Resenhas - Perseguido

S.N 22/11/2021

Real ou fantasia?
Ao começar o livro se pensa que vai ser apenas mais um livro investigativo, que o final já parece mais do mesmo, mas conhecer Luiz Alfredo Garcia-Rosa é saber que não é bem assim. Perseguido conta a história de um psiquiatra que após atender um paciente, passa a se sentir perseguido pelo mesmo. A obra apresenta um caso complexo, cheio de buracos que precisam ser preenchidos.

Narrado por Doutor Nesse, Luiz Alfredo nos apresenta o começo da longa e confusa história entre Artur Nesse e Isidoro Cruz. A apresentação inicial de Isidoro é calma e mostra um jovem de 22 anos, que fala com facilidade e parece ter um objetivo ao estar ali.

Bastou a primeira interação entre o paciente e o médico para que Isidoro simplesmente comece uma obsessão, ele aparece no hospital todos os dias e passa a observar os movimentos do médico no hospital, ele sabe o horário de chegada, de saída, sabe quando o médico vai comer, qual a marca do carro. Isidoro consegue conquistar a afeição dos guardas, das enfermeiras e até mesmo dos pacientes, sentando todo o dia no mesmo lugar e observando obsessivamente o Doutor Nesse, que sabe que está sendo observado e não gosta nada da atenção, a preocupação do médico se torna pânico quando o mesmo descobre que Isidoro havia aparecido em sua casa, interagindo com sua filha Letícia, e dias depois criou uma situação em que ambos se encontravam por acaso na rua.

O pânico cresce quando sua filha desaparece por dois dias e isso o faz procurar ajuda do delegado Espinosa. Dando sequência dos fatos e que sua filha Letícia apenas teria passado esses dias na companhia de Isidoro, Doutor Nesse se vê sem saída e com medo do que poderia vir a acontecer, ele forja uma cena de descontrole e agressão da parte de Isidoro, que o leva a ficar internado, deixando Leticia revoltada e a levando a andar nua pela rua para que fosse parar no mesmo hospital que Isidoro.

A trama e os questionamentos começam realmente quando após ser transferido para um hospital geral, Isidoro desaparece, não só some como também deixa uma carta que dizia detalhadamente que Doutor Nesse havia forjado a toda a cena de descontrole apenas para que o jovem fosse internado e afastado de sua filha, deixa claro que qualquer mal que acontecesse a ele, seria culpa do médico. Nesse ponto do livro, ficou claro para mim que ou eu estava sendo enganada, ou ambos eram perseguidos e perseguidores.

Com os acontecimentos ainda ali, Letícia não conseguia superar, não perdoava o pai. Nesse se divorcia e passa a morar sozinho, fazendo com que a única pessoa da família que fale com ele, seja a filha mais nova, Roberta, que desaparece pouco tempo depois.

No livro, fica claro o quanto Espinosa e seu parceiro estão cada vez mais profundos no caso, mesmo sem compreender diretamente tudo que aconteceu, nada se encaixava, nada fazia sentido. Teria o doutor matado Isidoro? E o que teria acontecido com a filha mais nova? Artur teria sido capaz de matar os dois? Tudo isso se enrola cada vez mais quando a ex-esposa, Tereza, é encontrada morta. O laudo aponta que ela teria sido dopada e logo em seguida recebido uma solução de cloreto de potássio. Não satisfeita com tudo, Letícia consegue entrar no apartamento do pai e encontra a seringa e os pertences da irmã mais nova. No mesmo dia, Artur Nesse é encontrado morto dentro de seu carro, parado na garagem do consultório.

A partir desse ponto, algumas pontas se encaixam, porém o complicado de tudo seria compreender, considerando que todos os envolvidos estavam mortos. Através de um cartão, delegado Espinosa descobre que Roberta teria feito um aborto e teve complicações, e teria sido levada de lá pelo pai.

Aqui chegamos aos questionamentos que jamais entenderemos. Apesar de parecer claro, Doutor Nesse teria mesmo matado a ex-esposa? Quem teria matado o doutor? Isidoro morreu mesmo ou esteve por trás de tudo isso o tempo todo? O médico estava sendo perseguido realmente? Era tudo fruto de sua cabeça? Até que ponto Doutor Nesse é o perseguido e não o perseguidor?

Apesar de tudo, a história muitas vezes é cansativa, tem diálogos fracos e repetitivos. Apesar de acreditar que esse é o ponto do livro, o final quase em aberto me deixou pensando por horas e horas tentando compreender quais coisas deixei passar, levando em conta que como leitora estava sendo manipulada pelo ponto de vista dos personagens, até que parte foi real e o que foi apenas um delírio?

Paulo1584 22/07/2021

Perseguido?
Não tenho costume de ler literatura policial, mas um amigo me fez ler este. Gostei.
Não é uma obra daquelas que você diz "nossa, que personagens bem elaborados, que trama, que história".
Pra falar a verdade, as personagens são um pouquinho superficiais, sendo uma delas -- Jonas ou Isidoro, p. ex. -- um tanto "estranha".
A trama envolve um psiquiatra, dr. Nesse, e seu misterioso paciente que tem nome Isidoro, mas prefere ser chamado de Jonas.
Ocorre que Jonas se aproxima da família do psiquiatra e ele (dr. Nesse) teme que esteja sendo perseguido pelo sujeito que ele julga "psicótico". Não é nenhuma informação sigilosa, pois no prólogo já sabemos desse problema...
Enfim, o autor não tem técnicas muito elevadas de escrita, em minha humilde opinião (sem ironia, realmente não sou leitor do gênero). No entanto, ele consegue entregar uma narrativa que instiga o leitor a avançar e seguir até o final (acho que li em três sentadas). É um excelente entretenimento, recomendo!

Wolsey 11/04/2023

Excelente, também.
Já é o quinto livro da série e nenhum repete a fórmula. Mas todos muito bons.
Em "Perseguido" os demais personagens têm maior participação, o que deixa a trama mais dispersa e nada cansativa. As questões não se concentram apenas nos devaneios do Delegado Espinosa, mas a intrincada trama, contada em 3 partes, é grata novidade.
A psiquiatria como pano de fundo chega a perturbar as sensações do leitor.
Quem é o psicopata? Todos os personagens envolvidos existem, realmente? O personagem sumiu, morreu ou é fruto da imaginação?
Difícil parar a leitura antes do último parágrafo.

Patyys2 18/03/2022

Perfeito!
Esse livro de longe foi o melhor que já li do gênero mistério e ficção policial, e na minha opinião entra também terror psicológico e suspense.
O livro conta a história de um psiquiatra que se sente perseguido por um paciente, sendo que este desaparece alguns meses depois e é dado como morto e a partir daí fica difícil distinguir se esses fatos são verdadeiros ou produtos da sua imaginação conturbada.
Estou a procura de um livro tão bom quanto para ler, alguma indicação?

dimitriluz 07/08/2022

Bom livro
Garcia-Roza é um mestre e tem o dom de nos instigar a percorrer suas histórias, sempre ansiosos pelo desfecho, mas, ao mesmo tempo, torcendo para que não acabe tão rápido. Como vários aqui mencionaram, muitas lacunas ficaram em aberto, não houve tanto nexo causal para algumas. Mas sinto que era justamente o que ele queria: que cada um desse sua interpretação e desfecho de acordo com o que captada da leitura.

Mips 07/06/2021

Quase Perfeito
É um livro viciante, você começa a ler e só para quando acaba. Apesar de ter gostado bastante do livro e me envolvido com a história, o final deixou muitos furos que me impedem de dar 5 estrelas. Mas é muito interessante a ótica do livro de tentar te confundir sobre quem seria o perseguidor da história, a essência dele é que todos podem cometer atos bons e ruins. É um bom livro.

Danilo Moreira 20/06/2022

Trama que empolga, envolta em muitos pontos de interrogação
O autor vai nos jogando várias peças de um complexo quebra-cabeças. Afinal, qual é a de Jonas? Até que ponto Dr. Nesse está certo no seu relato de que está sendo seguido, num plano maligno de seu paciente?

No começo a gente até compra essa ideia, mas com o passar do livro, percebe-se que Dr. Nesse não é um tipo simpático. Me parece quadrado, esnobe, desumano e frio com a família.

Com o avançar da obra, você percebe que toda a família Nesse é estranha e seus comportamentos têm significados nebulosos.

As investigações cabem ao delegado Espinosa e seus parceiros Welber (me identifiquei com o fato de ele morar longe e querer morar mais perto rs) e Ramiro. Tenho a sensação de que o autor gosta bastante deles principalmente de Espinosa, já que compartilha conosco os gostos pessoais dele, nos trazendo uma figura até simpática, viva e agradável, diferentemente do aspecto sombrio da família Nesse.

Os acontecimentos me deixaram com certa agonia, transmitida também pelos personagens investigadores, que têm muitas dificuldades para traçar uma linha que dê sentido e conexão a tudo.

Confesso que o final me decepcionou um pouco, pelo menos não o vejo como à altura da expectativa que a obra construiu em mim.

É a primeira vez que leio Garcia-Roza e, apesar do final, gostei do estilo de escrita e pretendo ler outros livros dele.

Gláucia 16/06/2011

O Perseguido - Luiz Alfredo Garcia-Roza
Um psiquiatra se vê ameaçado por um paciente, que acaba desaparecendo e o médico passa a ser suspeito. O livro prende a atenção, consegue manter um bom clima de suaspense o tempo todo, mas acabei me decepcionando com o final.

Jess 24/04/2022

????
Oiii, é o meu quinto livro do autor e o meu preferido até o momento esse foi o livro em que eu mais fiquei instigada para saber o que ia acontecer a trama te prende de uma forma que você não consegue parar de ler, devorei ele bem rápido, só não dei 5 estrelas pois ficou uma pergunta sem resposta.

Marcos Cordioll 18/04/2012

Sobre Perseguido.
Eu escolhi esta obra porque costumo intercalar a leitura de clássicos, de ficção cientifica, de romances tipo noir e livros de divulgação acadêmica. Também porque a narrativa é ambientada em Copacabana-Ipanema, locais onde morei recentemente e gosto muito destes bairros. Também, acho interessante a geografia cultural e humana destes espaços. Por este motivos, a leitura de Perseguido, em diversos momentos, mobilizou a minha memória afetiva.

Garcia-Roza foi indicado pela minha amiga Cláudia Baggio. E tornou-se uma descoberta importante. A narrativa é bem estrutura e envolvente ao ponto que me permito dizer que é uma obra de qualidade internacional e caberia em qualquer boa biblioteca ou coleção de referência da literatura noir. O ponto fraco são os diálogos: frágeis na forma e ficando mal modulados diante da força e qualidade da narrativa.

Uma obra que recomendo para quem quer uma leitura de mistério que envolve da primeira a última página.

Manfredo 09/08/2012

Crise TN. O livro é fácil de ler , mas tem muitas falhas. A história não parece consistente. Coisas obvias não foram consideradas. O autor é ótimo mas neste livro não me parecia muito inspirado.

Keli 03/12/2014

suspense morno
Psiquiatra se vê ameaçado por um paciente que começa a se envolver com sua filha. No decorrer da historia paciente desaparece e o médico passa a ser suspeito. A trama tem suspense, mas o final foi desapontador.

bibia 10/01/2022

Uma leitura boa
Sem muito enrolação, os personagens são estranhos, a história um pouco confusa fazendo com que o mistério seja intrigante, o livro te prende até o final. De certa forma fiquei um pouco desapontada, esperava mais do final, mas para uma ficção policial, o livro é bom, gostosa a leitura, uma trama que prende apesar dos pesares.

Mr. Torres 14/04/2020

Amei!
Daquelas leituras que te mantém sempre atento e te deixa até ofegante com o suspense das cenas. Pretendo ler todos do autor.

Thiago Barbosa Santos 27/05/2020

Psicótico
No início do ano, coloquei alguns livros do Luiz Alfredo Garcia-Roza como meta de leitura para 2020. Mal podia adivinhar que o perderíamos. Ele é o melhor escritor brasileiro de romances policiais na minha humilde opinião. Então as leituras vão acabar sendo uma homenagem.

PERSEGUIDO é mais uma obra que traz um caso complicado, cheio de nuances e desdobramentos para o icônico delegado Espinosa solucionar.

Doutor Nesse é psiquiatra. Certa dia, recebeu um garoto paciente chamado Isidoro. Mas ele tinha horror a esse nome que não escolheu. Gostava de ser chamado de Jonas. Essa foi a conversa inicial que ele teve com o especialista, o dilema do nome.

Quando Isidoro (ou Jonas), apareceu na vida do psiquiatra, definitivamente acabou a paz dele. O rapaz pegou meio que uma fixação por ele. Passou a segui-lo, a frequentar seu local de trabalho, onde havia alguns internados, mesmo quando não era dia de visitas. Logo, foi se afeiçoando aos funcionários, pacientes. Tinha um jeito tranquilo, simpático e extremamente cordial. Já era querido por todos. Menos, claro, pelo doutor Nesse.

As coisas se complicaram ainda mais quando Jonas se aproximou da família do médico e começou uma relação com Letícia, filha mais velha de Nesse. O médico alertou que não queria a família próxima do paciente, que tinha problemas psiquiátricos. De nada adiantou. A filha já estava apaixonada e não acreditava que Jonas tinha nenhum problema. Dizia que era o pai que achava que todos tinham problema.

O casal chegou a fugir por dois dias para ficar mais próximo. Foi quando o doutor Nesse teve o primeiro contato com Espinosa. Quando a filha voltou para casa, os dois brigaram feio e ela definitivamente se voltou contra o pai.

Durante uma consulta, o doutor Nesse meio que armou uma emboscada para internar Jonas, o sedou. Quando a filha ficou sabendo, para se internar junto do namorado, saiu nua pela rua. O Doutor Nesse transferiu Jonas para um outro hospital, pois ele fez greve de fome e já estava bastante fraco. Dias depois, veio a notícia de que ele havia morrido e o corpo simplesmente desapareceu.

Letícia nunca mais se recuperou desse trauma. Vivia trancada no quarto, sem falar com ninguém, sedada e culpando o pai por tudo. Nesse se separou da esposa e foi morar sozinho. Tinha contato apenas com a filha mais nova, Roberta.

A filha mais nova desapareceu pouco tempo depois. Espinosa entrou de vez no caso para investigar e olha só quantos desdobramentos já havia naquela história nebulosa. Porém, havia mais. Uma funcionária do hospital entregou para a polícia uma suposta carta que Jonas teria escrito dias antes de morrer acusando o doutor Nesse por tudo o que aconteceu e o que poderia acontecer com ele. Por sua vez, Nesse começou a denunciar que estava recebendo um contato misterioso com a voz do antigo paciente.

Espinosa e seu assistente, o investigador Welber, iam mergulhando naquela história mas, por mais que cavassem, não encontravam soluções lógicas. As peças não se juntavam.

A ex-esposa de Nesse, Tereza, recebeu um telefonema e desceu, também subiu. Letícia, que a essa altura já estava jogando fora os medicamentos que a dopavam, começou a ficar um pouco mais consciente das coisas. Ela mesma ligou para Espinosa para relatar o desaparecimento da mãe, que acabou sendo encontrada em um bando de praça ali mesmo nas redondezas. Estava morta.

Letícia ficou sendo assistida por uma psiquiatra contratada pelo pai. Era a companhia dela o tempo todo. Aquele caso era um grande desafio para Espinosa, que conseguia poucos avanços ao passo que surgiam novos desdobramentos.

Letícia ficou um pouco mais envolvida na história. A perícia da morte de Tereza saiu. Ela foi dopada com um ?boa noite, Cinderela? e logo em seguida recebeu uma solução de cloreto de potássio que a matou de forma instantânea.

A filha mais velha de Nesse achou em casa a chave do apartamento do pai. Foi lá e encontrou a seringa, diários e pertences da irmã. Nesse mesmo dia, doutor Nesse foi encontrado morto dentro do carro dele na garagem do consultório. Letícia estava desaparecida.

Foi a partir daí que as peças foram se encaixando, mas não todas. Havia muitas lacunas que jamais seriam solucionadas porque quase todo mundo morreu. Através de um cartão encontrado no consultório, Espinosa chegou a um médico e descobriu que Roberta havia feito um aborto mal-sucedido e teve complicações. Foi levada para lá pelo pai para ver se ela se salvaria, não houve jeito.

De quem era esse filho, por que abortou? Por que os pais esconderam tudo isso e a enterraram alegando que a menina havia desaparecido? Quem matou Teresa parece ter ficado claro que foi o doutor Nesse, mas por quê? Jonas morreu mesmo ou estava vivo ameaçando o seu psiquiatra? Aquilo tudo era coisa da cabeça de Nesse? Ele estava mesmo sendo perseguido pelo rapaz, mesmo lá no começo? E quem o mato? Bom, Letícia mesma se internou na clínica onde o pai havia deixado o namorado. Ela disse que ficaria lá, aos pés de uma árvore, pois era lá onde Jonas gostava de ficar e a levaria. Na bolsa dela, Espinosa achou a arma que matou Nesse. Caso resolvido, ou não!