A Galáxia da Internet

A Galáxia da Internet Manuel Castells




Resenhas - A Galáxia da Internet


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Pedroom Lanne 11/09/2014

A Galáxia da Internet
(Na relação com os pensamentos de outros estudiosos da mídia).

A expressão Galáxia da Internet, título da obra do estudioso espanhol Manuel Castells, é, na verdade, uma analogia do autor ao título da famosa obra de McLuhan A Galáxia de Gutenberg. Dessa forma, já é a partir do título desse estudo que o espanhol revela que a Galáxia da Internet nada mais é do que a extensão ou ampliação da Galáxia de Gutenberg, agora não mais somente através da impressão tipográfica, mas também pelos tipos binários, ou seja, de toda informação digital que hoje se espalha através da Internet. Em poucas palavras, o autor reafirma muito do que McLuhan e diversos estudiosos expõem sobre o significado da chegada e a expansão da Internet no mundo comunicacional:

As redes eram fundamentalmente o domínio da vida privada; as hierarquias centralizadas eram o feudo do poder e da produção. Agora, no entanto, a introdução da informação e das tecnologias de comunicação baseadas no computador, e particularmente a Internet, permite às redes exercer sua flexibilidade e adaptalidade, e afirmar assim a sua natureza revolucionária (Castells, 2001:7-8).

A passagem acima é parte da introdução de sua obra. Já nas considerações finais, o autor expõe:

A Galáxia da Internet é um novo ambiente de comunicação. Como a comunicação é a essência da atividade humana, todos os domínios da vida social estão sendo modificados pelos usos disseminados da Internet (...). Uma nova forma social, a sociedade em rede, está se constituindo em torno do planeta (...) sob uma diversidade de formas e com consideráveis diferenças em suas conseqüências para a vida das pessoas, dependendo de história, cultura e instituições (Castells, 2001:225).

Como se vê, o mundo da comunicação está sendo revolucionado pela Internet e, dentro dele, as empresas comunicacionais que, desde a época da tipografia de McLuhan, há séculos estão inseridas no palco comunicacional, hoje interagindo e fazendo parte dessa revolução. Enquanto alguns autores, como o próprio McLuhan, fazem uma análise mais filosófica sobre a Internet, Castells procura embasar suas teorias em fatos e estudos que se dão através da grande rede e na própria história do meio.

Quando se pensa que a Internet é a criação que resulta dos projetos de seus criadores e, em em meio à esses projetos, estaria a característica da universalidade, estamos nos referindo às tecnoelites que participaram do desenvolvimento inicial da grande rede, que inclui hackers[1], comunidades de desenvolvedores e, inclusive, empresários. Castells define essas tecnoelites como primordiais no desenvolvimento da cultura da Internet, uma cultura que define como tecnomeritocrática: Trata-se de uma cultura da crença no bem inerente ao desenvolvimento científico e tecnológico (...) numa relação de continuidade direta com o Iluminismo e a Modernidade (Castells, 2001:36). Foi a cultura explorada por essas elites no desenvolvimento inicial da grande rede que nela enraizaram suas características até hoje fundamentais para o sucesso e o desenvolvimento da Internet, movimento cujas bases estariam, nas palavras do espanhol, em: A pedra angular de todo processo é a comunicação aberta do software (Castells, 2001:37). Se a Internet é o meio da universalidade, em parte isso segue os anseios das comunidades hackers que participaram dos primeiros estágios de criação da rede, uma cultura de convergência entre seres humanos e suas máquinas num processo de interação liberta. É uma cultura de criatividade intelectual fundada na liberdade, na cooperação, na reciprocidade e na informalidade (Castells, 2001:45). Assim, fica entendido que, dentro da universalidade não totalitária, os valores mencionados acima são características fundamentais da Internet: liberdade, cooperação, reciprocidade e informalidade.

Se para McLuhan o meio é a mensagem, para Castells a rede é a mensagem (Castells, 2001:65). É assim que o espanhol define a nova economia baseada nos negócios eletrônicos. A Internet está alterando o mundo dos negócios e, seguindo a lógica da frase acima, Castells expõe que o novo modelo de negócio nela baseado (...) permite escalabilidade, interatividade, administração da flexibilidade, uso de marca e customização num mundo empresarial em rede (Castells, 2001:56). Em referência aos grandes portais, as grandes empresas da Internet, o espanhol afirma que eles (...) valem-se ainda mais (...) da possibilidade de organizar a administração, a produção e a distribuição na Internet (citando Anthony Vlamis e Bob Smith. Do you: Business the Yahoo! Way: 2001). Na verdade, há uma mudança na cadeia de valor da indústria do comércio eletrônico para os sistemas de distribuição de informação em detrimento do valor da própria informação (Castells, 2001:65). Essa afirmação, paradigmática, explica em parte a presença de grandes empresas comunicacionais, como os tradicionais meios impressos, rádios e, TVs, dentro da grande rede em associação à grandes portais informativos ou no comando de seus próprios, pois, como colocou o ibérico, estão atreladas ao novo modelo de negócio através da Internet. O importante é fornecer informação, e quanto mais, melhor, independente da qualidade e do valor dessas informações, em uma forma de abraçar os novos públicos que hoje buscam conteúdo, entretenimento e serviços via web. Essa última frase também pode ser entendida através da interpretação da famosa frase de McLuhan por Castells (a rede é a mensagem), segundo uma menção à mesma por parte do professor doutor em Ciências da Comunicação Caio Túlio Costa (ECA/USP), que diz: Se o meio é a mensagem, então a rede também passa a ser a mensagem. Estar em rede seria mais determinante do que usar a rede para essa ou aquela causa (Costa, 2008:282). Isso demonstra a importância, em primeiro lugar, de se estar na Internet, independentemente de como, e, uma maneira de estar presente, é tentar estar onipresente em tudo que a web oferece, ou seja, abraçando tudo que for possível. Daí a fome de conteúdo que vários portais e sites informativos demonstram na sua inserção no novo meio.

Outra palavra-chave neste novo modelo de negócios dentro da Internet é a inovação que, segundo Castells (...) é uma função de trabalho altamente especializado e da existência de organizações de criação de conhecimento (Castells, 2001:85). A inovação confere vantagem competitiva a quem a implanta e a adota: Uma vez gerada a inovação (...) sua aplicação confere uma vantagem competitiva aos que participaram no processo (...) eles são os primeiros a adotar (...) aprender (...) sabem melhor que tipos de produtos e processos podem ser desenvolvidos a partir desse caminho de inovação (Castells, 2001:86). Essa colocação também explica o fato de os portais informativos objetivarem estar sempre sincronizados com as novidades do mercado, oferecendo produtos e serviços atrelados às novas tecnologias que vão surgindo, tanto na área de softwares como, por exemplo, um grande portal que disponibiliza servidores aos seus assinantes para que eles possam jogar em rede a última versão do mais novo e sensacional game tri-dimensional, quanto na área de hardwares onde, por exemplo, o usuário pode baixar skins, trilhas sonóras, ou atualizar a informação, via web, de seu handheld ou smartphone, ou então, simplesmente mandar um torpedo para um celular qualquer através do site. Essa lógica, segundo Castells:

(...) permeia toda a indústria de serviços on-line, uma vez que os portais dão acesso a informações e serviços, como uma maneira de vender publicidade e obter informação que possa ser reutilizada para fins de marketing. Nesse lógica, os compradores são produtores, já que podem fornecer informação crítica por seu comportamento, e por suas demandas, ajudando constantemente as companhias eletrônicas a modificar seus produtos e serviços (Castells, 2001:86).

Assim, fica claro como a participação do público é fundamental dentro da nova era da informação, e entende-se a importância da afirmação que o usuário é coprodutor da informação dentro do ciberespaço, mencionada por Castells e outros estudiosos. Em termos de valor de negócio, segundo Castells, é mesmo. Assim, entende-se que as empresas que buscam prosperar dentro da Internet devem entender e observar os gostos de seus públicos e, como se explicita pela citação acima, a Internet e a tecnologia computacional são ótimas ferramentas para o monitoramento dos hábitos dos usuários, dos consumidores. Quem também expõe esse fato é a comunicóloga Beth Saad (USP), que relaciona o papel do usuário com o valor da informação jornalística através da Internet. Saad afirma que também emerge com destaque o papel do usuário, ou seja, o conhecido leitor, agora equipado com seu arsenal particular de informática e telecomunicações que tem o poder (...) de selecionar conteúdos, as informações, os serviços, as notícias que lhe interessam (Saad, 2003:60). E complementa: (...) quanto mais próxima dos interesses pessoais do usuário, mais valor tem essa informação (Saad, 2003:61). Além do valor da informação estar diretamente atrelado ao usuário, o processo comunicacional outrora monopolizado pelas empresas de mídia agora sofre com a interferência desse novo ator, o que fica claro quando a estudiosa expõe que o domínio do processo produtivo fica mais fragilizado com a interferência ativa e muito próxima do usuário (Saad, 2003:60). Daí podermos extrair a compreensão desse novo momento comunicacional como um movimento de ruptura que leva à crise alguns dos meios mais tradicionais ao mesmo tempo que novos players vão se aventurando por este mundo globalizado e inter-conectado.

Continua... (vide resenha do livro "A Vida Digital" de Nicholas Negroponte)

site: http://www.pedroom.com.br/portal/miniblog/2001-2007.htm#2resenhas
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Filipe 31/10/2023

Uma enciclopédia sobre os primórdios da internet, com destaque para a interessantíssima história sobre o seu surgimento e o papel da cultura hacker na sua consolidação. O livro cumpre ainda o importante papel de clarificação a respeito do que realmente significa ser hacker e suas implicações sociais, diariamente deturpadas pela mídia.
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Bruno Oliveira 22/08/2020

Novos tempos da Globalização
O Livro de Hoje foi "Galáxia da Internet - Reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade" de Manuel Castells. A 1° edição inglesa publicada em 2001 por oxford University press, de oxford, Inglaterra. No Brasil foi publicado em 2003, pela editora Zahar.

Este livro é fantástico, pois faz um panorama geral da internet de forma detalhada , tanto da história da Internet como da evolução cultura da internet.

A internet continua evoluindo e para entender de onde vem toda essa evolução, este livro é repleto de informações. Enfim. A globalização só é possivel com o avanço da internet.

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