O diabo e a terra de Santa Cruz

O diabo e a terra de Santa Cruz Laura de Mello e Souza




Resenhas - O Diabo e a Terra de Santa Cruz


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BeatrizFonseca1 17/04/2023

Citações


“A descoberta da América talvez tenha sido o feito mais espantoso da história dos homens: abria as portas para um novo tempo, diferente de todas os outros- a nenhum semelhante ,dizia Las Casas – soma-se as já conhecidas África e Ásia uma nova porção do globo, conferia aos homens a totalidade de quem eram parte” (p.21)

“Deste cedo , portanto, as narrativas de viagens aliavam fantasia e realidade , tornando fluidas as fronteiras entre o real e o imaginário : aventuras fictícias como a de São Patrício continham elementos extraídos do mundo terreno, aventuras concretas como as de Marco Polo se extremavam se entremeavam com relatos fantásticos, com situações inverossímeis que, tendo ouvido de alguém mercador acreditava ter vivido” (p. 24)

“ A expansão ocidental caracterizava-se pela bifrontalidade por uma lado , incorpora-se novas terras sujeitando-se ao poder temporal dos monarcas ; por outro, ganhava-se novas ovelhas para a religião e para o papa” (p.32)

“Para efeito de analise, pode-se dizer, que num primeiro nível o europeu vê no ameríndio uma outra humanidade. Um dos principais endenizadores da colônia no século XVI , Gustavo, fala demoradamente sobre a “multidão de bárbaro gentio que semeou na natureza por toda esta terra do Brasil “ enfatizando seus caracteres, negativos ameaçam a segurança dos colonos , combatem com armas na mão toda “todas as nações humanas “ dentre os quais evidentemente não se incluíam ), não sem por pronunciava o f, o L e o R e , por seguinte não tem fé, lei ou rei” (...) ( p.56)

“A violência cotidiana era uma das faces com que se pintava a humanidade –anti-humana dos ameríndios . Humanidade ameaçadora , que colocava os europeus entre o risco de ser flechado ou comido” (p.59)

“Quais os pecados? Vicio da carne- o incesto com lugar de destaque, além da poligamia e dos concubinatos –nudez, preguiça, cobiça, paganismo, canibalismo.” (p.61)

“O novo mundo era um inferno sobretudo por sua humanidade diferente , animalesca, demoníaca e era purgatório por sua condição natural” (p.77)

“Sujeito por mais de meio século á jurisdição do bispado de Funchal, contando , nos subsequentes cem anos , com um único bispado- o da bahia- o Brasil colônia teria nos jesuítas os primeiros organizadores do catolismo”(p.86)

“ O Brasil torno-se –ia , desde então, o refúgio mais seguro para judeus e conversos, ao lado dos países baixos” (p.97)

“ A maior acusão feita contra ele foi a de vender ingredientes necessários ás bolsas de mandiga, que preparava nos campos, fora das cidades em que morava ,com o auxilio do diabo” (p.217)


Texto Crítico


A obra “O Diabo e a terra de Santa Cruz” é escrito por Laura de Mello e Souza, ela faz parte da escola das mentalidades, a obra fala sobre a questão de como ocorreu à colonização no Brasil, explica a questão da miscigenação entre índios, negros e europeus, que gerou a etnia brasileira. Os portugueses foram os pioneiros na navegação, pois tinham se organizado melhor politicamente e possuíam as condições necessárias para isso , como o dinheiro e os navios, durante a viagem eles acreditavam em monstros marinhos, sereias e outros seres estranhos que engoliam homens e levam para o fundo o mar.
Ao chegaram à América por engano, houve um choque muito grande entre as culturas indígenas e europeias, pois eram completamente diferentes. Os colonizadores ao chegarem praticaram á pratica do escambo, ou seja, pegavam o pau-brasil, para extrair uma tinta vermelha, que dava coloração as roupas na Europa e trocavam por instrumento insignificantes , como espelhos, pentes, e outros objetos para os índios.
No continente europeu a igreja católica, estava passando por uma crise de féis, provocando pela contra-reforma e eles também vieram com o intuito de catequisar os índios, para criarem novos féis, que acreditasse na fé cristã, os colonizadores acreditam que os indígenas eram povos, sem alma, sem fé, sem rei, sem lei por isso não existia no vocabulário deles as letras l, r, e f e que por essa razão não detinham cultura e eram considerados povos primitivos e inferiores.
As tribos de ameríndios faziam a pratica da poligamia, que quer dizer ter relacionamentos sexuais, com membros da família, como irmãos, primos, e os jesuítas ao chegaram no território ficaram horrorizados com essa prática e tentaram catequisar os índios e alterar sua cultura, para que eles viessem a ter uma alma, a serem seres civilizados, algumas tribos cometiam antropofagia, que significa comer carne humana, e isso fazia com que os colonizadores tivessem medo dos índios e associassem esse ato ao demônio.
Os colonizadores no inicio achavam, que o novo mundo era um inferno, pelo fato do calor exagerado, da cultura estranha dos índios, pelo motivo que eles andavam nuns e não trabalhavam.
A autora mostra muito durante o livro, que os indígenas mantinham relações sexuais, com os colonizadores, devido ao fato que as mulheres europeias tinham ficado em Portugal, e para o clero isso causou a impureza do sangue europeu, entretanto não tinha como eles manterem o controle dessa situação, pelo fato que existia poucos jesuítas no território.
Os ameríndios tentaram ser escravizados pelos portugueses, entretanto eles resistiram pela razão de conhecerem melhor a região e por isso viviam constantemente fugindo, por esse motivo, os europeus tiveram que ir buscar os negros no continente africano, eles trouxeram muitas tribos de diferentes costumes, para que houvesse um conflito entre eles próprios e os mesmos não poderiam fugir.
A partir da mistura dessas três etnias, houve uma sincretismo de religião muito grande, os negros trouxeram a fé nos orixás , os indígenas acreditam na força dos elementos da natureza e os europeus trouxeram a região católica.
Os jesuítas e padres, que vieram para cá, cometiam muitos atos considerados, errados e por isso estavam perdendo o prestigioso religioso e social como a escritora traz a bailá na página 105 “O descredito em relação aos eclesiásticos talvez fosse atiçado ainda mais pelo número considerável de padres conhecidos pelo mau viver. Nas minas setecentistas foram numerosíssimos , sempre envolvidos em rixas defloramentos, concubinatos, raptos, jogatina, bebedeiras, desataco aos fieis”. Os Indígenas perderam muito de sua cultura, quando foram colonizados pelos colonizadores, sua língua, foi praticamente exista, sua forma de viver foi alterada, mas eles também transmitiram um pouco da sua cultura para o povo branco, como o hábito de dormir em redes e comer mandioca.
Laura argumenta que os europeus acreditavam que os negros tinham relações com o demônio, que o “capeta” se disfarçava de mulher ou homem para enganar e iludir os homens, para que eles cometem o pecado. O livro é muito interessante, pois retrata como eram as relações das pessoas da época, como elas pensavam, agiam, no que acreditavam, etc. O rei português, mandavam para o “Brasil” , todos os seres humanos que eram ruins, como prostitutas, ladrões, bêbados, como uma forma desses indivíduos vierem expurgar seus pecados, aqui funcionava como uma espécie de cadeia para esse tipo de gente, entretanto tinha uma vantagem no território ameríndio, eles tinham a oportunidade de ficarem ricos através da extração do pau-Brasil e depois do ouro na região de Minas Gerias. Também havia a questão da feitiçaria ou macumbas que os índios realizam para curar algumas doenças ou colocar doenças na pessoas.
Existiam uma tensão entre senhores e escravos, devido ao fato da feitiçaria que os escravos faziam, para curar doenças, ou desejar o mal para os outras pessoas, para os donos dos escravos, isso estava relacionado ao capeta, ao demônio. Os grandes proprietários de terra , achavam que o demônio e as era se metamorfose para trazer o mal. A obra é maravilhosa, pois demostra as diferenças no modo de ser, pensar, vestir e se comportar do negro, do índio e do branco, aborda como houve a miscigenação do povo brasileiro, que tem uma cultura tão vasta e variada.




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Jan 01/12/2022

As inquisição, a colonização e as bruxarias
Nesta obra, a autora retrata as investigações da Inquisição sobre 6 casos de bruxaria que foram presos e levados a julgamento. Para tanto, faz levantamento de algumas hipóteses sobre a a miscigenação e sincretismo religioso primeiramente com relação ao índio e, na sequência da obra, sob a visão antropológica das práticas negras.
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Milena.Bessan 07/05/2022

Perfeição
Mais uma leitura da faculdade concluída, e essa foi uma leitura espetacular de se fazer.
A Laura ela consegue ter uma escrita leve e não deixa um único buraco nessa tese de doutorado.
A única razão pela qual esse livro não foi cinco estrelas, foi a quantidade de vezes que ela repetia as mesmas questões.
Esse é um livro que é capaz de fazer você compreender as origens do candomblé aqui no Brasil, e o preconceito que existe com essa prática.
Foi um livro surreal
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Jean Silva 15/05/2020

"Deixando pelo caminho mortes e sofrimentos atrozes....
....o longo processo de aculturação acabou por fundir sabás, missas e calundus."

A obra é de fundamental importância no estudo do processo de formação do Brasil. A autora retrata de maneira excelente (por sinal, o livro é muito bem escrito) o sincretismo religioso, as perseguições e os subterfúgios no que concerne a crenças e costumes (principalmente de escravos) que estiveram presentes no Brasil Colônia.
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Hadryedja 31/12/2018minha estante
Melhor comentário.




Edy Marques 15/10/2014

Livro sensacional, muito instigante. Indico a leitura para os amantes da história cultural, história das mentalidades.
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Leo Carrer 19/12/2012

Torturas em nome de deus
A Idade Média faz parte de nosso imaginário. Especialmente no que diz respeito à Inquisição. A caça às bruxas, torturas, mortes na fogueira são sempre retratados em filmes e livros com esta temática. Mas foi na Idade Moderna que a perseguição da Inquisição teve seu auge. Pouco sabemos do que efetivamente foi este período, do clima de insegurança e perseguição generalizada promovidos pela instituição católica. E, principalmente, pouco sabemos das torturas que ocorriam nos porões da Santa Inquisição, com o objetivo de obter as confissões de bruxas, práticas de feitiçarias e pactos demoníacos, tudo sob a supervisão da Santa Igreja Católica.

Leia na íntegra: http://antitelejornal2.blogspot.com.br/2012/12/torturas-em-nome-de-deus.html
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Rivanio.Raimundo 19/04/2011

Uma excelente obra do estudo da Historiagrafia brasileira, que apresenta a face religiosa da colonização da Portuguesa na América. A colônia como o purgatório, o lugar que os portugueses vinham purgar seus pecados e ao mesmo tempo fazer a catequese dos indios, transformando em Cristão católicos e fazendo uma espécie de limpeza religiosa da colonia, que caracterizada como diabolica. Ao estudar essa formação religiosa, ocorre uma abordagem da religiosidade popular na colonia, que é expressada pela contribuição da religiosidade indigena, negra africana e a imposição da Religião Católica pelos Portugueses, aqui formar um misto religioso caracterisco que este estudo apresenta de forma peculiar e impresionante. É um livro que tudo Históriador deve ler e estudar e fazer parte de sua formação acadêmica e profissional. Uma espetacular Obra de Históriagrafia.
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