Leonardo.Heffer 21/02/2021O limbo do além conto mas dom pré-romanceUma coisa que preciso sempre tirar o chapéu, King sempre foi honesto. E em As Quatros Estações não foi para menos. Não falo de suas histórias, mas sim sobre a receptividade. Sabia que, além de está taxado como escrito de terror (fato do qual discordo) sabia que que há um público para consumir tudo que escreve, numa fé cega e inquestionável.
Mas sabia que com As Quatro Estações, esta edição da qual acabo de ler, encontraria uma forma de escoar produções literárias das quais não haviam uma categoria a serem encaixadas e que ele havia escrito após dar luz a outros romances.
Segundo o próprio autor, existe um consenso de que contos chegam a 20 mil palavras e romances de 40 mil pra cima. Mas, assim como em seu conto final desse livro "método respiratório", discordo da frase tanto escrita "o que importa é a história, e não o narrador".
Em sua eterna prolixia, em que às vezes são extremamente recompensadas, neste livro acaba prejudicando mais do que ajudando -pelo menos em minha opinião e vc pode discordar dela - aliás até prefiro que discorde. O que seria do mundo se todos tivessem a mesma opinião?
O único conto em que sua capacidade em aprofundar nós personagens para dar mais profundidade não afeta a qualidade e desenvoltura do texto é Rir Hayworth e a redenção de Shawshank. Dentro da medida, se alonga no limite certo.
Já não posso dizer o mesmo de Aluno Inteligente, que apesar de sagaz, chega a ser inverossímil ao colocar um pré adolescente em algumas situações e pensamento que não consegue te fazer criar mentalmente o personagem. O famoso, o que ele faz não parece nenhum pouco com o comportamento de um menino de 12 anos.
O corpo, conto tão aguardado por mim, por ser um dos contos que produziram um dos melhores filmes dos anos 80 (pelo menos eu o considerava qnd mais novo) realmente acabou sendo bem abaixo do que eu esperava. Tendo em seu clímax apenas o motivo de eu poder tirar o chapéu para o autor, mas apenas naquele momento.
Já em o método respiratório, o menor deles, foi, para mim o mais interessante, embora provavelmente prejudicado pela estava da leitura dos outros três, tendo, mto provavelmente menor impacto sobre mim do que realmente deveria ter tido.
As quatro estações se torna para mim então um dos livros do qual não indicaria a leitura de pronto. Entenda. Não estou dizendo que não deva ser lido, mas da vasta e extensa produção de livros do King, talvez esse fosse um dos últimos dos quais indicaria a alguém... E ainda assim o faria com ressalvas.