Manual Prático do Ódio

Manual Prático do Ódio Ferréz




Resenhas - Manual Prático do Ódio


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Marieli 09/12/2010

Como a crítica já afirmou, a violência explode em Manual Prático do Ódio. Assim como os personagens, o leitor fica tenso, esperando encontrar a tragédia na próxima esquina.
Mas, o que torna o livro angustiante é o ambiente de pobreza e alienação em que estão imersos Aninha, Celso Capeta, Neguinho da Mancha-Na-Mão, e outros habitantes da periferia criados pelo autor. O assalto a banco que se planeja tem um objetivo que todos perseguem: mudar de vida. E não pelo estudo ou trabalho, pois essa opção nesse mundo é inexistente.
Quem trabalha e/ ou estuda, não conseguiu sair do Capão Redondo, e se tem a consciência tranquila, seus motivos de angústia são outros: o salário miserável, a degradação de suas vidas. Os protagonistas optam por ascender e realizar seus sonhos (às vezes, pequenos) pela via ilegal. Sonhos, em geral, materiais: casa, moto, carro, roupas, negócio próprio.
E no desenrolar dessa ação, os ícones de uma cultura do consumo se revelam: o shopping, as lojas, a casa bacana do Mágico, um apartamento de luxo. Por outro lado, a citação de um filme sanguinolento representa uma das poucas formas de entretenimento destinada ao pobre: a de pior tipo, sem conteúdo e mil vezes repetida. Esse filme é oferecido como uma forma de escapismo, de ópio, assim como o uso de drogas.
Mas mesmo isso não é suficiente para conter a revolta. É contra o sistema, mas para obter o que o próprio promete, que os protagonistas se dirigem em seus "corres".
Voltando a outro aspecto, se houve em algum momento da nossa História, a convivência "pacífica" entre ricos e pobres, em que aqueles praticavam a caridade e/ ou apadrinhavam esses, o livro capta a ruína dessas práticas. Não há ajuda por parte da moça rica ao menino que vende rosas, e a desconfiança se instaura na relação patrão/ empregado.

Um livro tão pertubador quanto verdadeiro, de um mundo que às vezes não parece o seu, mas que tem endereço certo. Está ali em Capão Redondo, periferia de São Paulo. E ainda é a representação de qualquer comunidade pobre urbana dos nossos tempos.
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@moniquebonomini 21/09/2020

Sobre brasis
Muita gente acha o livro muito "pesado", muito "violento" mas a real é que dói saber que esse Brasil existe. Um livro que retrata a rotina de violência da periferia de São Paulo, que revela o que há por trás dessa violência, não como justificativa mas como consequência. Que necessário!
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PorEssasPáginas 29/05/2014

Em outras palavras: Manual Prático do Ódio - Por Essas Páginas
Na coluna Em outras palavras, temos novamente uma resenha do Felipe, dessa vez de um livro nacional da Editora Planeta. Vamos saber o que ele achou da leitura de Manual Prático do Ódio?

Manual Prático do Ódio, apesar do título, é um livro apático, que não desperta emoções e apenas recicla idéias, sem nem ao menos vomitá-las em uma roupagem diferente. Explico.

O livro é centrado na história de Lúcio Fé, Aninha, Régis, Celso Capeta, Neguinho da Mancha e Mágico, personagens cercados pela violência da periferia, que têm seus caminhos cruzados de acordo com Régis “se não colasse com eles, bateriam de frente e em vez de dividir era melhor somar”. Todos os personagens têm uma parte em cada capítulo destinada a eles, assim como cruzam entre si e também temos outros personagens secundários que ganham seus cinco (ou mais) minutos de fama.

Nos primeiros capítulos somos introduzidos aos personagens principais, mas honestamente o único com o qual realmente me importei foi Régis; um personagem que começou sem brilho, bem quietinho, bem igual aos demais, porém que termina a obra de uma forma bastante dramática. A ascensão do personagem foi inesperada e muito bem vinda num livro que, de resto, foi só pasmaceira.

O grande problema de Manual Prático do Ódio é ele não ter nenhum elemento original. Se você já assistiu Cidade de Deus, Salve Geral, Subúrbia, Tropa de Elite e filmes do gênero, você já leu esse livro, já se deparou com seu conteúdo e, provavelmente, já sabe do que se trata. Resumidamente é a história de seis malandros tentando sobreviver com dinheiro fácil e risco alto, de quaiquer formas que o crime possibilitar. Mesmo assim, poderia ter sido escrita de forma original ou cativante, o que não acontece. Em vários momentos temos apenas com o cotidiano violento dos personagens, e isso ocorre tão repetidamente que desensibiliza o leitor; você anseia por mudança, por algo diferente de tiros, drogas e sexo, mas a trama não avança de forma alguma. Entendo que talvez essa tenha sido uma forma de o autor demonstrar justamente o quanto estamos desensibilizados em relação a esses temas, mas ele não fez corretamente. Poderia ter sido melhor, poderia ter envolvido melhor o leitor, desenvolvido mais seus personagens.

As vozes dos personagens foi algo que me confundiu inicialmente por serem todas iguais, principalmente pela excessiva falta de pontuação. Outra falha do livro são personagens secundários que poderiam ter sido melhor aproveitados, como Valdinei, o matador e vingador da favela, que merecia ganhar mais algumas partes em diferentes capítulos no lugar até de alguns personagens principais, como Lúcio Fé e outros menores, como Nego Duda (bucha de canhão).

Ao invés de mostrar uma ótica diferente daquela excessivamente exposta na mídia, impactando e educando seu leitor para a verdadeira realidade desse tipo de vida, o autor apenas criou nada mais do que um zoológico de violência, no qual somos meros espectadores e não podemos deixá-lo até acabar o livro. Faltou humanização nessa obra. E também faltou uma revisão mais crítica, que cortasse cenas que não acrescentarem em nada à obra.

Felizmente existem algumas redenções, especialmente quando a trama da história efetivamente anda no livro e as consequências colhidas pelos protagonistas são devastadoras. É nesse momento que é possível perceber a teia de acontecimentos que o autor traçou e como, realmente, violência gera mais violência. O desfecho da história culmina também com a evolução do Régis e Modelo, o primeiro passa a ser efetivamente O personagem do livro, e o segundo torna-se uma ameaça considerável, assim como os demais personagens tornam-se um pouco mais humanos, principalmente pelo fato de estarem fazendo alguma coisa concreta, mesmo que seja ilegal. Destaque também para José Antônio, um dos poucos personagens corretos do livro e que possui um final emocionante. Posso dizer que enquanto Régis me impressionou pela evolução, José foi o único do qual eu pude tirar uma lição.

Talvez o livro agrade a outros leitores. Talvez fosse melhor se passasse pelas mãos de outro revisor. Mas livro bom não fica só no talvez.

site: http://poressaspaginas.com/em-outras-palavras-manual-pratico-do-odio
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Bagunça das gavetas 23/03/2023

Tão real
Ferraz sendo incrível e eficaz como sempre!
Direto e muito bem construído, um retrato real e bem contado do cotidiano e dos males que todo favelado enfrenta!
Muito bom!!
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Antonio Maluco 19/07/2022

Favela
O livro conta histórias de personagens reais da favela paulistana e esse livro tem capítulos longos mas mesmo assim daria um ótimo filme ou seriado nacional pra nós fãs desse livro
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Henrique 06/07/2010

É o terceiro livro que leio de Ferréz. Entretanto é o primeiro romance que li.
Um livro com a temática parecida com tudo o que é produzido na chamada "literatura marginal". Trata a respeito da criminalidade motivada pela pobreza urbana.
A linha do romance envolve vários personagens com diversas histórias diferentes, diria que são representativos de arquétipos da periferia urbana: "bandidos" que matam pelo dinheiro, que matam pela fama; policiais corruptos; pessoas que não fazem parte do crime e tentam ganhar a vida honestamente, entretanto e por isso mesmo estão desempregados. É muito parecido com "Graduado em Marginalidade" de Sacolinha.
Por mais que tenha um estrutura, digamos simples, é um livro que com o tempo se torna muito envolvente, justamente por ser um livro de e com ação, momentos marcantes e que assustam para o leitor comum da classe média.
E possui aqueles típicos momentos marcantes dos grandes livros, o menino pobre que vende rosas e a moça do carro importado não possui troco, apenas notas de 50. O menino lhe entrega de graça para a moça e em retribuição a moça lhe entrega seu cartão dizendo que: "quando precisar de alguma coisa, é só ligar!". Mas quando o menino liga, não é bem assim...
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Leituras do Sam 26/04/2017

Na tentativa de apresentar o cotidiano da periferia e de seus moradores, Ferréz cria uma narrativa vertiginosa, cheia de violência e personagens com seus passados sofridos que os humaniza e "explicam" suas ações atuais.
A avalanche de violência só cresce e temos um final previsível, mas que nos faz entender o título do livro.
Cheio de clichês e de personagens mal aproveitados, o livro cansa e deixa a sensação de que um conto poderia ter servido melhor para contar esta história.

@leiturasdosamm
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wallace_thx 12/10/2020

Decepcionado
Acompanhei o Ferréz por anos atrás da mídia, entrevistas na TV, depois no Youtube e etc.
Sempre achei curiosa a forma como ele abordava e falava de literatura e por isso me interessei pelo trabalho dele. A primeira coisa que consegui ler dele foi o conto que consta na coletânea "São Paulo Noir" que não me agradou muito, mas ok, vamos ver um romance.
Cheguei em Manual Prático do Ódio, primeiro romance que dele que li. Me decepcionei, sinceramente esperava muito mais. Explico o porque de minha decepção: O livro se passa quase inteiro com um narrador falando tudo, tudo mesmo. Existem poucos diálogos, eles são todos narrados, não tem uma divisão muito boa de tempo, por vezes fica confuso. Além disso os personagens não são bem delineados, apesar da tentativa de aprofundar cada um dos perfis, não funcionou. Me esforcei para terminar e acabou com gosto de não quero mais.
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Cristiane 05/03/2021

Resenha de Manual Prático do Ódio
O livro é um verdadeiro soco no estômago. Sua linguagem é agressiva e rápida. Nele acompanhamos Lúcio Fé, Aninha, Régis, Celso Capeta, Neguinho da Mancha na Mão e Modelo. Eles planejam a correria certa, que é o assalto perfeito. Nesta obra encontramos o distanciamento social criado pela escravidão e o capitalismo. Não há julgamento dos personagens apenas uma narrativa que tenta compreender sua lógica: a da violência. É um clássico.
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ricardo_22 10/03/2014

Resenha para o blog Over Shock
Manual Prático do Ódio, Ferréz, São Paulo-SP: Planeta, 2014, 272 páginas.

As grandes cidades, em especial as periferias, se transformaram em cenários para disputas por interesses próprios e que podem, de alguma forma, mudar a vida de quem é capaz de tudo para conquistar seus objetivos. Lúcio Fé, Aninha, Régis, Celso Capeta e Neguinho da Mancha na Mão são apenas algumas das pessoas que representam os mais pobres e enfrentam diariamente a opressão imposta pela sociedade de um modo geral.

Em um livro recheado de assassinatos e dificuldades, encontramos o que de mais real existe nas periferias: a violência, a corrupção que une os antagonista e aqueles que deveriam exercer o protagonismo, a ambição por uma vida melhor, o rancor e as inimizades entre os que buscam vencer e se destacar.

“O justiceiro cumpriu seu papel, o urubu que o Estado aplaude fez sua obrigação, um maloqueiro a mais apareceu caído pela manhã, com os braços abertos, sem camisa, de chuteira, com um shortinho azul de cordão branco, com as pernas retas, o rosto virado, o sangue já endurecido misturado com o barro, quem olhasse de longe juraria que era somente uma criança, que devia ter muitos sonhos” (pág. 158).
Apesar de estar fora da grande mídia, Ferréz é um dos mais importantes escritores de sua geração e ficou conhecido por sua ligação com o movimento Hip Hop e por representar a chamada literatura marginal. Em seus livros, o escritor paulistano mostra a realidade das periferias da maior metrópole da América Latina de forma crua e inspirada em fatos comuns no cotidiano da população mais pobre.

A leitura de Manual Prático do Ódio sugere que a importância do autor se deve mais aos temas, bem como a veracidade dos mesmos, do que simplesmente por seu estilo literário. Mesmo original, a escrita pouco convencional não deve agradar a todos, já que ao não se preocupar com regras e apresentar períodos exageradamente longos, sempre abusando da linguagem das ruas, Ferréz agrada apenas quem busca entretenimento.

Ter a consciência de que Ferréz escreveu, por exemplo, para o seriado Cidade dos Homens já cria certas expectativas. Nesse ponto elas foram atendidas, já que o livro retrata com fidelidade a crueldade da rua e a corrupção encontradas na sociedade, seja ela rica ou pobre. Isso muitas vezes em cenas fortes e distantes de nossa realidade.

Com seu texto, o autor leva seu leitor para dentro das comunidades e assim apresenta as particularidades e as múltiplas histórias de vida encontradas ali. A infinidade de personagens torna isso mais verdadeiro, mesmo sendo impossível se simpatizar com esse ou aquele personagem, já que a princípio muitos são jogados desnecessariamente ao enredo.

Mas assim como a escrita, a estrutura de Manual Prático do Ódio é um tanto quanto confusa e dessa forma é necessário certo tempo para se acostumar com algo tão diferente. Não há divisão de personagens e muitas vezes é difícil compreender aonde o autor quer chegar com certas passagens, por mais impactantes que possam ser. Infelizmente, quando tudo começa a ficar bom, a história chega ao seu final.

site: http://www.overshockblog.com.br/2014/03/resenha-223-manual-pratico-do-odio.html
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Danielle Cruz 02/12/2016

Narrativa forte e envolvente
Esse livro é perfeito para quem gosta de narrativas fortes sobre o cotidiano em regiões periféricas. A linguagem utilizada por Ferréz é de tão fácil compreensão e a narrativa é tão forte e ao mesmo tempo dramática e envolvente, que li esse livro em apenas dois dias.
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Camii 22/07/2019

Manual prático do ódio
Já fazia um bom tempo que, por motivo de cansaço e falta de tempo, procurava um livro que me fizesse retornar o gosto pela leitura. Finalmente o encontrei e devorei-o em uma semana.
Literatura marginal: violenta e realista. Que nos faz refletir sobre como o sistema que nos cerca é podre e cruel. E mesmo assim, permanece cada vez mais resistente. Massacrando os fracos e tornando os ricos cada vez mais fortes.
Manual prático do ódio. Super recomendo❤
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Vinícius 14/12/2020

De tirar o folego
A forma como Ferréz passeia pela história é incrível, nos trazendo uma trama extremamente corrida onde não abre brecha para cair no monotonismo, sendo empolgante da primeira a ultima pagina. Manual Pratico do ódio é o ambiente hostil das periferias, cercadas pelo medo, desconfiança e traições que estão no cotidiano dos moradores.
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