Patricia Chame 15/11/2016ENCANTADOR - "Para mim, a palavra “despedida” tem muito da palavra “encontro” e um bocadinho também da palavra “saudade”.Comprei o livro para meu filho a pedido da escola mas fiquei encantada ao ler ... Lindo!
Copiei alguns trechos (Abaixo):
"Caminhavam de novo junto ao rio. Ynari, a menina sem tranças, e o homem pequeno voltaram
a sentar-se no mesmo sítio de sempre, onde pela primeira vez se tinham encontrado. (…)
- Agora quero pedir-te um favor – [disse Ynari].
- E qual é?
- Quando chegares à tua aldeia, vai falar com a velha muito velha que destrói as palavras e
diz-lhe que eu mandei por ti uma palavra para ela destruir…
- Queres que ela destrua a palavra “guerra”?
- Sim. Explica-lhe o que vimos e o que ouvimos. Acho que é uma palavra que ela vai querer
destruir.
- Está bem, vou dar-lhe o teu recado"
“Eu até sei como usam essa palavra, mas… para que serve a palavra “guerra”?”
- Acho que está na hora de usarmos a palavra “despedida”…
- Também acho.
- Sabes uma coisa, homem pequeno?
- O que é Ynari?
- Para mim, a palavra “despedida” tem muito da palavra “encontro” e um bocadinho
também da palavra “saudade”.
- Explica-me – disse o homem pequeno enquanto se levantava.
- Não sei explicar muito bem…Mas, desde a primeira vez que te vi, eu senti uma coisa no
meu coração…
- No teu coração?
-Sim, cá dentro, neste coração que é pequenino e que é tão grande…
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
(Alexandre O’Neill, Há Palavras que nos Beijam)
- Haverá palavras lindas e palavras feias?
- Ou somos nós que as fazemos lindas e feias?...
“Estiveram um bom tempo em silêncio
observando os peixes que nadavam e os
pássaros que voavam.”