Três Contos

Três Contos Gustave Flaubert
Milton Hatoum




Resenhas - Três contos


25 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Guilherme Amin 15/04/2024

Dois contos e um terceiro
Última obra completa do autor de ?Madame Bovary?, ?Três contos? foi publicado em 1877, a três anos da morte do escritor.

A prosa de Flaubert é fluida, agradável e extremamente elegante.

O primeiro conto (?Num coração simples?) elege como protagonista uma empregada doméstica devota e analfabeta. Como aponta o tradutor Samuel Titan Jr. na apresentação do livro, a força desse retrato singular é tratar ?com honras de personagem principal uma figura que, o mais das vezes, seria mais uma na multidão de personagens secundárias que povoam um romance? (p. 9/11).

O segundo conto (?A legenda de São Julião Hospitaleiro?) reinventa a história bíblica de um santo com maestria tal que a narrativa ganha vida própria, sem dependência de pesquisa prévia pelo leitor.

Isso não ocorre com o terceiro conto, ?Herodíade?. Nele, Flaubert narra outro episódio bíblico ? a morte de São João Batista ? de uma perspectiva também particular, mas inteiramente subordinada ao prévio conhecimento do leitor.

Por óbvio, isso não compromete o valor artístico da obra, mas limita o alcance da leitura de cada um. Eu, que pouco conheço da Bíblia, não consegui sustentar o interesse no decorrer desse conto.

Naturalmente, o autor sabia que isso poderia acontecer. Em carta ao escritor Guy de Maupassant, revelou: ?enfim, começarei minha ?Herodíade?. Terminei minhas anotações e agora estou desemaranhando meu plano. O difícil aqui é dispensar, na medida do possível, as explicações indispensáveis? (p. 142).

Particularmente, acredito que Flaubert não apenas sabia que o conto ficaria insuportável se contivesse todas as explicações bíblicas possíveis, como aceitava que essa não seria uma leitura acessível ou interessante a todos.

Ainda assim, os dois primeiros contos são extraordinários e só por si valem a leitura.
Temperini 15/04/2024minha estante
Gostei do 2° conto, quando ele vê o espírito dos animais rsrs




Erich 13/04/2024

Os três contos são religiosos, especificamente ligados à mitologia cristã. Nenhum deles parece carregar um significado por si, mas sim fazer uma descrição do que foi feito e está sendo feito.

O primeiro mostra uma mulher humilde e vemos os "altos" e baixos da sua trajetória de vida. Acompanhamos a insignificância da pessoa.

No segundo conto temos algo que poderia ser interessante, caso não se embebesse novamente de cristianismo que introduz um tom mágico.

O último conto é um retorno ao passado, que carrega para a região de Israel/Palestina e vemos um pouco das disputas religiosas.

Talvez para um leitor mais religioso possa ser interessante. No meu caso ficou bem chatinho, o discurso não combinava muito comigo. Fica-me a dúvida agora se Madame Bovary é realmente agradável.
comentários(0)comente



Luis.Henrique 16/03/2024

Revisitando um clássico
Três contos, três pequenas amostras do talento genial de Flaubert.
Em histórias curtas e concisas como só o conto nos permite, temos todas as características que fizeram de Flaubert o gênio que foi.
comentários(0)comente



Izabella164 03/02/2024

Teressante, eu acho...
Estou com o livro mais famoso dele separado aqui pra ler na sequência. Esse aqui é composto por: Coração Simples (Muito sofrimento), A Lenda de São João Hospitaleiro (folclore, a gente valoriza, só que é católico) e Herodias (mais um folclore, agora bíblico, disparando os gatilhos da EBF). Mas, gente, esse livro como cartão de visita eu fiquei meio assim ?

Tudo bem, o primeiro conto é de partir o coração, me lembrou Germinal do Emilie Zolá. O segundo conto é longo, meio doido mas bom. Pra quem tá aí flertando com o vegetarianismo/veganismo é ótimo. Um empurrãozinho assim...

Agora o último conto, égua... não sei se pq eu deixei de ser crente e Histórias bíblicas me dão gatilho, também não faço ideia porquê esse povo tinha uma fixação com a história de Salomé, até lembro que na pintura tinha uma coisa assim também. De qualquer forma a versão do Oscar Wilde é muito melhor.

Eu não me arrependo de ter lido, acho que é a melhor conclusão que posso chegar no momento. Vou passar um tempo ruminando isso e depois vejo o que achei, mas aí esqueço de atualizar a resenha.
comentários(0)comente



Samuel539 14/01/2024

"A literatura é a arte dos sacrifícios." - G. Flaubert.
Um livro curto e poderoso. Três contos que mostram quem é Flaubert e o que ele é capaz de escrever. Três contos com muitas referências e simbologias cristãs. Os dois primeiros são espetaculares, você não consegue parar de ler, já o terceiro, "Herodíade", apesar de interessante, pois retrata a morte (o assassinato) de João Batista, ele não me prendeu e eu achei muito arrastado.
De todo modo vale muito a pena para conhecer o autor ou mesmo para explorar mais a sua obra.
comentários(0)comente



camila del rio 27/12/2023

Três Contos
uma coisa que eu gostei no clube de literatura clássica é a ideia de mandar livros mais curtos dos autores junto com o livro do mês, porque permite que o leitor se acostume com o estilo de escrita e também com o movimento em que o autor está inserido. dito isso, ?Três Contos? foi uma ótima introdução ao Realismo de Flaubert. as características que o tornaram precursor do movimento são marcantes na obra.
estou muito animada pra começar a ler Madame Bovary, apesar de não ser muito interessada pela literatura realista. a edição do clube é bem bonita e quanto à tradução, espero que siga o exemplo de ?Três Contos?, que estava ótimo.
comentários(0)comente



maria 25/12/2023

Específico
O conto que mais gostei foi claramente o primeiro, o de Felicité. Os outros dois são centrados em figuras da igreja católica, e pessoalmente, eu esperava algo mais original, mas nem por isso deixa de ser bom.
comentários(0)comente



Marcos606 05/09/2023

Um tour de force estilístico, evocando as possibilidades e limites de três vidas, cada uma vivida num momento distinto e significativo de transição histórica, e contando a história de cada vida na linguagem, formas artísticas e perspectivas que cada momento oferece.
comentários(0)comente



Paulo 31/05/2023

Simplicidade genial

São três contos de Flaubert, publicados em 1877.
O primeiro, “Um coração simples”, conta a história da criada Félicité. De origem humilde, ela perdeu pai e mãe desde muito cedo e começou a trabalhar em uma fazenda cuidando das vacas. Aos 18 anos conheceu Théodore, que a abandonara após prometer casamento.
Félicité passou a trabalhar como criada na casa da Sra. Aubain, viúva, que tinha 2 filhos: Paul e Virginie.
Um a um, os entes queridos da protagonista faleceram no decorrer do conto. Primeiro, seu sobrinho Victor, marinheiro que contraiu febre amarela. Depois, a jovem Virginie, que estudava no convento, a quem era muito apegada.
Na sequência, ela passou a cuidar do papagaio Lulu, ao qual se afeiçoara profundamente. O pássaro morreu e foi empalhado. Ela ficou arrasada. Por fim, a Sra. Aubain faleceu aos 72 anos.
A missão de Félicité era servir os outros, o que ela fazia com dedicação e alegria. Talvez felicidade seja isso: ajudar o próximo, desinteressadamente. Ela teve uma vida simples, mas feliz como seu próprio nome. Um conto leve e delicado.
O segundo, “A lenda de São Julião hospitaleiro”, narra a história de Julião, nascido em berço de ouro. Ao nascer, os pais do menino ouviram uma profecia: “seu filho será um santo”. Julião tinha compulsão por matar animais. Matou vários até que numa carnificina ouviu de um grande cervo negro outra professia: “um dia, matarás seu pai e sua mãe”.
Julião, receoso, deixou o castelo dos pais e ganhou o mundo comandando um exército de mercenários. Participou de vários eventos políticos importantes até que se casou com a filha do imperador e parou de lutar. Um dia, tentou voltar a caçar animais, sem êxito. Ao retornar da caçada, por engano, assassinou os próprios pais, que dormiam em sua cama.
Inconformado, Julião largou todos os seus bens e passou a mendigar pelo mundo. Salvou paralíticos de incêndios e crianças do fundo de precipícios. Ao chegar no leito de um rio, construiu uma morada humilde na margem e uma pequena barca e passou o resto da sua vida ajudando as pessoas a atravessarem as águas, sem cobrar nada em troca.
O último conto, “Herodíade”, narra a vida das pessoas próximas ao tretarca Herodes Antipa, que mantinha São João Batista na prisão. O conto explora a repercussão dos milagres de um “um certo Jesus” perante os judeus e culmina com a decapitação de João Batista.
Com linguagem simples, Flaubert mantém a genialidade em cada uma das três histórias.
comentários(0)comente



Alessandro232 08/04/2023

Se você não leu, leia!
"Três Contos" como o título sugere, são narrativas curtas de Gustave Flaubert, o mesmo autor do famoso romance "Madame Bovary". É a demonstração de que Flaubert é também um grande contista. Lendo essa pequena grande obra, você vai entender o que estou dizendo.
Nesta coletânea de contos escrita pelo autor no fim da vida, encontramos uma verdadeira jóia da literatura francesa do século XIX!
É interessante que são histórias que parecem não ter nenhum ponto de aproximação. Mas, ao serem lidas juntas, você compreende que elas se relacionam por meio da exploração de temas.
"Um coração simples" é para mim dos contos mais bem escritos que li ! Parece ser mesmo bem simples os eventos que são contados envolvendo uma humilde empregada doméstica, Felicité - umas personagens mais carismáticas criada pelo autor. Mas, por trás de tanta simplicidade, há muito mais, destacando-se a escrita poética do autor, - é impressionante com ele escreve bem! que consegue descrever imagens que parecem ser cinematográficas. Além disso, Flaubert nessa narrativa consegue criar eventos tão comoventes e "realistas" que não como terminar sua leitura, sem ficar sensibilizado, seja pela caracterização singela de Felicité, ou pela presença de um certo personagem, também muito carismático, que em alguns trechos rouba a cena.
A segunda narrativa "A legenda de São Julião Hospitaleiro" criada a partir de um conjunto de vitrais de sua cidade natal, Roen! também impressiona por sua escrita, com vários simbolismos. Essa história que remonta a época medieval, recriada com maestria por Flaubert, marca inclusão do autor pelo terreno do fantástico, com destaque para uma passagem assustadora que se passa em um floresta, descrita com contornos "góticos". O desfecho, assim como a anterior, é também comovente.
Por fim, "Herotíade", uma recriação de um dos mais famosos episódios do Novo Testamento, que impressiona por sua alta carga de sensualidade e também por personagens envolvidos em conspirações políticas - há nessa narrativa, certos aspectos teatrais que fazem lembrar as tragédias shaspearianas. Novamente, Flaubert nos oferece cenas marcantes até mesmo com pinceladas góticas, com destaque para sua parte final, na qual temos uma combinação inusitada entre Eros (amor erótico) e Tanathos (morte).
Em suma, "Três Contos" traz uma amostra da genialidade Flaubert como contista. Por isso, ela pode servir como porta de entrada para se familiarizar com seu estilo de escrita.
É uma pequena grande obra que merece ser lida todos os leitores que se interessam por literatura clássica. Ou seja, se você não leu, leia!
Sobre a edição. A que li é da editora 34. Ela é caprichada. Tem orelha assinada pela especialista em literatura francesa, Leyla Perrone Moisés. Também tem tradução de Milton Hauton e Samuel Titan Júnior, além de um texto, no qual há uma troca de carta, na qual Flaubert comenta sobre a escritura dos contos.
comentários(0)comente



Livros da Julie 30/01/2023

O primeiro conto vale a pena!
-----
Três contos foi o livro escolhido para dezembro no Clube de Leitura Oh là là, promovido pela @eleonora_ribeiro. Como diz o título, o livro é composto de três textos, que poderiam até ser considerados novelas devido à extensão.

Em "Um coração simples", o autor narra a história de Felicité, criada da Sra. Aubain. Tendo se desencantado do amor quando jovem, Felicité encontra trabalho na casa da Sra Aubain, uma viúva com dois filhos pequenos. Ali a moça levava uma vida tranquila, porém marcada por grandes emoções. Ela sentia um amor verdadeiramente maternal pelas crianças e uma quase devoção pela patroa, fazendo o que estava em seu alcance para servi-la.

Em um texto rico em descrições, Flaubert faz dessa minibiografia um retrato sutil das diferenças de classe e da força emotiva de Felicité. Somos levados a simpatizar imensamente com a personagem e sofrer a cada momento em que ela é ignorada, desconsiderada, desrespeitada ou agredida. Embora Felicité pareça sempre à parte, alheia à atenção e ao amor, vários acontecimentos banais e insólitos movem o seu mundo e conferem intensidade a uma vida dedicada de coração a terceiros. Nas entrelinhas de situações perfeitamente plausíveis e até prováveis, a surrealidade ganha um arremate sensível e poético, que deixa um nó na garganta.

Em "A legenda de São Julião Hospitaleiro", Flaubert narra a intensa vida desse santo, cuja lenda consta do livro Legenda Áurea, de Jacopo de Varazze. Acompanhamos atentos desde seu nascimento ao desenrolar do seu destino, marcado por chocantes profecias e por uma grandiosa diversidade de experiências.

O enredo traz vários elementos interessantes em uma perfeita ambientação medieval, o que instiga a curiosidade. Apegado a detalhes, o autor descreve as cenas de modo tão vívido, e com o uso de vocábulos tão antigos e específicos, que nos transporta imediatamente àqueles locais, nos fazendo sentir as mesmas sensações dos personagens. No entanto, a história é desenvolvida de forma lenta e enigmática, trazendo uma mensagem de difícil compreensão.

Em "Herodíade", Flaubert relata como essa mulher, esposa de Herodes Antipas (governante da Galileia e filho de Herodes), o levou a mandar matar São João Batista.

O autor parte do princípio de que já temos conhecimento dos fatos históricos e bíblicos relativos ao momento e ao período descritos, pois traz explicações tão sucintas sobre pessoas e lugares que não é fácil entender o que se passa na trama. É preciso ter uma noção razoável sobre os personagens e suas origens para poder identificar as referências e o posicionamento de cada um na ação que se desenrola.

De fato, todos os contos, principalmente os dois últimos, transparecem o extenso trabalho e a dificuldade enfrentada por Flaubert na concepção das histórias, como ele mesmo confessou a familiares e amigos em diversas cartas escritas entre 1875 e 1877 a respeito do assunto. O resultado do livro pode não ter sido unânime, mas seu talento está efetivamente embutido em suas páginas.

site: https://www.instagram.com/p/CnnSQlorNxn/
comentários(0)comente



none 20/11/2021

Vale a leitura, releitura...
Comecei a ler Um coração simples deste livro por culpa e indicação de outra de minhas favoritas, Virginia Woolf. Os textos dele sempre deviam ser publicados em edições bilíngues tal a beleza da frase original.
Flaubert proporciona a cada leitura uma sensação de exploração de cada sentimento, cada objeto, cada descrição minuciosa das cores, cheiros, e sons que não cansa, que enfeitiça. Frases curtas e objetivas porém plenas de significados. O segundo conto A lenda de São Julião Hospitaleiro baseada em um vitral da igreja de sua terra (Rouen) é um exemplo disso.
O terceiro conto (ou como estranha e curiosamente informa o posfácio ''novela'') em três partes é um texto histórico literário, Herodíade. Achei o menos interessante, talvez por estar muito empolgado com a leitura (em decorrência da apreciação dos 2 contos anteriores e por me interessar pela temática e personagens transpostos para a tragédia por Oscar Wilde, livro que tinha me agradado bastante).
Lamento que o posfácio tenha se preocupado mais com a análise de Madame Bovary que dos contos deste livro.
Três contos é daqueles livros que quando são reeditados merecem a nossa atenção.
comentários(0)comente



Catarina 19/07/2021

Três Contos
O conto de ?São Julião Hospitaleiro? e o conto de ?Herodíade? são histórias verídicas com toques de ficção.

Já ?Um Coração Simples? é um lindo conto sobre uma moça singela e ?santa? de tão pura e boa. Mesmo passando por poucas e boas ela enfrenta seu cotidiano da melhor forma possível. Uma lição!

A linda edição da Cosac Naify presenteia os leitores com alguns trechos de cartas de Flaubert contando a construção dos contos à família, à amante e a alguns famosos colegas escritores.
comentários(0)comente



Bruno Oliveira 25/06/2021

TRÊS CONTOS RICOS VISUALMENTE
Três contos, de Gustave Flaubert é o livrinho que melhor sintetiza tudo o que há de bom, e de ruim, na sua particular escrita. Seu narrador, nunca é idôneo, isto é, ele nunca “passa o pano”, suaviza a cena, a ação que está narrando; não, ele é categórico, enfático, e muito crítico até – ninguém é lá perdoado. Todos os personagens dos três contos sofrem com seu viés, e isso às vezes é bom, muito bom, e outras vezes não, não mesmo. Flaubert é um escritor que preza demais todos os detalhes, todas as referências históricas possíveis. Suas descrições tanto de ambientes domésticos, castelos medievais e paisagens naturais são de encher os olhos! A imersão é instantânea. Do melhor ao mais ou menos, esses três contos, quase novelas, são ótimos exemplos da capacidade do escritor em criar cenas, imagens fortes na cabeça do(a) leitor(a). Lembra, em muito, Victor Hugo.
comentários(0)comente



25 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR