A pequena Robinson

A pequena Robinson Maria Majerová



Resenhas - A PEQUENA ROBINSON


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Henrique Fendrich 13/08/2021

Embora voltado a um público mais jovem, esse livro de Marie Majerová já começa com alta carga emocional e dramática, pois logo de cara encontramos a mãe da protagonista morta, dentro de um caixão, e a garota perguntando por que ela havia feito aquilo (isto é, morrer).

A garota era filha única e havia chegado há pouco tempo à adolescência. Não estava ainda suficientemente distante da infância para assumir as responsabilidades que viriam com a perda da mãe. E, no entanto, era preciso que assim fosse. O livro conta com páginas da mais pungentes em que essa menina se esforça para descobrir como a mãe fazia para colocar as coisas em ordem em casa. Ela não sabe cozinhar, ela não sabe limpar a casa, ela não sabe fazer nada, pois até então sempre tivera a mãe para fazer tudo isso por ela.

Tenta aprender, mas geralmente isso resulta em muitos fracassos para ela. Mais de uma vez preparou para ela e o pai refeições que não puderam ser comidas porque ela havia errado na receita. Felizmente, conta com um pai compreensivo e amável, mas é realmente bem tocante a maneira como "a pequena Robinson" se desdobra para conseguir substituir a mãe morta.

O apelido da garota alude ao livro do Robinson Crusoé, a sua obra favorita. Ela faz contínuas associações entre o que está vivendo, entre o seu drama e a sua solidão, e aquilo que viveu o protagonista de Daniel Defoe. Tendo ainda muito de criança, a menina deixa a imaginação rolar e por vezes se vê realmente em uma ilha deserta, com os mesmos desafios de sobrevivência que se impunham a Robinson Crusoé. É a sua maneira de lidar com a perda da mãe e com as dificuldades da sua vida. O pai também é arrastado para a imaginação dela.

Devido às novas funções que passou a ocupar, ela precisou sair da escola, coisa que a entristecia enormemente. Ela invejava as colegas que continuavam podendo frequentar o ginásio normalmente. Na escola, havia inclusive um garoto que parecia gostar dela. Esse garoto aparece na casa da pequena Robinson disposto a ensiná-la a andar de bicicleta.

A garota aprende e passa a desejar ter a sua própria bicicleta, mas, evidentemente, não tem qualquer condição de comprar uma. A história vai se desenvolvendo em torno desses motes, com a participação importante de uma vizinha, que passa a ajudar a garota a cozinhar, e ainda um irmãozinho da protagonista, nascido do parto que havia vitimado a sua mãe, e que permanecia quase todo o tempo em uma creche, pois não havia quem pudesse cuidar dele.

Livro sensível e bonito, lembrando por vezes Dickens, às vezes o nosso Erico Verissimo, e que merecia ser filmado e realmente foi, mas, lamentavelmente, nunca chegou a ter uma versão brasileira.
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