Resenhas - Perto Do Coração Selvagem

EVELLIN30 14/04/2024

CONECTANDO-SE
O quê falar dessa leitura?..
No início do livro é quase como o "manual " de entendimento da história que se passará ao decorrer deste.
Mim sentir perdida na escrita e na história em muitos momentos,mas logo os pontos iam se ligando e ia mim reencontrando na história, a Clarice é intensa,profunda e inteiramente fora da realidade!leitura ainda densa e um pouco difícil sendo que está é a primeira obra que tenho contato escrita por Clarice.
Ganharia 5 estrelas facilmente.
Porém ainda estou "conectando-se"
Não é questão de inteligência, é sentir.
"a dor de hoje será amanhã tua alegria; nada existe que escape à transfiguração"
Cl

Bluemaria 14/04/2024

Ela nada esperava. Ela era em si, o próprio fim.
Simplesmente perfeito!! Amo a escrita da Clarice, ela consegue te prender a cada frase.
Me conectei fácil com o livro, também conseguir compreender a Joana, ela não vê sentido na vida, é vazia, complexa, imutável e intensa. Ao decorrer você começa a se identificar com ela e entendê-la.
O livro é tão real e intenso, um sentimento indescritível, uma outra visão de mundo.
Clarice não é pra entender, e sim, sentir. Com certeza minha autora favorita.?

Kael.Paulino 13/04/2024

?Liberdade é pouco. O que eu quero ainda não tem nome?
Clarice Lispector com C maiúsculo. Essa é uma obra muito visceral, muito crua. Percebo, após a leitura, o quanto as outras obras possuem, em especial A Paixão Segundo GH, marcas originadas a partir de Perto do Coração Selvagem. Clarice é sentimento, não se lê apenas por ler. Pensando dessa forma e na importância da obra para a literatura brasileira, avalio com quatro estrelas. Porém, confesso que, desconsiderando esses fatos, eu avaliaria em três e meio. É preciso muita paciência, porque o livro traz uma gama de fluxo de consciência que não levam a lugar nenhum. Inclusive, se o livro fosse composto pelo início e pelo fim, não se adentrando tanto na relação da protagonista com o Otávio, vista no meio do livro, seria uma obra ótima de leitura e reflexão.

Raquel 10/04/2024

Para além do entendimento, o sentir
Me sinto principalmente arrasada. O que essa mulher faz com as palavras e sentimentos não só da personagem, mas principalmente do leitor, não tá escrito?

?Clarice é sobre sentir e depois tentar entender, ou sobre não entender e sentir de alguma forma.?

Bianca1771 10/04/2024

Joana
Joana é enigmática, acho que ela não vê sentido em viver, já que no último capítulo fala de como ela estava em busca de um sentido ou de possiveis objetivos. A história com o pretendente Otávio e seu amante sem nome, ou o fato de ter furtado só mostra como ela não liga para.... eu diria "Regras socias". Acho que Joana é uma mulher vazia, ela não apresenta ter uma relação profunda com nenhum dos personagens. Ela apenas busca prazeres momentâneos para se sentir mais viva.

Bia 09/04/2024

Misto de emoções, perdida numa imensidão.
O primeiro livro publicado por Clarice e o primeiro que li dela. Para ser honesta, acho que eu acabei terminando o livro com a sensação de não ter aproveitado cada detalhe, ainda assim aproveitei bastante. Joana nos faz mergulhar na sua vida de uma maneira intensa, em muitas passagens da obra fiquei me perguntando se quem estava sentindo tudo aquilo era Joana ou se era eu mesma. Difícil não bater uma certa identificação nesse aspecto de se perder dentro da própria mente, num turbilhão de pensamentos. Em alguns momentos me perdi um pouco na narrativa, fiquei confusa, mas acabei me encontrando outra vez. Acredito que até essa confusão nos conduz de encontro com a protagonista. Acho que por enquanto é isso pessoal, espero ler novas obras da Clarice, vale muito a leitura.

Wane 07/04/2024

Me questiono se eu li do jeito certo
Este é o primeiro romance publicado da Clarice e acredito que isso explica muita coisa da sua narrativa que foi, por muitas vezes, confusa e sem sentido.
Foi meu primeiro contato com fluxo de consciência e eu achei extremamente interessante, mas me questiono que se eu tivesse lido em mais tempo e com mais calma se não teria saboreado melhor esta história.

paula1735 04/04/2024

Intenso
"Ser feliz é para se conseguir o quê?"

o primeiro livro de Clarice é intenso, revolucionário, forte, poderoso e um tanto doloroso. Primeira vez que na vida que um livro foi capaz de me doer profundamente, me vi em Joana, em seu pai, em Otávio, sua amante. me vi em suas paisagens, em seus céus, em cada palavra e sentimento.

emymiranda 29/03/2024

ESPLÊNDIDO!
Esse livro me trouxe muitas (muitas mesmooo) reflexões, foi uma escrita nova que eu ainda não tinha tido contato, uma escrita que te conecta com a personagem falada no livro, que faz sentir o que ela sente e até se identificar com tal.
eu amei essa primeira impressão com a primeira obra publicada da Clarice Lispector, eu admito que preciso ler mais obras dela, porque é perfeito!
(esse livro vale muito mais do que 5 estrelas, pode apostar!)

Lila 29/03/2024

Leitura densa e cativante
Joana, Joana. Como explicar Joana?

Que livro gostoso de ler. Confesso que do meio para o final senti a leitura empacar, mas aconteceu mais por falta de tempo do que por culpa do livro, que conta a história de Joana, uma mulher que está descobrindo o mundo, certa de quem é e do que quer. Joana enfrenta de peito aberto e cabeça erguida a opinião alheia que a julga como uma víbora, por ser direta e prática no que faz, como sente e vive. Ao enfrentar uma traição, logo trata de entender o que sente e renascer mais forte da situação. Aprendi muito com Joana, sobre medos, incertezas e essência. Recomendo a leitura, em doses homeopáticas.

cosmic guy 28/03/2024

"Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome"
Não esperava nada e entregou tudo. Não tem como esperar menos de Lispector não é mesmo?
Neste livro tem frases que tocaram intimamente no fundo do meu coração e desde o começo ao fim me apeguei a leitura de uma forma surreal. Simplesmente incrível!

vertisus 26/03/2024

?vou continuar, é exatamente da minha natureza nunca me sentir ridícula, eu me aventuro sempre, entro em todos os palcos?.

diva

SraLisStark 26/03/2024

REFLEXÃO SOBRE A AUTENTICIDADE E A BUSCA PELA LIBERDADE DE SER
REFLEXÃO SOBRE A AUTENTICIDADE

Ser livre era seguir- se afinal, e eis de novo o caminho traçado. Ela só veria o que já possuía dentro de si. Pág.10

O Que é ser selvagem? E o porquê de se estar perto dele? Talvez nem Clarice soubesse o impacto das palavras escolhidas, desse jogo de tantos significados, desse caleidoscópio de sensações que vão desde a estranheza ao reconhecimento. No fim, estamos tão distantes dessa selvageria, pois passamos a olhar Joana e reconhecer nela nada mais do que a nós mesmos.

Através das pistas deixadas ao longo do texto é possível deduzir que o que Clarice convencionou chamar de SELVAGEM, nada mais é que a essência autêntica de uma pessoa, seu verdadeiro e indomesticado eu, não oprimido ou refreado pelas convenções sociais. Aquilo de mais puro e real na obra, assim, nasceu Joana.

A BUSCA PELA LIBERDADE DE SER

"Tudo o que possuo está muito fundo dentro de mim. Um dia, depois de falar enfim, ainda terei do que viver? Ou tudo o que eu falasse estaria aquém e além da vida? Tudo o que é forma de vida procuro afastar. Tento isolar-me para encontrar a vida em si mesma.” Pág. 18

Joana é retratada como essa pessoa autentica, ansiando por liberdade de ser e de ter uma compreensão mais profunda de si mesma, mesmo que isso a leve a desafiar as expectativas da sociedade ou que choque as pessoas, a sua volta, pois seu interesse está em ser. Ela está em sua jornada particular em busca do que significa existir e ser, o porquê disso e daquilo.

A construção que Clarice faz na obra a torna singular e dentre elas eu gostaria de destacar o Fluxo de Consciência, que foi essencial para mergulhar na mente de Joana. Essa permissão para o leitor de acompanhar os pensamentos e as associações de ideias da protagonista em tempo real, oferecendo uma visão imersiva de sua experiência interior e entender melhor Joana nos aproximou dela, é claro que ainda há uma certa estranheza ao olharmos para a personagem, mas ela é abrandada quando a olhamos com seus próprios olhos e estranhamos as coisas com o seu estranhamento.

O uso de Fragmentação Em Eventos, essa forma episódica torna a narrativa fragmentada, com eventos e memórias sendo apresentados de forma não linear. Forma essa que se adequa a própria estrutura da personagem que soa como esse caos, essa desordem os eventos narrados soam mais como algo marcante para a personagem, de acordo com seu grau de importância e sem qualquer relação com a importância cronológica.

O romance é dividido em três fases distintas, cada uma representando uma fase específica da vida de Joana. Essa estrutura tripartida permite a Lispector explorar o desenvolvimento psicológico e emocional de sua personagem ao longo do tempo, desde a infância até a idade adulta. É possível perceber as mudanças de vozes e posturas da personagem, o que a torna viva.

Ser viva a ponto de viver conflitos, muitos deles com seus próprios pensamentos. Ser viva a ponto de desejar, sonhar, construir, refletir… Clarice/Joana, nós visitamos questões profundas sobre identidade, alienação, solidão e a busca pelo significado na vida, além de questões de natureza feminina como a maternidade e o elo com masculino.

Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome. Sou pois um brinquedo a quem dão corda e que terminada esta não encontrará vida própria, mais profunda. Procurar tranquilamente admitir que talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas. Ou senão morrerei de sede. Talvez não tenha sido feita para as águas puras e largas, mas para as pequenas e de fácil acesso. E talvez meu desejo de outra fonte, essa ânsia que me dá ao rosto um ar de quem caça para se alimentar, talvez essa ânsia seja uma ideia e nada mais. Pág. 58

Devemos ter em mente o contexto da obra, que foi escrito em meados do século XX, publicado em 1943. Período prolífico para do desenvolvimento do existencialismo, que aparece na obra apresentando uma certa Angústia Existencial que é uma característica central da corrente filosófica. Temos essas tais marcas por meio das reflexões e questionamentos de Joana sobre sua própria existência, suas relações com os outros e o significado da vida. Joana frequentemente se sente desconectada do mundo ao seu redor, lutando para encontrar um propósito ou significado em sua existência.

Se tratando de existencialismo, não poderia deixar de citar Camus que absorve esse tema e expande as fronteiras, criando conceitos que se encaixam nesse quebra-cabeça de tal forma que eu poderia ouvir Joana proferir as palavras escritas por ele…

"Posso negar que tudo desta parte de mim que vive de nostalgias incertas, menos esse desejo de unidade, esse apetite de resolver, essa exigência de clareza e de coesão. Posso refutar tudo neste mundo que me rodeia, que me fere e me transporta, salvo o caos, o acaso-rei e a divina equivalência que nasce da anarquia. Não sei se este mundo tem um sentido e o ultrapassa. Mas sei que não conheço esse sentido e que por ora me é impossível conhecê-lo. O que significa para mim significação fora da minha condição? Eu só posso compreender em termos humanos. O que eu toco, o que me resiste, eis o que compreendo" 

– CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo. Página 88.

Joana é essa estrangeira que experimenta do absurdo e que esgota as possibilidades de sentidos que a sua imaginação pode criar sendo fiel a si mesma.

site: https://cafelibrarium.substack.com/p/perto-do-coracao-selvagem

sleepinthegarden 26/03/2024

"O que não sou deixaria um buraco enorme na terra."
Fato de Clarice ser tão jovem ao escrever um livro tão complexo me pega de um jeito inexplicável. 

Ela criou Joana complexa e completa, uma personagem que é quase intocável, mas na maior parte do tempo, é muito fácil se conectar com ela, se identificar com os sentimentos dele, que o tempo todo parece ser muito palpável.

Todo o livro é carregado de um sentimentalismo, de uma realidade incrível, a percepção sobre o mundo, tudo nesse livro, de alguma forma, é real demais pra mim.

Clarice é brilhante demais na escrita, ela escreve com intimidade e com mestria, sempre deixando para o leitor uma experiência linda.

EWYGG 24/03/2024

É um livro lindo. O modo como ela escreve faz eu lembrar de como enxergo a vida e me vinham lembranças da infância que eu não sabia que eu tinha. Ainda mais porque às vezes achava pesado de ler , pois é muito sentimento em poucas palavras.muito peso.
O livro por si só é incrível de se ler.