Coruja 21/08/2019Ganhei esse livro de presente e, de cara quando abri o envelope, olhei para o título, o título olhou para mim e tive de começar a ler imediatamente. Mais um volume de crítica para a estante e mais um tanto de referências com que construir minha própria crítica.
Diferente de outros livros que já recomendei cá no blog sobre o assunto, não indico a obra de Marthe Robert para leigos. O texto é denso, bem teórico e há muita informação cruzada com psicanálise (e eu, que tenho vários pés atrás com Freud, precisei manter a mente aberta no assunto). Ainda assim, achei muito interessante a maneira como Robert trabalha a ideia dos ramos romanescos, divididos em duas categorias: a Criança Perdida e o Bastardo, ligados aos conflitos de identidade do personagem, tendo o
Robinson Crusoé de Defoe e o Dom Quixote de Saavedra como seus paradigmas.
Essa divisão vem de Freud e seu estudo
O romance familiar dos neuróticos, no qual se argumenta que ao se decepcionar com a figura imperfeita dos pais, a criança fabricará sua identidade inventando para si uma família substituta. Em primeiro lugar, se considerará perdida, órfã, criada por si mesma - encontrando assim uma razão para o sentimento de estranheza causada pelos pais. Em segundo lugar, será bastarda, cujo mistério do nascimento esconde suas origens nobres: ela constrói para si uma genealogia de deuses e reis (e achei muito a propósito que Napoleão tenha sido usado para explicar esse conceito).
De novo, não é um texto fácil, mas tem análises muito interessantes. Além de Defoe e Saavedra, Robert investiga figuras como Balzac e Flaubert, no processo explorando a necessidade que o ser humano tem de contar histórias.
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