Para ser escritor

Para ser escritor Charles Kiefer




Resenhas - Para ser escritor


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Aguinaldo 03/03/2011

para ser escritor
Como já disse o James Joyce (aqui transcrito pelo inigualável Haroldo de Campos) "Eu poderia assentar-me assalvo neste balado da barcarrola até o grasn´ido de Sant´Agarças à horipêndula das poupas, atéolo infim do infhélio no horuscante, jùbilojazendo à carneirosa relampinave, e prestar um semiouvido oniraberto ao tamburlido narcejo dos embuscados tiradores...". Digo isto pois eu poderia assentar-me assalvo deste "Para ser escritor" do Charles Kiefer e apenas dizer que nunca o li ou não o conheço. Mas prefiro registrar aqui que este livro é muito ruim. A edição é até bonita, mas transformou em 160 laudas algo que não deve chegar nem a metade disto. É também um livro requentado, composto por umas quarenta e tantas postagens retiradas de um blog mantido pelo autor e publicadas em 2009 e 2010. A maioria delas são platitudes enfadonhas, de uma banalidade sem fim. Há afirmações que ofendem a inteligência de qualquer sujeito, que podem causar alguma agitação em uma sala de alunos semiletrados, mas que não se sustentam. Dizer que "Escritores não leem outros escritores" foi a que mais me incomodou. O sujeito parece não conhecer Pound, Henry James, J.M. Coetzee, Philip Roth, para citar só quatro bons leitores que também são bons escritores, inclusive de ensaios sobre os outros escritores que leram. Bobagem como dizer que foi Ezra Pound quem leu os originais de Proust e os jogou no lixo, que Shakespeare era um plagiador que seria provavelmente processado se publicasse suas peças hoje em dia ou que após três meses de aulas seus alunos são capazes de apresentar suas produções, aparentam revelar que os textos foram mesmo escritos descompromissadamente para um blog e não sofreram nenhuma revisão crítica posteriormente. Outras bobagens, como chamar de "plasma de elétrons" o suporte físico dos livros eletrônicos só devem mesmo incomodar quem sabe o que é plasma. Paciência. Este é mesmo o tipo de livro que a Dorothy Parker dizia devermos jogar pela janela, com força. [início 20/02/2011 - fim 21/02/2011]
"Para ser escritor", Charles Kiefer, São Paulo: editora Leya, 1a. edição (2010), brochura 14x21 cm, 159 págs. ISBN: 978-85-8044-024-9
Karine 20/12/2011minha estante
Concordo com você, Aguinaldo: esta obra é muito ruim. Sei que Charles Kiefer recebeu algumas premiações literárias, o que o transforma arrogante em alguns momentos (como no dia em que disse não estar acostumado a ministrar aulas para pessoas desfavorecidas financeiramente - referindo-se aos alunos do PROUNI, grupo ao qual eu pertencia), mas estes prêmios nunca irão influenciar meu julgamento como leitora ou meus próprios pensamentos. Tive a decepcionante experiência de tê-lo como professor, quando escutei algumas "afirmações que ofendem a inteligência de qualquer sujeito". O que ele ensina é: "Escritores não leem outros escritores" e leitura de massa é perda de tempo. Não sei se este autor sente alguma mágoa por não ter uma cadeira na academia de letras como outros autores de "massa" da atualidade... mas prefiro algumas "leituras de massas" do que estas denominadas "obras de Charles Kiefer".


Lúcio 04/01/2016minha estante
Obrigado pela esplêndida resenha. Confio nas palavras de Aguinaldo, que soube colocar de forma muito eficiente e bem escrita a obra de Kiefer. Me poupou tempo para que eu lesse outro livro muito melhor. Mais uma vez obrigado e parabéns!!!




Eli Coelho 18/10/2013

Arrogante, narcisista e pedante.
Quem espera um livro que ajude novos autores a desenvolverem seu potencial narrativo um alerta NÃO É ESSE LIVRO QUE DEVEM LER.

O mérito do autor/editora é transformar em 160 paginas o que não daria nem 20. O livro não apresenta nada de sério (por assim dizer), apenas as opiniões pessoais de um autor arrogante e narcisista que se vangloria de ter escrito um livro de poesia aos 17 anos, ter conhecido Mario Quitana e dar aulas num cursinho para novos autores (coitados).

Algumas afirmações insultam a inteligencia do leitor. Noutras soa como pedante. Fica a impressão que o livro só foi escritor para alimentar o próprio ego.

Lastimável :(
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igsuehtam 01/09/2020

Para ser escritor
Esse livro parece uma conversa de escritor para escritor. E ele dá muitas dicas boas que precisam ser anotadas.
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Joana Cabral 08/03/2011

Um livro que não podemos deixar de ler...
O livro “Para Ser Escritor” é uma deliciosa coletânea de micro dissertações, onde o autor pensa a escrita da forma mais genuína e carinhosa possível. Nos traz uma singular visão sobre os novos veículos de escrita como os blogs, por exemplo. Charles Kiefer constrói um pensamento a respeito do tema (no caso, o blog) para, logo em seguida, desconstruí-lo e remontá-lo de forma inteligente esse mesmo pensamento. Kiefer dá um show de cultura geral, abordando simultâneamente a infância, a dor física e todas as nuances do conto, meu “gênero” predileto!
Esse livro traz para o leitor uma luz própria, uma elaboração critica, mesmo que não seja nos moldes acadêmicos, e melhor por isso, acrescentando e muito ao leitor/escritor, uma visão mais ampla e generosa de sua escrita, porque afinal o que vale mesmo é continuar escrevendo.
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Jeffer 14/04/2011

duas estrelas
pouca coisa é aproveitável. parece 1 livro de crônicas (é?). se vc se interessa por teorias literárias ou criativas, existem outros títulos melhores disponíveis. esse foi escrito só pra vender mesmo.
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Luciana Sabbag 10/09/2015

O que você espera quando lê este título e a sinopse deste livro? Que o autor, que é (óbvio) escritor e professor da Faculdade de Letras, lhe dará umas boas dicas para escrever, certo? Então... Não é nada disso. Eu não entendi o propósito deste livro (muito menos dessa capa). Os capítulos não têm nada a ver uns com os outros -- são absolutamente aleatórios. "Para ser escritor" parece um blog no papel. Ele fala sobre literatura, sim, mas muito mais sobre política, curiosidades, casos que não se relacionam em nada com o tema. A vantagem é que Kiefer é ótimo e -- como não poderiam deixar de ser -- os textos são muito bons.
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Eulalio.Hereda 26/03/2017

Necessário amadurecimento para ler esse livro
Tenho que reconhecer, não estou plenamente amadurecido para ler esse livro por inteiro. Não posso desmerecer o autor e a linguagem utilizada no livro, que é muitas vezes difícil de ser compreendida. Vi muitos comentários negativos no Skoob, a avaliação lá embaixo e só fiquei curioso por que vi este livro no blog Tomo Literário, o título desperta o interesse de quem ingressou no mundo da literatura como escritor e deseja adquirir algo mais para se aprimorar.

Eu já imaginava que não seria um livro traçando os passos principais para alguém se tornar escritor ou até mesmo conter exercícios a serem feitos para que sejamos testados se temos a capacidade de escrever ou não. Ser escritor está muito além do que pode ser teorizado. Uma pessoa capaz de contar uma história bem elaborada pode ser escritor se assim conseguir transpor seus pensamentos para uma folha de papel.

Existe no livro algumas passagens que ajudam em nossas definições, por exemplo o que diferencia um escritor de um autor, as diferenças entre crônicas e contos, é feita uma análise sobre os autores iniciantes e sua auto-estima elevada nas publicações iniciais, a necessidade de revisar, rever tudo aquilo que escrevemos e não ficarmos endeusando nossas próprias publicações, ou seja, o ego elevado.

Num de seus capítulos, o autor mostra uma realidade sobre o que escrevemos e achamos original, inusitado, mas que na verdade alguém num passado remoto já escreveu algo bastante parecido. Comenta também sobre plágios. Mas tem momentos do livro que fui incapaz de compreender exatamente o que Charles Kiefer quis passar e isso foi decepcionante para mim, quem sabe daqui mais algumas décadas eu seja capaz de compreender.

Quem adquirir um exemplar não deve criar a expectativa de que sairá com uma receita pronta para fazer um livro, como muitos devem ter pensado quando avaliaram negativamente o livro no skoob. Tampouco se tornará um escritor melhor, imagino eu, pois tudo dependerá da receptividade daquilo que está sendo escrito e para qual público alvo se quer alcançar. Se não tem público, não se tem avaliação.

Se mais alguém leu e quer comentar, por favor o faça!
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Franco 05/05/2022

Um 'clickbait' em potencial
O livro tem sim qualidade, mas tem também um discutível título; afinal, dá a entender um caráter mais de manual, enquanto, na verdade, é bastante cronístico.

Então temos aqui uma porção de crônicas sobre a vida e ofício de escritor. E são crônicas bastante diversas em temática, profundidade e extensão (e algumas são perturbadoramente curtas e simples, não obstante seus títulos e temáticas terem o potencial para páginas mais longas e densas).

E o problema nem é o fato do livro ser em formato de crônicas, mas, na minha modesta opinião, o fato de serem crônicas pouco didáticas. Sabe aquele ânimo com que amantes da escrita literária pegam um livro sobre o tema e já separam post its para irem tomando nota? Então, aqui não se aplica, pois muitas crônicas oferecem pouco, ou nenhum, conteúdo sobre o ato da escrita em si.

O lance é um escritor refletindo sobre a escrita sem muito compromisso em ensinar algo a outros escritores.

E sem falar que algumas crônicas praticamente nada dizem sobre a escrita - o exemplo maior é uma que versa sobre a questão ambiental.

Diria, enfim, que é um livro sim dedicado a escritores em formação, mas cuja leitura mais adequada é aquela rápida de quando se espera um ônibus, aguarda sua vez no dentista, ou se faz antes de dormir.

Vale a leitura, porém bastante ciente de que será uma leitura distante do gênero 'manual de escrita literária'.
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Lucas Ronny 08/06/2020

A vida do escritor é solitária.
Confesso que ultimamente tem despertado em mim uma vontade de escrever algo, peguei esse livro pensando que pudesse me ajudar. Mas o que posso dizer é que ele da apenas alguns toques, e que a visão do autor um pouco complexa e de difícil entendimento para iniciantes.
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Carina 23/09/2013

Se não fosse machista, seria ótimo
A obra, constituída de capítulos curtos, por vezes não dá a profundidade devida a alguns temas. No entanto, não se pode negar que se trata de um livro bem escrito, com bom embasamento. Além de recorrer a teorias e a leituras diversas, Charles Kiefer usa exemplos de sua carreira de professor de produção literária.

O que mata o livro é a frase "No concurso literário da vida, nascer homem já é mais que meio caminho andado.". É só uma oração em meio a uma obra de mais de 100 páginas, mas é o suficiente para jogar por água abaixo a credibilidade do autor.

Além desta pérola machista, alguns trechos do texto também deixam perceber um certo tom elitista e superior. Uma pena.

O aluno que sacraliza o próprio texto, que contempla demais a própria imagem, que não aceita a crítica, está fadado a ter o mesmo destino de Narciso – fenecer de inanição à beira da fonte.

Outros, menos vaidosos e mais abertos à dialética do desenvolvimento, serão capazes de ir mais longe, de produzir obra mais sólida, de construir carreira mais consistente.

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Narrar é um des-velamento. Desencobrir o que estava velado, no mundo e em si mesmo, e re-velar, tornar a cobrir de véus o que estava evidente, esconder outra vez. Esse duplo movimento, de fazer aparecer e de fazer esconder – o excesso de luz também impede de ver –, é a essência do bom conto. Na poesia, essa dialética melhor se mostra. Na prosa, a luz difusa e homogênea do verbo desgastado pela cotidianidade também permite ver, mas superficialmente e sob um mesmo tom monocromático.

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Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.

Num concerto em Paris, Franz Listz tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas – como se verá – relativos). A plateia, formada por um público refinado, culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com impaciência.

Listz tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis, depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro, incapazes de suportar música de má qualidade.

Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.

Listz, no entanto, registraria, conforme Stanley Edgar Hyman, em The armed vision, citado por Antonio Candido, que um erro tipográfico invertera no programa do concerto os nomes de Pixis e Beethoven...

A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.

Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.

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A arte não imita a vida. Ela produz outra vida.

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Talvez não seja possível ensinar a escrever; mas é plenamente possível ensinar a aprender a escrever. Um escritor – ou um aluno que não é um eterno aprendiz – é um escritor ou um aluno que não se contenta em ser simulacro de si mesmo.

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Elias Canetti não quis, jamais, render-se ao adjetivo, como o fez Proust, porque orientalizaria o estilo. Canetti vê o adjetivo como pedra preciosa, enfeite, adorno.

Para Alejo Carpentier, o adjetivo é a ruga do texto, capaz de envelhecê-lo prematuramente. E o escritor que o usa em demasia, um tintureiro do estilo.

Floreio, maneirismo, ourivesaria. Mas, mais que isso, penso que o adjetivo trai a ideologia do texto. E, nesse sentido, é necessário, é divertido, é sociológico.

Ao usá-lo, o narrador indica preferências, expõe preconceitos, deixa as impressões digitais de seu espírito sobre a matéria transparente das substâncias.

Como leitor, mais que um receptor de relatórios, quero ser investigador, inquiridor. E os adjetivos são as provas indiciais dos maus autores. Mas, usados por um Jorge Luis Borges, os adjetivos se convertem em poderosas armas estilísticas.

Se olharmos para o adjetivo como sintoma, indício ou marca, e não apenas como apêndice do substantivo, ele pode deixar de ser o saco de pancadas do estilo.

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Não há escritor que não se debata com a difícil questão dos títulos de suas obras, sejam elas poemas, crônicas, contos, novelas ou romances. O título faz a primeira ponte com o mundo, é o primeiro gancho de interesse, a primeira luz do farol no nevoeiro. A obra está lá, enrodilhada em si mesma, mas escondida, e é preciso uma etiqueta, um visgo ou um guizo para que ela seja percebida pelo possível leitor. Nesse instante, o autor defronta-se com uma questão ética – ser fiel a si mesmo e à obra ou a esse fátuo e imponderável leitor.

O leitor é uma abstração. Só existe em potência. Cada uma das partes envolvidas no processo de criação e produção do livro idealiza um leitor. Assim, há o leitor ideal do autor, como também há o leitor ideal do editor, do distribuidor, do livreiro. E lá no fim do processo, há o leitor real, raro e esquivo, soterrado sob uma avalanche infinita de títulos. Vigiando a todos, como uma esfinge hierática e fatal, sorri o Mercado, esse deus insaciável, que controla o Portal da Cidade do Livro e que deseja títulos vistosos, agradáveis, comerciais.

***
Por esse motivo, mesmo professores de literatura têm dificuldades em definir conto e crônica.

A principal diferença centra-se na figura do narrador, persona que a mímese instaura. (Reconheço que as teorias mais recentes sobre o poder de duplicação da linguagem — nomear é criar outra realidade — podem ser o calcanhar de Aquiles de uma tese que se centre neste elemento estrutural da narrativa, já que o eu que se diz no texto não é o eu que existe no mundo concreto. Logo, mesmo quando emite uma opinião pessoal, o autor cria um autor que não é o autor real. O argumento, derivado das noções lacanianas, implode a noção de sujeito da enunciação, sobre a qual a crônica se constitui. Para não instaurar o caos, é necessário aceitar que o sujeito da enunciação que fala na crônica é socialmente reconhecível, responde juridicamente pela sua opinião, enquanto o narrador, que se dá a conhecer num conto, é uma máscara, um papel, e nenhum tribunal condenaria um ator por fingir ser. Ao menos não nas democracias ocidentais).

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Davi Arrigucci Jr., por exemplo, estudando Rubem Braga, determinou seus contornos: “um ser moderno, constantemente estremecido pelos choques da novidade, de consumo imediato, a refletir as inquietações do desejo sempre insatisfeito, as violentas transformações sociais e a futilidade e fugacidade da vida moderna”.

Nesse sentido, a crônica seria ainda a cristalização do espírito das grandes metrópoles do capitalismo industrial contemporâneo, como o romance foi a contraparte artística da ascensão da burguesia no século XIX.

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Alguns escritores entram na vida da gente com estardalhaço, arrancam portas, destroem preconceitos, iluminam regiões obscuras de nossa consciência com o poder das tempestades. Outros se instalam aos poucos, como se nos visitassem e a cada visita fossem demorando-se um pouco mais. Em lugar dos raios, trazem uma lâmpada de querosene, ou uma vela.

Friedrich Nietzsche invadiu minha adolescência com violência, estraçalhou minha fé romântica e messiânica. Mas passou, como um vento do Norte, e trouxe depois a longa chuva da melancolia. Dos escombros da fé, tratei de salvar um jeito enviesado de observar o mundo, em que misturo um niilismo reticente a um misticismo inócuo. Penso que o Nada é o destino final de todo o Universo, mas não deixo de parar, de vez em quando, em algumas estalagens que vendem ilusões de eternidade. Saio delas como o turista experimentado, consciente de ter comprado quinquilharias, mas e daí? Nas noites borrascosas, seu brilho falso sobre a cômoda será uma presença, e uma saudade.

***
Desde sempre, me recusei a aceitar, no que cabia a minha própria obra, essas categorizações que chamavam de literatura regionalista aquela não produzida fora do eixo Rio-SP e sempre insisti que essa era apenas uma questão econômica, de fluxo de capitais e de informações. Se o dinheiro escorre do centro para a periferia, leva consigo, como numa enxurrada, os valores socioculturais do local de onde flui.

***
Usei 43 anos de meus 50 em aprender e, hoje, sou professor. E um professor só pode ensinar depois de gastar seu tempo, sua vida, suas emoções, seus sonhos e suas esperanças em aprender.

E eu aprendi, com os gregos, com os romanos, com os judeus, com os árabes, com os orientais e com os ocidentais, que aprender e ensinar são uma coisa só, que não ensina quem não aprende, e que não aprende quem não ensina, e que só se aprende e se ensina cidadania.

Para a aquisição de informações, para o conhecimento da tradição cultural, basta a pesquisa em bibliotecas e computadores. Para isso, para a simples transmissão de conhecimento, os professores não são mais necessários.

Professores são, sim, necessários para a formação dos valores, da ética, da solidariedade e do respeito, da sensibilidade e da dignidade.

***

Entre as muitas teses que se tem a respeito do conto e de seu processo de composição, há uma que em mim se consolida cada vez mais.

Um conto deve ser pensado longamente, mas escrito rapidamente.

Não importa o tempo que se leve depois, a retocá-lo, a reescrevê-lo.

Durante 32 anos (isso mesmo, 32 anos) acalentei a ideia de um conto. E, depois de três décadas a observá-lo, a pensá-lo, arranquei-o de mim. Chama-se A arara vermelha.

Escrever contos é como pintar paredes. Se interrompemos a pintura, para continuá-la num outro dia, ao retomá-la, restarão as marcas das junções. A tinta seca e a tinta molhada não se acertam.

Um conto é um meteorito. É preciso que viaje longamente pelo espaço do imaginário, para incendiar-se, subitamente, ao entrar em contato com a nossa atmosfera.

E essa sensação é impagável: fazer um bom conto, e que agrade, em primeiro lugar, ao exigente leitor que temos dentro de nós. Não venderá nada, não será lido por ninguém, mas não importa.

Toda beleza é inútil. E é bom que seja. É a nossa última trincheira, nesse mundo em que tudo vira mercadoria.

***
Diego Lops 17/06/2017minha estante
"No concurso literário da vida, nascer homem já é mais que meio caminho andado."
Curiosíssima essa tua interpretação, que viu "machismo" na frase.
A frase é justamente uma pincelada de crítica a um universo que favorece os homens. Ele não escreve a frase com intuito de contar vantagem ou estabelecer uma superioridade inquestionável, mas justamente para apontar algo que, embora seja injusto, é um fato.




Thiago.Nascimento 06/04/2016

Esperava mais
O autor brasileiro Charles Kiefer é escritor e professor de escrita criativa na PUC-RS e orientador de oficinas literárias particulares.O livro aborda varias questões da vida de um escritor de forma simples e com textos bem rápidos, alguns com apenas uma pagina. Apesar de parecer, esse livro não é para quem esta procurando orientação no processo de escrita, ele não vai abordar técnicas narrativas, criação de personagens, ambientação ou etc. O livro, de uma maneira simples de dizer, fala sobre: O plagio, trilogias, paixões literárias, sobre as mulheres de escritores e varias outras duvidas que rodeiam a vida de um escritor, seja iniciante ou não. Como já disse aqui, os textos são curtinhos, tem um tom meio irônico do autor, é leitura fácil... quando você percebe já acabou. É interessante? É. Realmente eu esperava mais informações úteis, mas me senti num bate papo descontraído com autor.
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Lizzmarcella 10/07/2016

Ao iniciar esta leitura, não ambicionei nem por um instante, encontrar um manual literal dos passos a seguir para obter êxito na escrita. Primeiro, porque acredito que fórmulas não funcionam na arte, e segundo, porque não tenho a convicção necessária para tal ofício.
Busquei simplesmente satisfazer uma curiosidade literária, extrair algo de prático para a vida, onde sempre estamos precisando escrever alguma coisa. Quem sabe até me sobreviesse um momento de inspiração, não é mesmo? Mas o livro não é o que eu esperava.
Incialmente, o autor disserta abstratamente sobre o processo de criação, leitura como uma forma de arte, necessidade do escritor acumular um razoável repertório de leituras, tipos de textos, sua experiência como professor etc. Kiefer também comenta que seremos mais originais quanto menos auto-referentes formos, só que... esse "Para ser ser escritor" É UM POÇO DE AUTO-REFERÊNCIA, algumas até sem relevância pro contexto, apenas observações pessoais do cotidiano.
Decorrente disso, do meio pro fim, começo a ter a incômoda sensação de estar lendo um livro de memórias, diário, blog, sei lá, olho a capa do livro mais uma vez e me pergunto: aonde ele quer chegar? Em alguns momentos, não fica claro. Aliás, a junção de textos aleatórios aglutinados como que "para encher linguiça" é um ponto negativo da obra. Parece que não atinge o auge, e pior, termina deixando a sensação de que faltou apreender o principal: o que raios é necessário para ser escritor? Sim, porque ele demonstra o muito que sabe, no entanto, não exatamente ensina.
Mesmo assim, eu não diria que o conteúdo é ruim (inclusive, adorei o capítulo sobre pessoas oblíquas, que reflete algumas experiências minhas); apenas creio que tudo assentaria melhor sob outra ótica: SOBRE ser escritor ou VIDA de escritor, por exemplo. A ironia dessa minha opinião é que tem um capítulo inteiro falando sobre Títulos e sua importância para "prenunciar o que uma obra contém", e atestar a "fidelidade e coerência" de um autor em relação à própria obra. Vai entender...
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Douglas Lima 31/10/2016

O problema desse livro é o título
Como eu disse o problema de livro é o título. Pois muitas pessoas querem lê-lo a procura de um manual com dicas e informações para ser um escritor. Mas esse livro não terá informações e dicas que muitos procuram e sim reflexões e pensamentos do autor em relação a profissão do escritor. Para mim o livro deveria se chamar só Um escritor.
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Zaira Verena 06/05/2017

Um livro para refletir sobre ser escritor
O Charles Kiefer compartilha suas experiências de professor e escritor faz uma apresentação à profissão, definindo sobre o que é ser um escritor. O que enfrenta, sobre aflições, conflitos internos e externos. Comenta o básico em pequenos capítulos sobre processo criativo e suas estruturas. Indicado para escritores iniciantes que querem estudar sobre o ofício, ter o primeiro contato com livros de técnica de escrita.

site: https://officeliterario.wordpress.com/
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