Flah 30/01/2014A Zona Morta - Stephen KingJá faz algum tempo que meu namorado vem me falando do Stephen King e de seus aclamados livros. Aliás, eu mesma muitas vezes me pego envergonhada por ainda não ter lido nenhum deles. Afinal, não é um estilo muito longe do que eu gosto. Portanto, em uma de minhas últimas viagens ao Rio, peguei emprestado com a minha avó – olha ela aqui de novo xD – “A Zona Morta”, uma das obras que ela já vinha me indicando a algum tempo. E, como normalmente eu faço com livros emprestados, coloquei-o no topo de minha lista de próximas leituras. O resultado foi algo que beira a paixão e ao ódio, mas... Vamos por partes. (:
A Zona Morta conta a história de um professor que sofre um trágico acidente de carro e acorda quatro anos e meio depois, quando todos já nem acreditavam mais em sua recuperação. Aliás, quando Johnny acorda sem nenhuma lesão aparente, a surpresa é geral e ele é submetido a diversos testes e tratamentos com os melhores médicos do país. Porém, o estrago maior aconteceu psicologicamente e não fisicamente, pois, ao acordar, Johnny vê a sua vida toda de cabeça para baixo: a garota que amava seguiu em frente, casou-se e teve um filho; sua mãe adoeceu e ficou mentalmente desequilibrada; sua carreira foi desfeita. Absolutamente nada restava de sua antiga vida. Aliás, tudo era novo demais, principalmente quando ele se descobre dotado de um dom – ou seria maldição – de prever coisas que vão acontecer, de achar objetos perdidos, ou rever memórias. De repente, Johnny se vê afundado em cartas e notícias de jornais sobre seu misterioso presente e, então, sua vida se torna de vez uma verdadeira bagunça.
O livro é, no mínimo, estranho. Quero dizer, não exatamente estranho no sentido pejorativo da coisa. A história é muito bem narrada. As descrições, as ações, os personagens... Tudo te faz ter uma noção exata daquilo que o narrador quer passar. Stephen consegue realmente criar o ambiente e dar vida a ele de forma que chega a ser deslumbrante. O único problema é que, para isso, ele enrola demais o livro. Veja bem, a versão que eu li (a de bolso) tem 610 páginas, a história propriamente dita – com o político, a visão apocalíptica e tudo o mais – começa à partir da 471. Sério, eu escrevi um post-it na página comentando isso. Você simplesmente passa o livro inteiro dando voltas e mais voltas antes que ele finalmente resolva que as páginas já se estenderam demais e esta na hora de concluir a história.
Veja bem, isso não é algo ruim. A enrolação é pertinente, já que, com ela, você vai lentamente evoluindo junto ao personagem, sentindo com ele tudo aquilo que o faz mudar e tomar as decisões que ele acaba tomando. O problema é que é enrolação demais. Tem muitas passagens completamente desnecessárias que servem pura e simplesmente para encher as páginas e fazer a obra parecer maior. Isso torna a leitura muito chata e, por vezes, confusa. Eu já tive uma experiência traumática com “A Hora das Bruxas”, chegar às desesperadoras 400 páginas do livro sem ter nem começado a história quase me fez abandonar a leitura.
Um ponto positivo para o autor é a boa estruturação de seus personagens. Todos têm personalidades bem feitas; mutáveis, mas não exageradas ou descuidadas. Há uma malícia intencional em todas as pequenas mudanças que ocorrem neles durante a história, algo cuja enrolação ajudou a tornar mais sutil, porém, notável. Não tive muitos afetos, mas também não tenho o que reclamar de nenhum deles. Exceto a mãe de Johnny, que eu juro que estava me dando nos nervos com a sua paranoia.
Em geral, o único defeito do livro foi perder o encanto de uma história bem bolada com páginas alongadas de enrolação. O final, apesar de um pouco previsível, causou arrepios e horas de meditação pós-leitura. Eu não o recomendaria para pessoas que preferem leituras rápidas e intensas. É, algo para ser lido quando se tem mais tempo e paciência, mas que não deve ser desprezado por se tratar de um livro mais lento.