F. Pierantoni 24/04/2012Em ChamasFinalmente, o segundo livro da série Jogos Vorazes (Editora Rocco) aporta no Brasil. Foi uma espera árdua, mas enfim podemos acompanhar Katniss e companhia na sequência da história que, para mim, veio a ser a melhor série de ficção desde que Harry Potter conquistou nossos corações, uma década atrás. Como se sairá Em Chamas perante o reflexo impecável de Jogos Vorazes? Como manter o ritmo da série depois dos Jogos? É hora de descobrir.
O volume dois começa de onde parou o primeiro. Nas últimas páginas de Jogos Vorazes, Katniss percebera que o fim dos Jogos não significava sua segurança. Nem de longe. Sua batalha para sobreviver não está para terminar e as perspectivas não são nada boas. Seu desempenho no reality show gerou efeitos incalculáveis em Panem e há pressões por todos os lados. Rumores de uma rebelião começam a se espalhar como fogo e Katniss parece ser a única capaz de findá-los – ou aumentá-los.
A princípio, eu não sabia como esse livro funcionaria. Os Jogos foram parte tão importante do livro um que, com o término da edição envolvendo Katniss, tinha receio de que a trama fraquejasse sem sua espinha dorsal. Esse temor, porém, mostrou-se completamente infundado. Mais uma vez, a história flui de forma poderosa, ágil e profundamente emotiva. Os Jogos Vorazes se mostram ser apenas a ponta do iceberg e Katniss, mesmo fora da arena, é desejada morta pela Capital. Ao mesmo tempo, ela precisa cuidar não só de si mesma, mas também de seus entes queridos, lutando debilmente para filtrá-los de todos os perigos trazidos por sua posição de símbolo de uma rebelião.
Suzanne Collins segue genial e sua trama é tão imersiva quanto antes. As surpresas continuam a nos atingir como flechas e, uma delas, é absolutamente inesperada. Num primeiro instante, cheguei a sentir-me traído e enganado pela autora, mas, logo, essa mágoa se transformou em admiração. Ao fim da obra, depois de aturdir-me com seu impactante gancho final – que gancho! –, meu desejo persiste: espero, algum dia, ser capaz de escrever tão bem quanto Collins.
Tal qual Jogos Vorazes, Catching Fire é uma obra-prima. Minha identificação com o volume um ainda me faz preferi-lo, mas este segundo título é certamente do mesmo nível do primeiro. Ou seja: maravilhoso.
Sobre a edição brasileira, cabem algumas notas. A tradução de Jogos Vorazes teve muitos acertos – a permanência dos nomes oficiais dos personagens e a própria tradução do título, muito melhor do que o original (os portugueses ficaram com Os Jogos da Fome). Todavia, erros graves também aconteceram, como traduzir o pássaro fictício mockingjay por tordo (um pássaro que já existe!), e a tradução do apelido Katniss “Girl on Fire” para Katniss “A Garota Quente”.
Em Em Chamas, o abominável tordo continua, mas leitores apreciarão a aparição de Katniss “A Garota Em Chamas”, assim como alguns toques curiosos de brasilidade, como uma ocasião em que Katniss ganha pães de queijo como presente. Não obstante, observei pelo menos um caso de eufemização da violência, quando o tradutor traduziu o que seria “lutando para manter seus intestinos para dentro corpo” para, simplesmente, “apertando seus ferimentos”. Além disso, a sinopse na orelha do livro é péssima, pois consegue não só estragar o final do livro um (a sinopse americana infelizmente também o faz), mas também estragar o grande barato desse livro dois. Então, termino essa resenha implorando para aqueles prestes a comprar Em Chamas que o façam sem perder tempo, mas que não olhem para a sinopse até o virar da última página.
--
Gostou da resenha? Quem sabe você também goste do meu livro.
Descubra novos mundos em O Diário Rubro.
http://odiariorubro.com
site:
Conheça o livro e leia os primeiros capítulos