Reflexões sobre a linguagem

Reflexões sobre a linguagem Noam Chomsky
Noam Chomsky (Em Português)
Noam Chomsky (Em Português)




Resenhas - Reflexões sobre a linguagem


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ChrisGally 25/08/2016

Composta por três palestras – Sobre a capacidade cognitiva; O objeto do inquérito e Alguns aspectos gerais da linguagem – e um ensaio – Problemas e mistérios do estudo da linguagem humana –, a obra apresenta questões relacionadas aos estudos da linguagem no que se refere à busca de princípios universais que orientam sua estrutura e seu uso.
Por ser a linguagem “um espelho da mente em seu sentido mais profundo e significativo”, “um produto da inteligência humana, criado de maneira nova em cada indivíduo, de acordo com uma operação que está muito além do alcance da vontade ou da consciência” (p.12), Chomsky propõe, usando o método hipotético-dedutivo, uma teoria que dê conta de conhecer a maneira pela qual “uma pessoa conhecedora da língua opera de maneira apropriada com estruturas mentais abstratas, seja qual for a forma física da sentença” (p.101), considerando a hipótese do inatismo – “programação” biológica dos indivíduos que lhes facultam a capacidade de falar. Em outras palavras, para Chomsky, a teoria linguística só será possível realizar-se com a contribuição da teoria do aprendizado: deve-se “limitar a classe de sistemas que podem ser aprendidos para tornar possível explicar a rapidez, uniformidade e riqueza do aprendizado no interior da capacidade cognitiva” (p.108).
Para ele, existe uma gramática universal que contém princípios, regras e condições que regem a todas as línguas humanas por uma necessidade biológica. Essas regras são dependentes de sua estrutura e fazem parte das condições para a aprendizagem da língua. A Gramática universal seria, então, suficiente para determinar as gramáticas particulares, uma vez que uma gramática “é uma rica estrutura de formato predeterminado, compatível com experiências que a colocam em funcionamento” (p.47).
Assim, uma dupla meta poderá ser perseguida: atingir uma explanação linguística adequada e analisar/compreender a aquisição de estruturas cognitivas. Daí a importância em adotar princípios, como os de “subjacência, teoria dos traços, condição do sujeito especificado, dependência da estrutura e das condições de organização da gramática”(p.109). Esses princípios encontram sua base na faculdade inata da linguagem e determinam, então, qual tipo de sistema deve ser aprendido.
Duas questões chamam a atenção na obra: sua proposta de estudar a linguagem como estrutura cognitiva complexa, e não como mero instrumento de comunicação, e seu argumento de que existem princípios gerais inatos à faculdade da linguagem, como o da dependência da estrutura. Para ele, o estudo da linguagem “cai naturalmente nos limites da biologia humana. A faculdade da linguagem (...) torna possível o espantoso feito do aprendizado da linguagem, ao mesmo tempo que inevitavelmente impõe limites aos tipos de linguagem capazes de ser adquiridos de maneira normal”. (p.119). É o princípio da dependência da estrutura, portanto, permite ao indivíduo construir uma série de enunciados gramaticalmente aceitos.
Como se trata de um clássico dos estudos linguísticos do século XX, um curso de Doutorado em língua Portuguesa não poderia deixar de contemplar a obrigatoriedade de sua leitura. Infelizmente, por causa das atividades e das disciplinas relacionadas diretamente à tese, não há possibilidade de aprofundamento em algumas teorias linguísticas importantes para a construção do saber de um doutor. Chomsky representa um marco na história da linguística, é um referencial nos estudos da sintaxe e, por isso mesmo, fundamental para a formação do profissional de Língua Portuguesa.
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