O fio das missangas

O fio das missangas Mia Couto




Resenhas - O Fio das Missangas


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Anica 15/02/2011

O fio das missangas (Mia Couto)
O lado negativo de gostar muito de uma forma de narrativa é que o leitor faz dela sempre sua primeira opção de leitura. E aí, anos e anos depois, começa a encontrar dificuldade em se surpreender. O prazer da boa leitura ainda está lá, alguns textos são de fato excelentes. Mas falta aquele “algo a mais” que te faz pensar “Como é que não conheci esse escritor antes?”. Foi justamente o que aconteceu comigo ao ler O fio das missangas, de Mia Couto. Gosto muito de contos, mas a verdade é que há tempos não sentia essa sensação de descoberta, da inclusão de mais um nome da lista de favoritos de todos os tempos.

A prosa de Couto é quase poesia. Nem tanto pelo ritmo, mais pelas imagens que evoca – o fantástico no cotidiano apresentado de maneira leve, suave. Muito cabe à interpretação do leitor, somada a verdadeiros quadros-ideias. Trata-se de algo que normalmente escritores só conseguem em um poema, como dá para ver na abertura do conto Inundação:

"Há um rio que atravessa a casa. Esse rio, dizem, é o tempo. E as lembranças são peixes nadando ao invés da corrente. Acredito, sim, por educação. Mas não creio. Minhas lembranças são aves. A haver inundação é de céu, repleção de nuvem. Vos guio por essa nuvem, minha lembrança."

O estilo de escrita de Couto flui e é belo. Essa beleza ao ser lida equivale a contemplar um amanhecer ou um pôr-do-sol: é o cotidiano, mas cheio de mistérios. É simples mas lidando com sentimentos complexos. Cheio de silêncios que dizem muito. Há um equilíbrio entre o preso e a leveza, conduzido por personagens que poderiam ser qualquer um. A viúva de O cesto, Filipão Timóteo em A carta de Ronaldinho1, ou a matriarca de Enterro televisivo.

Interessante também é que Mia Couto consiga ir além de uma representação de sua terra natal (Moçambique), fazendo histórias sem lugar, universais. Embora ele situe o espaço em um conto e outro, como em O novo padre, a verdade é que poderiam ocorrer em qualquer país, qualquer cidade. Mais do que isso, há uma certa familiaridade, como se algumas personagens já tivessem povoado histórias da nossa cultura, como acontece com o mulherengo do conto que dá nome ao livro, O fio das missangas.

É esse conto que apresenta uma das passagens mais bonitas escritas por Couto: A vida é um colar. Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas. São sempre tantas, as missangas… A frase poderia também se encaixar ao ofício do escritor, sendo suas histórias as missangas. No caso de Couto e sua coletânea, são tantas, e tão lindas as missangas.

Realmente apaixonante e imperdível. É sempre um prazer descobrir escritores que conseguem ir além da contação de histórias, mas usar as palavras como um pintor usaria sua tinta, fazendo do texto arte, pura e simplesmente.
Mari 31/05/2021minha estante
Como faz pra ler?


Aline Maciel 22/01/2024minha estante
Que lindo o seu texto sobre o livro... Um deleite! Obrigada




Vih @quemevclivro 21/09/2021

Gosto como as histórias tecem reflexões sobre a vida e sobre problemas reais. Gostei ainda mais das muitas metáforas usadas e de como me fazia atribuir sentidos.
Sem dúvidas uma experiência proveitosa!
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Giovanna 29/10/2023

O fio das missangas
Eu particularmente sou apaixonada pelos livros e o estilo de escrita do Mia Couto. Encontrar esse livro na biblioteca da faculdade me fez feliz. São contos super curtos, cada um com uma mensagem e uma reflexão diferente, trazendo personagens e enredos que em poucas páginas te prendem.
De todos os contos, O mendigo sexta-feira jogando no mundial é o que eu considerei mais emblemático e forte, mas cada um, da sua forma única, é marcante.
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Sarah 31/01/2021

Primeiro livro de Mia Couto que leio; certamente não será o último. É daquelas leituras que te faz amar a língua portuguesa e tudo que ela permite - seus significados, sua poesia, seu humor e melancolia.
Meus contos preferidos foram: As três irmãs, O cesto, Inundação, Na tal noite, O adiado avô, A despedideira, O menino que escrevia versos
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DIRCE 25/07/2015

Povos infelizes também produzem pérolas.
Mia Couto em O Fio das Missangas faz com que o leitor “ouça” os gemidos doloridos que emanam dos peitos das personagens dos 29 contos que fazem parte dessa obra. Personagens que representam o povo sofrido da Moçambique de Mia Couto, e , por ser ele um escritor dotado de sensibilidade impar, faz questão de ser o porta-voz desse sofrimento e essa é a razão do seu discurso recorrente que abriga a subjugação das mulheres,a fome, o incesto, o preconceito, o pragmatismo que leva à desumanização, a injustiça, o cerceamento dos sonhos , e também o sonho como fuga. Sim, o discurso é recorrente, mas graças ao seu talento para contar histórias e a sua alma do poeta, Mia Couto consegue se diferenciar e , a cada parágrafo, a cada frase, nos surpreende, nos emociona, e muitas vezes, nos leva ao riso.
Merecem destaques os Contos: “As três irmãs”; pela originalidade e inusitado final, “A saia amarrotada”; fiquei condoída com a dor da jovem que, apesar dos pesares, ainda acreditava que um príncipe a amaria e a chamaria por um nome, pois até um simples nome lhe fora negado, “ O homem cadente”; mau grado a miséria , um humor discreto se entremeia ao surrealismo na narrativa do “ suicídio” de um “herói” da miséria , e, finalmente, “ O menino que escrevia versos”; esse... dolorido, mas, tal qual o médico, eu queria mais.
Mia Couto abre esse livro dizendo: "A missanga, todos a veem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo." Entendi muito bem essa metáfora, mas não acho que ela faz jus aos contos. Missanga é uma pedra tão vulgar...Os 29 contos estão mais para pérolas. Li algures que as pérolas surgem do sofrimento das ostras, então por quê não comparar os Contos dessa obra com pérolas, já que também eles surgiram do sofrimento? Sofrimento que advém de um povo castigado e nos fere sobremaneira, consequentemente, nos vemos comungando com esse sofrimento. Rubem Alves disse: Ostra feliz não faz pérolas, e, eu, ousadamente me permito “parafraseá-lo” dizendo: povos infelizes também levam a produção de pérolas. Não é mesmo, Mia Couto?
Marta Skoober 25/07/2015minha estante
Gostou?


Arsenio Meira 26/07/2015minha estante
Dirce, é isso! Da infelicidade, lato sensu, os grandes escritores nos trazem notícias, um painel obscuro e lamentável. E num assombro, cabe-nos pensar sobre tudo e nós mesmos e principalmente pensar no outro. Abraços


Ana 26/07/2015minha estante
poxa, nunca consegui ler Mia Couto. Mas esse ainda não tentei ...


DIRCE 26/07/2015minha estante
E que grande poetaescritor é o Mia Couto, Arsenio. Quando termino a leitura de um livro dele, não consigo entrar no clima de outro. A época da inocência que o diga.


DIRCE 26/07/2015minha estante
Ana, no começo é estranho, reconheço, mas depois se torna viciante.


DIRCE 26/07/2015minha estante
Se gostei, Marta? Gostar é pouco. Amo ler Mia Couto. Dos escritores vivos ele é meu favorito. Ele conseguiu superar José Luiz Peixoto que também amo de paixão.


Arsenio Meira 26/07/2015minha estante
Eu também, Dirce. É, literalmente e ao mesmo tempo, um poetaescritor. Prosa que é poesia. Poesia que é tudo.


Simone 20/12/2015minha estante
Vou começar a ler hoje mesmo, Dirce. Suas recomendações de leitura são imperdíveis!




Isabel.Maciel 19/08/2021

Confesso que não curto muito ler contos, li apenas para fazer um trabalho de literatura pra escola, mas acabei gostando. Tive dificuldades para entender alguns contos, talvez porque não estou muito acostumada com a linguagem usada neste livro. É uma leitura tranquila e curtinha, não sendo necessário ler os contos na ordem em que aparecem. é uma leitura válida.
"Vale não haver escassez de loucos. Uns seguindo-se aos outros, em rosário. Como contas de missanga, alinhadas no fio da descrença."
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Tamy Vial 21/04/2020

Intercale a leitura =)
Gosto muito do estilo de escrita do Mia Couto, esse livro possui contos maravilhosos mas todos em ritmo um pouquinho previsível, por isso recomendo que intercale a leitura. Minha preferência continua nos romances do autor.
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Ana 27/08/2021

Nesse livro Mia Couto nos apresenta 29 contos, todos escritos de uma forma bem poética, lírica e bem simples. Adorei o livro, é uma leitura que flui e é bem agradável.
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André Vedder 03/02/2010

Os contos de Mia Couto são mágicos, assim como sua escrita, cheia de poesia...um dos escritores mais encantadores que conheço.
Karana 24/12/2014minha estante
O Mia é apaixonante! rs




Mariana 20/06/2020

Gostei muito dos contos.
Leves e divertidos, trazendo muitas reflexões mais pesadas mesmo assim. A narração me lembrou muito o estilo de crônica, o autor faz parecer que tudo está sendo contado pra gente, como pequenas histórias e fofocas de familiares e amigos, trocadas quando reunimos.
Gostei muito dos temas abordados e da escrita mais informal e cheia de neologismos do autor. Com certeza procurarei algum romance dele para o conhecer melhor.
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Martha.Lima 03/02/2021

O livro é bem peculiar. Alguns contos tive uma certa dificuldade (talvez por não estar acostumada com a escrita do autor) e outros momentos fiquei bem encatadas com as histórias.
A melhor sensação do livro é que nada é comum e esperado. Todos personagens com suas sensações e vivências únicas, fazem das histórias algo diferenciado e enriquecedor para o leitor.
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JAlia372 27/09/2022

Li para a escola e não gosto muito de contos,mas mesmo assim tem contos bons.
Os contos que eu consegui gostar foram "A infinita fiadeira", "O menino que escrevia versos" e "Uma questão de honra"
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Marcos Nandi 23/03/2020

Mia Couto sendo Mia Couto.
A escrita lírica do Mia Couto é sempre incrível.
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Beatrizjesus 13/09/2023

"Hoje quem passa pelo bar de Matakuane pode certificar: chorar é um abrir do peito. O pranto é o consumar de duas viagens: da lágrima para a luz e do homem para uma maior humanidade. Afinal, a pessoa não vem à luz logo em pranto? O choro não é a nossa primeira voz?
[...] a solução do mundo é termos mais do nosso ser. E a lágrima nos lembra: nós, mais que tudo, não somos água?" (Do conto "Os machos lacrimosos")
Lis 16/09/2023minha estante
????




euviamapola 23/08/2023

O melhor "contista" do mundo!
Me apaixonei por Mia Couto quando li, pela primeira vez, "O Menino Que Escrevia Versos", influenciada totalmente pela minha mãe. Fiquei apaixonada pela história do menininho poeta e o médico que o pegou pra ele, pois me senti representada visto que me curo e realizo meus sonhos com a escrita faz 24 anos.
Mia Couto é inteligente e criativo, consegue nos deixar reflexivos em três páginas ou quatro. A cada final de conto eu preciso fechar o livro, fazer uma cara de surpresa e dizer em voz alta: "Meu Deus esse cara é fod*!"
Recomendo essa e todas as suas outras obras.
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