jota 22/07/2011Lendo e escrevendoComo o próprio livro diz na capa, este é um guia para quem gosta de livros e também para quem quer escrevê-los. Há uma apresentação de Italo Moriconi e depois vêm os capítulos sobre Leitura Atenta, Palavras e Frases, os três primeiros que li de uma só vez. Mesmo que não se vá escrever um livro, ler Francine Prose é interessante, pois ela está constantemente chamando nossa atenção para as "muitas entrelinhas" que uma simples frase escrita por um autor pode conter.
Nos capítulos 5 e 6 a autora trata respectivamente de Parágrafos e Narração. Parágrafos curtos e parágrafos longos (menção a José Saramago, claro), quando mudar de parágrafo e assuntos afins. Quanto a narração, ela discorre acerca da importância de decidir sobre a identidade do narrador e sua personalidade (narrar na primeira pessoa, na terceira...).
O capítulo sétimo, longuíssimo, trata dos Diálogos e o oitavo dos Detalhes. Estes, digamos, aparecem como na canção Roberto e Erasmo Carlos: podem ser pequenos detalhes, mas são sempre marcantes e falam muita coisa acerca do personagem ou da história. O que seria de um romance policial sem detalhes ou pistas, para confundir ou ajudar o leitor, e que somente são esclarecidos no final? Os diálogos fazem a história avançar. O diálogo é, como diz a autora, não apenas aquilo que sai da boca do personagem mas principalmente da mente do escritor. Daí que é necessário ler um livro atentamente, palavra por palavra. E também ler nas entrelinhas.
O capítulo 9 trata do Gesto, do modo como os personagens se expressam através das mãos, braços ou outras partes do corpo em substituição ou complemento da fala. E depois, se há um escritor que a autora venera ele é Anton Tchekhov e a ele é dedicado todo o capítulo 10, Aprender com Tchekhov. O capítulo 11 é intitulado Ler em busca de coragem, significando que quem ser escritor, antes de mais nada tem de ser também um grande leitor: de tanto ler um dia você se mete a escrever um livro; acontece. Aconteceu com a autora.
Por fim, Prose lista mais de cem obras clássicas e modernas sob a rubrica Livros para ler imediatamente. Há também alguns acréscimos à edição brasileira feitos por Italo Moriconi, como os Livros brasileiros para ler imediatamente, etc. E para concluir: a autora acredita que a escrita criativa pode ser ensinada e aprendida, sim. Mas e talento, pode ser ensinado também? Isso ela acha que não. Óbvio, não?