Dudu 06/07/2016
10-24 Excelter Club, 10-12. Possível 01
10-24 Excelter Club, 10-12. Possível 01
Esse é o teste de fogo para Tony Drascko, o agente que pleiteia sua efetivação como CSA, Crime Scene Analyst (Analista de Cena de Crime) do laboratório de criminalística de Little Rock (EUA). No caso, Tony e seu parceiro CSA se envolvem na investigação de um assassinato em um clube de Jazz e Blues da cidade. A vítima é um mito moderno da guitarra do Blues (comparado por alguns à B.B. King), que foi encontrado morto em seu camarim. O caso se torna cada vez mais complexo quando outros crimes acontecem e a dupla tenta, de alguma forma, descobrir se há algum elo entre os autores de cada crime ou se estariam eles lidando com algum tipo de serial killer.
O autor encaixa ao longo da história muitas informações forenses, detalhes que vão desde um banco de dados de DNA até a composição e ação do luminol, e de como e quando este deve ser aplicado numa cena de crime.
“O composto principal do luminol é o C⁸H⁷OᵌNᵌ, um pó feito de nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e carbono. O pó é misturado com líquido que contém peróxido de hidrogênio (H²O²), um drióxido (OH¯) e outros produtos [...], para se produzir um brilho forte é necessário um catalizador para acelerar o processo, no caso, a hemoglobina do sangue”.
Pág. 32
Trechos como este tornam a obra muito informativa, são técnicas maneiras que chegaram a me dar vontade de sair por aí para analisar alguns corpos e rastros de sangue, sério... mas com certeza eu desmaiaria.
A trama é bem envolvente e há doses de mistério do começo ao fim. O turno de Tony é o graveyard shift (plantões de noite que avançam pela madrugada), ou seja, quase tudo se desenrola em meio a escuridão e, às vezes, em lugares que eu não colocaria os pés de jeito nenhum. Sobre os suspeitos, para mim foram vários, poxa... uma roleta de nomes se passou pela minha cabeça... Shrek? Fiona? Fiona? Mamá? Harold? Burro? Caramba, quanta gente, e por um instante suspeitei até de mim mesmo. E foi assim mesmo, Sérgio Pereira Couto não nos dá dicas claras sobre os suspeitos tão cedo, o que torna a leitura mais emocionante quando martelamos a mente procurando descobrir quem está por trás de tudo.
“[...] Por que será que, quanto mais se descobre sobre as naturezas sombrias das pessoas, mais se sente atraído por elas?”
Pág. 253
Em alguns momentos durante a leitura, cheguei a imaginar que o público alvo de Pereira Couto é composto por peritos de investigação e fãs da série CSI. Não consegui compreender algumas informações forenses contidas no livro. Há também alguns trechos em que a leitura meio que se arrastou, logo em algumas abordagens históricas sobre as técnicas sofisticadas de investigação (logo eu que tanto amo história e abordagens históricas sobre qualquer coisa). Confesso que passou pela minha mente nada criminosa uma leve vontade de abandonar o livro devido à alguns trechos que empurrei as páginas com a barriga, mas preferi encarar essas passagens do livro como se fossem túneis ao longo da estrada rumo ao litoral que, às vezes, me privam do sol e da paisagem. E valeu a pena ir até o final.
“Temos evidências que o colocam na cena do crime de Craig Methers [...], mas sei que você não teve nada com o caso. Precisamos de detalhes. Por isso, se quiser nos ter do seu lado quando a polícia vier interroga-lo, é melhor fazer um acordo informal comigo...”
Pág. 133
Tony Drascko é brasileiro e vive em Little Rock com seus tios desde que seus pais foram mortos durante um assalto quando ainda vivia no Brasil. Outros personagens são Colin Wojak, comissário da polícia de Little Rock e tio de Tony, o supervisor Jeff Nelson, Jennifer Perez, Herbert Greenie e também o psicólogo Dr. Mendes, também conhecido como “Hannibal, o bom”, entre muitos outros. Cada um com uma personalidade, conhecimentos específicos e objetivos diferentes.
“Blues é fácil de tocar, mas difícil de sentir”
Jimi Hendrix
Pág. 66
O mais incrível de tudo na história de “Mentes criminosas”, é que existia meio que um romance que se revelava, o que de certa forma marcou o livro. E, a cada capítulo, uma citação ou trecho dos astros dos Blues que trazem ao leitor um pouco dos mistérios e lendas por trás dos grandes astros desse gênero musical. O livro foi bem escrito, em geral a leitura é bem leve, mas para um termo ou outro tive de recorrer ao dicionário, o que não é ruim. Nunca é ruim agregar novas palavras ao nosso vocabulário e também se envolver com boas histórias como essa, então... boa leitura!
site: http://www.sociedadedosleitores.com.br/2016/02/resenha-mentes-criminosas.html