Ale 11/10/2021
Resistência
Apresentando a obra
Luta, desafio, dor, sofrimento; amor, sabedoria, ancestralidade e identidade. Esses termos são perfeitamente separáveis em dois blocos: substantivos de carga semântica negativas e substantivos de carga semântica positiva. Porém, Eliane Potiguara, primeira mulher indígena a publicar um livro, junta genialmente esses termos em sua obra ?Metade cara, metade máscara? com o intuito de mostrar os problemas enfrentados pelos indígenas desde a colonização e ao mesmo tempo exaltar as qualidades desse povo tão marginalizado no Brasil.
Um pouco sobre a autora
Logo no início foi mostrada a trajetória de vida dos ancestrais de Eliane. A autora é bisneta de um indígena que foi brutalmente assassinado no nordeste por defender suas terras. Sua mãe é filha de uma indígena que sofreu violência sexual. É impossível não se emocionar com a história, é extremamente forte (já chorei na primeira parte do livro)
Impressões
Eu não tive muito contato com a poesia e por isso nunca foi meu gênero textual preferido. Porém, a autora utiliza magnificamente a poesia, para mostrar a força dos povos originários que vem resistindo há tempos a várias adversidades. Acho que reformulei a minha opinião sobre poesias após ler esse livro incrível. Além disso, a história de Cunhataí e Jurupiranga, dois personagens em que a trama se desenrola, me despertou ao mesmo tempo emoção e revolta. Eles são separados por uma invasão territorial e sofreram por séculos. Ao final, aqueles meus sentimentos de emoção e revolta se transformaram em lágrimas, quando finalmente aconteceu o esperado reencontro.
Conclusões
Acho que essa obra devia ser leitura obrigatória nas escolas brasileiras, já que, muitas vezes, há uma romantização dos indígenas dentro desses lugares. Já o livro faz o contrário: escancara a realidade vivenciada por esses povos. Portanto, recomendo demais, leiam e se tornem um pouco mais conscientes sobre essa luta que é muito mais do que a gente vê na escola, na televisão e na internet.