simone de Beauvoir e meu primeiro contato com ela. Já conhecia os famosos ensaios da autora, sobretudo "O Segundo Sexo", por isso essa leitura foi uma grata surpresa, a descoberta de uma grande ficcionista. Beauvoir cria personagens extremamente complexos, (muito bem construídos) por isso, não há vilões ou mocinhos. O foco principal é Françoise, passamos a maior parte do tempo em sua cabeça, vemos a narrativa a partir de sua visão. Françoise assim como seu companheiro Pierre, acolhem uma moça do interior, Xavière, em suas vidas. Formando-se em volta dos três personagens um "triângulo amoroso", que com o desenvolver da narrativa percebemos que não é tão perfeito como se fazia parecer no início. O desfecho é genial.
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Michele 17/08/2020

Para entender melhor "A Convidada"
Nos últimos dias, me dediquei à leitura de "A Convidada", de Simone de Beauvoir, uma obra complexa que requer o máximo de atenção aos detalhes e textos de apoio, algo que carece nesta edição da Nova Fronteira.

Depois de pesquisar, decidi expor esta resenha de um jeito diferente, dando algumas pistas para quem quer chegar a uma interpretação mais aprofundada.

Personagens principais
Françoise- uma mulher de 30 anos, intelectual, parceira de Pierre nos negócios (teatro) e com ele vive um relacionamento de plena confiança, aberto, estável e duradouro.
Pierre- ator bem sucedido em sua carreira, ensina teatro e produz peças.
Xavière- uma jovem que vem do interior e é acolhida pelo casal. É mal humorada e antissocial. É a convidada do título.
Gerbert - jovem "adotado" por vários pais, incluindo Pierre. É ator.

Situação inicial:
Françoise e Pierre sempre foram felizes dando a liberdade um ao outro de se relacionarem com outras pessoas. Mas com a chegada de Xavière, Françoise se sente ameaçada, pois até então nunca havia percebido uma paixão verdadeira da parte de Pierre por outras mulheres.

O que você precisa saber:
- Beauvoir é uma referência para o feminismo e esta obra não é uma exceção;
- O romance apresenta traços autobiográficos - só traços.
- Beauvoir era casada com Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista. Este romance ilustra alguns de seus conceitos filosóficos, como a consciência, o "ser-para-o-outro" e a liberdade, que traz em si a responsabilidade.
- A trama é ambientada nos anos 40, às vésperas da entrada da França na 2° Guerra. Esses personagens estão vivendo a tensão de trocar a vida boêmia de Paris pelo front.
- Françoise é a protagonista e sobre ela incide quase todo o foco narrativo, ou seja, seguimos na história sob o seu ponto de vista.
- Xavière é mencionada o tempo todo, mas sempre sob os olhares alheios.
- Pierre é homem, seja lá o que isso signifique.
- Tanto Xavière quanto Gerbert possuem um vínculo de dependência com o casal.

A narrativa é um pouco cansativa por ser extensa, com muitos diálogos e pormenores, mas vale a pena seguir até a última frase, pois também é uma daquelas obras que nos fazem ficar por tempo refletindo.

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Livros da Julie 26/10/2020

Amarras psicológicas
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"nunca acreditara na possibilidade de uma guerra; um conflito armado era como a tuberculose e os desastres ferroviários: só acontecem aos outros."
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"É extraordinário o número de coisas que nunca veremos."
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"valeria a pena sonhar um amor que não queremos viver, na realidade?"
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"não sou feita da massa com que se constroem as vítimas."
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"muitas vezes, quando julgamos viver no presente, mesmo contra a vontade estamos comprometendo o futuro."
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"os táxis e os elevadores são os pequenos descansos das mulheres que vivem demais."
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"Tudo, afinal, era uma corrida sem objetivo. Somos lançados indefinidamente para o futuro, mas quando este se torna presente, é preciso fugir."
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"Viver era envelhecer, nada mais."
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"Bons momentos, maus momentos... O resto não será ilusão e literatura?"
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"Havia apenas uma soma indefinida de instantes indiferentes, apenas um pulular desordenado de carne e pensamento, com a morte no fim."
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"Acho horrível esta expressão: mulheres bem conservadas. Parece que ouço o homem do armazém quando quer vender lagosta em conserva: 'É tão boa como a fresca.'"
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"Ah! eu só queria poder, tranquilamente, gostar mais de mim do que dos outros."
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"Ela podia saber, com exatidão, o que não era. Mas doía conhecer-se apenas por meio de uma série de ausências."
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"Se eu tivesse verdadeiramente importância para alguém, talvez conseguisse valer um pouco mais para mim próprio. Assim, não chego a dar valor à minha vida nem a meus pensamentos."
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A Convidada é o terceiro livro do projeto #lendoBeauvoir, criado pelas @hecicandiani e @izabellasepulveda, e é o primeiro romance da autora.

Pierre e Françoise são produtores teatrais e vivem um relacionamento amoroso, mas livre, sem cobranças. A relação estável e intelectual entre os dois parece ser o complemento perfeito para uma vida dedicada à arte. Mas Françoise acaba se encantando pela provinciana Xavière e, interessada em seu jeito simples e em sua beleza juvenil, a convence a morar em Paris, onde a teria à sua disposição.

O que poderia ser uma aventura prazerosa e um ótimo passatempo para contrabalançar a pesada rotina do teatro se transforma em uma constante ameaça à paz de espírito de Françoise, devido ao difícil temperamento de Xavière e à atenção que Pierre começa a lhe dispensar.

O livro tem um início lento. Porém, quando já estamos devidamente apresentados aos personagens e enfim entendemos as razões das diferentes dinâmicas entre eles, a leitura passa a fluir melhor.

Ao mesmo tempo em que se debruça sobre as questões da representação teatral e trata das possibilidades de se romper com o tradicional e de demonstrar frescor às cenas sem se apoiar em clichês modernistas, Beauvoir planta a semente dos temas que viriam a ser tratados em seus livros posteriores: os eternos questionamentos femininos e as reflexões sobre relacionamentos. É quase impossível não nos identificarmos com pelo menos um dos aspectos abordados.

À medida que o tempo passa, Françoise percebe que nunca se conheceu verdadeiramente. Ela nunca havia parado para pensar a respeito de sua existência, questionar sua personalidade, seu papel no mundo. Françoise, como tantas outras, deixa sua individualidade para trás e se vê enredada em uma relação altamente tóxica, sofrida e desgastante, vendo o seu desejo se tornar uma maldição.

A Convidada (livro e personagem) desperta sentimentos de raiva, repulsa e impotência. Assim como na vida real, é angustiante ver alguém se deixando levar passivamente pelas circunstâncias, trilhando um caminho sem volta, sem conseguir mexer uma única palha para sair de uma situação que até pode aparentar um resultado positivo, mas que só traz infelicidade e dissabor.

Trata-se de uma história sobre a necessidade de se libertar dessa prisão cujo único responsável é o próprio indivíduo; sobre a dura lição de tomar as rédeas da vida nas mãos e traçar um destino sem amarras e sofrimento.

site: https://www.instagram.com/p/CGpsq-0j30_/
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Giovanna 15/08/2021

Uma experiência densa
Não é um livro para se ler depressa, num só fôlego, pois não é gostoso, leve... É uma leitura marcada pela intensidade.

O triângulo que se forma, fugindo completamente do que se espera de um triângulo amoroso, é algo que jamais havia visto na literatura ou mesmo em filmes e novelas. Me surpreendeu. É um romance que não envolve amor, mas angústias, ciúmes, disputas silenciosas... Em alguns momentos, odiei todos os personagens (a exceção de Gerbert) e em outros concordei com estes.

É incrível como esse livro me deixou dividida. Xavière é insuportável, Françoise é inerte. Não vejo como seria possível existir, nesse caso, sororidade ou qualquer compaixão. Para quem gosta, nesse livro encontra-se a genuína disputa entre humanos, o puro conflito de interesses visto, do ponto de vista psicológico, desde sua gênese até um desfecho surpreendente, porém coerente.

Vale a pena ler.
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Lia Trajano 22/04/2021minha estante
Na verdade, ela mata Xaviére, não tem suicídio




Joice 18/12/2016

A Convidada
A convidada conta a história de um triângulo amoroso no mundo artístico, tem emoção, trapaças, amor e desentendimentos vários... mas o final pode surpreender
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Kirley 12/06/2020

Acho que a Simone não era muito afim da sororidade, pois a rivalidade feminina nesse livro é forte.
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Giovanna.Dias 23/08/2021

?A Convidada? é um livro que te causa muitas sensações, no meu caso, senti uma raiva e até um sentimento de querer ver os personagens ?tendo o que merecem? em grande parte do livro, tanto é que larguei ele irritada algumas vezes, mas isso me fez envolver com os personagens como se eu os conhecesse e convivesse com eles, me deixando cada vez mais curiosa em saber qual seria o desfecho da história. Se você não quer uma leitura cansativa, não leia ?A Convidada?, acredito que você desistiria da história antes de chegar a parte envolvente. Gostei da experiência de experimentar algo fora da minha zona de conforto, mas não leria esse livro novamente.
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laura 13/05/2022

incrível
tem algo de especial nesse livro. ele fala de muitas coisas ao mesmo tempo. o contexto pre guerra, e quando a guerra estava pra começar? os toques de recolher, os restaurantes fechados com cortinas escuras. isso tudo compõe um cenário único pra uma narrativa sobre relações entre os personagens e deles com eles mesmos. gostei muito do que aprendi lendo essa história. os personagens são bem diferentes e o final é muito interessante.
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