Edições Perigosas

Edições Perigosas John Dunning




Resenhas - Edições Perigosas


8 encontrados | exibindo 1 a 8


Cassionei 15/11/2021

Um romance policial para bibliófilos
Para quem, como eu, é um leitor que adora livros que tenham como o tema o próprio livro, o romance policial Edições perigosas (no original Booked to die), de John Dunning, é uma leitura obrigatória. Mais ainda para os bibliófilos.

O protagonista é o “tira” Cliff Janeway, que nas horas vagas coleciona livros raros, principalmente primeiras edições. Confesso que tenho inveja de quem pode bancar uma boa grana para montar um biblioteca com obras difíceis de se conseguir. Contento-me, no entanto, com exemplares baratos dos sebos e de vez em quando consigo algumas preciosidades por valores bem em conta, inclusive autografados.

Janeway é o narrador e relata a investigação sobre o assassinato de um alfarrabista, Bobby Westfall, um tipo de “catador” e fornecedor de livros raros para os livreiros. Passa a conhecer, portanto, o lado sombrio do negócio, em que o dinheiro e a chance de se obter uma coleção única e valiosa podem levar os bibliófilos a cometerem crimes. Mesmo assim, ele nutre o desejo de largar sua profissão e montar sua própria livraria. Uma confusão com seu maior desafeto, Jackie Newton, primeiro suspeito do crime, o leva a sair da polícia, dando a oportunidade de seguir seu sonho. No entanto, mais dois assassinatos, e agora na sua própria loja, a Twice Told Books, o levam a investigar por conta própria. Entra em cena também uma paixão por uma especialista em livros raros, Rita McKinley, e o enredo segue rumos inesperados.

O prazer deste leitor que vos escreve foi plenamente satisfeito, não só por causa da narrativa envolvente, requisito importante no gênero policial, mas também devido às descrições dos livros velhos, como se conhece um valioso, os passeios dos personagens por bibliotecas invejáveis, os comentários sobre os escritores, o debate sobre o que é mais importante, acumular ou ler os livros.

John Dunning conhece bem esse universo, pois também é bibliófilo e dono de uma livraria. Edições perigosas é só a primeira aventura de Cliff Janeway, que irá aparecer em outros romances do autor, que ainda pretendo ler. Por ironia, quase todos eles só são encontrados em sebos, mas com preços acessíveis, diferentemente dos procurados pelo ex-detetive.

site: https://cassionei.blogspot.com/2021/08/escrevo-sobre-edicoes-perigosas-de-john.html
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jota 02/01/2021

MUITO BOM: (em Denver se mata por um livro, especialmente se for uma rara primeira edição)
Lido entre 25/12/20 e 01/01/21. Minha avaliação: 4,5/5,0

Edições Perigosas foi publicado nos EUA em 1992 como Booked to Die. Algo como Anotado ou Marcado Para Morrer e que, por se tratar de um romance policial ligado a livros, faz mais sentido que o título brasileiro. Que, no entanto, também tem bastante a ver com a trama desenvolvida por John Dunning: ele usa como pano de fundo o amplo mercado que lá existia na época – e provavelmente ainda existe - para a primeira edição de livros, especialmente policiais e similares, assim como para exemplares usados bem conservados e raridades, de volume e valores imensamente maiores que o negócio brasileiro, claro. Tão grande e complexo é esse mercado que alguém pode matar, ou mandar matar, por um livro: pelo menos na ficção, como ocorre nesse romance.

Antes de a história do policial e livreiro Cliff Janeway começar, de sua caçada primeiro a infratores da lei, depois aos livros e novamente de volta aos criminosos, temos um resumo da trajetória do próprio romance em Antes e Agora, uma espécie de prefácio escrito por Dunning em 2000. Ele retrata o mercado secundário de livros na época em que Edições Perigosas foi lançado e as transformações que vieram depois com a venda de livros novos e usados pela internet. Descreve, de modo bastante interessante, todo o complicado processo que um colecionador ou interessado tinha de enfrentar para localizar e comprar um volume desejado antes do surgimento das livrarias virtuais. Destaquei colecionador porque algumas pessoas apenas colecionam volumes raros, valiosos ou primeiras edições, diferentemente de um leitor, que realmente lê os livros que adquire.

Dunning entende do assunto: ele mesmo, além de escritor e professor, foi (ou ainda é, pois permanece vivo nesta data, nascido que foi em 1942) dono de uma livraria virtual em Denver, Colorado, cidade onde Edições Perigosas se passa, outras de suas histórias também. Quase em nenhum momento se usa a designação sebo na tradução, quase sempre livraria, e o termo alfarrabista é empregado apenas para o comerciante, não o dono de uma livraria, mas de um pequeno negócio de livros físicos, nos moldes dos nossos sebos antes de se tornarem virtuais (poucos permanecem fora da internet hoje em dia). As livrarias americanas físicas de qualquer porte, ao contrário das nossas, sempre venderam também exemplares de segunda mão, tal como fazem muitas livrarias virtuais há tempos.

De volta ao romance, Cliff Janeway, encarregado de esclarecer a morte de um alfarrabista, é um policial que aprecia romances policiais e literatura em geral, incluindo William Faulkner, pois é. Enquanto busca pistas para resolver o crime, vai contando, entre outras coisas, histórias relacionadas a livros e autores, então além de Faulkner, são citados ainda Ernest Hemingway, Rex Stout (criador do detetive Nero Wolfe), Mark Twain, Thomas Harris (de O Silêncio dos Inocentes) Stephen King e vários outros. Sobre Norman Mailer o policial diz que as pessoas perderam o interesse por seus livros desde 1948, quando publicara sua obra-prima Os Nus e os Mortos. Numa segunda fase da história, Janeway desiludido da carreira, pede demissão da polícia e com a indenização abre uma livraria ali mesmo em Denver. Depois do primeiro assassinato, ainda ocorrem mais dois, dentro da própria livraria de Janeway, o de sua funcionária e um alfarrabista que o procurara ali.

Diante dos novos acontecimentos o ex-policial resolve dar um tempo no negócio e sai por conta própria fazendo investigações para descobrir o assassino ou assassinos dos dois alfarrabistas e de sua vendedora. Visita os livreiros de Denver, alguns são seus amigos e, para conseguir informações de estranhos, finge-se de policial usando o nome de um outro tira, até que consiga esclarecer tudo. Nessa altura já se apaixonou por uma rica livreira, a misteriosa Rita McKinley, mas de quem também desconfia, descobre livros valiosos, briga feio com um valentão, o musculoso Jackie Newton, perseguidor de mulheres, protege uma delas, a complicada Barbara Crowell, e se envolve demais nesse caso etc. Para conquistar ainda mais o leitor Dunning constrói diálogos saborosos e coloca frases ou pensamentos irreverentes na boca ou mente dos personagens, especialmente de Janeway. Quer dizer, também tem humor no livro, algumas vezes humor negro.

Enfim, até para aqueles que não apreciam muito romances policiais, Edições Perigosas tem grande apelo, porque é entretenimento garantido: as coisas vão acontecendo rapidamente, o personagem central é cativante, diz coisas espirituosas ou engraçadas, como qualquer curioso queremos ver o mistério elucidado e, sobretudo, o romance fala de livros quase o tempo todo. Mesmo quando não está se referindo a livros e autores específicos, apenas falando do negócio de compra e venda de exemplares, até nesse ponto a história desperta nosso interesse. Não sei se lerei outros livros de Dunning, o policial Cliff Janeway aparece em outras histórias que ele escreveu, que estão bem avaliadas pelo público. Tenho vontade de ler O Homem Que Via o Trem Passar, de um francês que jamais li, Georges Simenon. Mas isso não é pra hoje.
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Simone de Cássia 18/09/2020

Não esperava muito e acabei gostando (talvez por isso... rs rs ) O cenário é muito atraente para os apaixonados por livros e o detetive me conquistou de cara (adoro o estilo "vou fazer do meu jeito e não me importa a lei") O mistério é interessante e prende a atenção. Muito bom.
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Jansen 14/04/2020

Uma boa diversão, principalmente para quem gosta de livros antigos. Os alfarrabistas são caçadores de obras raras para repassarem a lojas especializadas em colecionadores de livros. São os intermediários, mal remunerados e com pouco escrúpulos. Cliff Janeway é um ex-pugilista e policial honesto e corajoso. O livro assenta-se basicamente sobre dois pilares narrativos. Uma rixa do Cliff com um psicopata rico e sem princípios (como um bom psicopata) que gosta de esmagar pessoas indefesas, normalmente sem teto, até matar. Escorado pelos melhores advogados consegue se safar da lei e vive nababescamente rodando e incomodando mulheres em sua Masseratti. Lá pelas tantas Cliff perde a paciência e, como dizem os portugueses "dá um arraial de porradas no marginal". É demitido da policia.
Cliff é um admirador de livros raros e tem uma pequena coleção em casa, principalmente de Faulkner de quem é fã. Fora da policia resolve abrir uma livraria de livros raros. Um dos alfarrabistas é assassinado e uma coleção de livros é colocada à venda por uma bagatela, pois a explicação é que os livros não tinham valor para colecionadores. Eram livros de clubes de leitores, como havia também aqui no Brasil, o Clube de Livros. As mortes vão se sucedendo e quando chega na terceira, envolve uma funcionária da livraria do protagonista e ele resolve investigar por conta própria.
A sucessão de fatos ligados aos livros entremeadas pelo destramelado do psicopata, forma um enredo bem interessante. Vale a leitura.
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Arsenio Meira 26/08/2012

Dunning construiu um enredo gratificante, e um detetive que cativa, num cenário plausível e chuvoso. Em Seatle só não cohve mais que na Macondo de Gabriel Garcia Marquez. Muito bom.
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Claire Scorzi 20/10/2010

Para muitos gostos
Eu, que sou tão cabreira com escritores contemporâneos, inclusive romancistas policiais, este ano pelo jeito estou pagando a língua...
O seguinte: John Dunning é escritor de primeira. A badalada narrativa em primeira pessoa nem por isso cai no desleixo de linguagem, quase sempre o principal perigo de narrar nessa voz; armadilhas ou clichês do gênero - a mulher fatal, o crime inevitável - são ardilosamente evitados. Enquanto Dunning pode estar brincando conosco ao apresentá-los, dá um banho de estilo: esmerado, vívido, viciante. E há o desfile de títulos, já que o protagonista é um colecionador de livros raros. O leitor esbarra em Faulkner, Hammett, Rex Stout, Hemingway... Literatura americana na maior parte, mas de alto nível; literatura de alto nível que não precisa ser 'difícil', e sim bem escrita. Como os próprios romancistas policiais mencionados.
Romance policial. Exercício literário. Boa história. Surpresas nas soluções adotadas pelo autor. Desfile de livros, escritores, e o mundo incrível, excêntrico, das livrarias de obras raras. Demais.
Santuza 20/07/2020minha estante
Comecei a ler o john dunning e estou gostando , amo literatura policial. Meu gênero preferido.


Claire Scorzi 20/07/2020minha estante
\o/




eliandra 15/10/2010

Livros perigosos!
História policial empolgante, dessas que só paramos de ler quando chega o final. Janeway começa investigando o assassinato que parecia simples de um alfarrabista, mas tudo começa mudar sua vida. Veja com esta história que o prazer de ler pode ser perigoso! Mas também fascinante!
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claudioschamis 18/02/2009

Estilo diria igual ao de Luiz Alfredo Garcia-Roza com o seu Detetive Espinosa. Digo isso porque a história de Edições Perigosas passa-se num bairro como Copacabana, o detetive dessa história também gosta de livros, enfim... Nesse livro, um detetive que é colecionador de livros raros que se envolve em mais um crime.
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