Marcos Ogre 20/05/2023
Onze Minutos de sensações insossas
Em Onze Minutos, Paulo Coelho promove reflexões sobre o amor, o sexo e a fé. Todas muito chatas.
Essa foi minha terceira leitura do autor (há uns anos, ganhei 5 livrinhos, e de vez em quando pego um pra ler) e, com certeza, foi a que menos gostei. As obras que li previamente, Brida e O demônio e a Srta Prym, não eram lá grandes primores, mas, pelo menos, traziam enredos minimamente interessantes. A prosa de Coelho é bem simples, sem enfeites, e as histórias, pelo que estou percebendo, são sempre voltadas a uma discussão maior, que está acima das experiências triviais do dia a dia, ainda que enraizadas nelas. É uma tentativa de encontrar uma coisa especial dentro das coisas pouco pensadas e explorá-la em suas dimensões íntimas e espirituais. E eu aprecio esse intento.
Mas a escrita de Coelho é muito fraca. Nesta obra, em que o elemento místico é bem menos presente, a prosa do autor parece ainda mais frágil. Narrando a vida de uma jovem brasileira pobre, que encontra na prostituição em outro país uma possibilidade de crescimento financeiro (após seu sonho ir por água abaixo), o livro de Paulo Coelho não poderia parecer mais clichê. Tudo se desenrola de maneira muito fácil, os personagens não parecem ter substância e os diálogos principais, buscando o filosófico, se acumulam numa espécie de terapia barata de livros de auto ajuda. É como ver uma telenovela ruim, sem o gancho necessário para prender o espectador.
Eu poderia destacar como um ponto positivo a descrição das cenas de sexo, que são bem bonitas, mas a forma como o autor lida com esse tema é muito puritana. Quando ele fala da dor, por exemplo, é de uma maneira tão maniqueísta... Já estou acostumado com as reflexões em torno do masculino e do feminino abordadas pelo autor, pois, embora me incomodem um pouco, são compreensíveis na construção do enredo que Coelho propõe, mas a limitação dos papéis de gênero nessas obras é um pouco cansativa. E os finais, destacando o de Onze Minutos, são um tanto decepcionantes.
Talvez eu leia os outros livros dele aqui na minha bibliotequinha, talvez eu leia O Alquimista (que dizem ser um dos pontos altos da carreira dele), mas com certeza não vai ser tão cedo.
??½