spoiler visualizarMaria 25/04/2017
Não é um romance de vampiros ao que você está acostumado
Foi uma surpresa agradável.
Não é um romance de vampiros ao que você está acostumado e recomendo que abra um pouco a mente antes de começar a leitura.
Graças a paixão do capitão Abner Marsh, ao longo das páginas me vi amando a graciosidade dos anos dourados aonde os barcos a vapor dominavam as rotas fluviais, carregando alimento, pessoas e apostavam corridas. Quase posso fechar os olhos e me colocar dentro do Fevre Dream, um titã do rio, arrogante, elegante, o melhor de todos, quase um personagem real!
(Aonde posso ver por que alguns se cansaram, porém devo ressaltar que qualquer um que já leu outros livros do Martin - ou qualquer bom livro do gênero fantástico - está mais do que acostumado.)
Aliás, Abner Marsh é o próprio George RR Martin, o que é um pouco intimista demais para o meu gosto (algo como ver o seu melhor amigo sem roupa), mas que dá um toque divertido ao livro. O capitão Abner Marsh é um personagem bem realista, com medos, inseguranças, ganancia e um senso de honra só visto nos heróis de campanha (não tem como não associar com os cavaleiros do RR Martin), em contra partida temos o misterioso Joshua York , uma beleza temerária de personalidade real (no sentido de realeza: mais uma vez, um clássico personagem do autor, destinado a ser rei) e muito dinheiro. (SPOILER) Ele é, como desconfiamos desde o começo um vampiro. A questão é: ele é o herói que auto se declara ou o vilão?
- Não sei como descobri, pelo gênero, pela sinopse, ou alguma resenha que li na internet, mas desde que olhei a capa já sabia que era um livro sobre vampiros, e por consequência, a verdadeira natureza de Josh (FIM DO SPOILER)
Temos sim um vilão muito claro, um antagonista para York, Damon Julian, um vampiro que tem a essência dos vilões clássicos: ser/fazer mal. Ele sobrevive, ele mata, e ele não tem nenhuma razão em especial para isso a não ser continuar.
Sinceramente, eu gostei. Nem todo vilão tem que ter um plano maligno de 99 passos para a dominação do mundo. Às vezes ele só é o que é, mal da unha do dedão até o ultimo fio da cabeça.
Quanto ao vampiros, nada novo sobre o sol (rs, trocadilho intencional): Beleza austera, a sede de sangue insaciável, horror ao sol, imortalidade e uma origem pouco conhecida. Ainda que ele deixe de fora algumas características clássicas.
O livro não se atem a outras coisas mas se insere bem no cenário, se passa nos EUA do séc XIX, cita a escravidão no EUA com frequência, a miscigenação (e você quase pode sentir a Guerra de Secessão chegando), e uma rápida passagem pela evolução das cidades cortadas pelos rios.
Também notei que algumas pessoas se incomodaram sobre a forma como os negros são tratados no livro (termos depreciativos, tortura e etc...), mas devo apontar que a crueldade só torda tudo um pouco mais realista. Não é fácil ser negro hoje, não era antes. Fica a reflexão, com destaque para a sutil mudança no coração de Abner em certo ponto até ajuda com as fugas de escravos.