Leitor Cabuloso 26/08/2012
Saudações, caros leitores! É um prazer postar mais uma resenha neste novo “lar”, pois comecei aqui como um visitante/leitor e agora tenho a honra de fazer parte da equipe do Leitor Cabuloso. Agradeço também à Priscilla, pois ela me cedeu espaço no Policial da Biblioteca para expor as minhas reflexões sobre livros, filmes etc e por este meio foi que acabamos chamando a atenção do Lucien e da Serena. Espero que consiga contribuir muito para o crescimento do blog e trazer resenhas sempre de qualidade para vocês. Antecipadamente agradeço a atenção de cada leitor em ler a minha humilde análise literária. Agora, vamos ao que interessa mesmo…a resenha!
O livro em questão é “Entre o Amor e a Fé” da escritora Janice Ghisleri. A obra me chamou a atenção devido à trama que nos oferece uma história de amor com traços de conspiração, além, claro, de uma pitada de sobrenatural. A tensão que fica explicita no título do livro é um traço que deixou o desbravamento das páginas interessante e reflete bem as dualidades do ser humano. Aliás, vale salientar que os personagens deste livro são profundamente humanos, passíveis de erros gritantes, ações movidas por capricho ou pensamentos egoístas.
O romance em “Entre o Amor e a Fé” possui momentos extremamente ternos, ou seja, utiliza-se de um molde já muito popular, porém alterna com instantes de emoções impetuosas, onde a razão é sacrificada em nome do desejo mais voraz do outro, sentir o calor de seu corpo e todas as escalas do prazer. Todavia, isso não chega a ser algo agressivo ou construído somente para mobilizar os leitores vorazes que se deliciam com romances mais apimentados. A Janice usa a paixão que consome alguns personagens para evidenciar o conflito de forças que é o cerne da obra.
O início do livro não poderia se dar de forma melhor, considerando a atmosfera da obra, e nesse momento começamos a experimentar um gosto do que está por vir, pois damos os nossos primeiros passos na obra ao lado de um casal que por um acaso (ou será que há destino?) acabam presenciando o momento em que um segredo se revela ao sol, literalmente. Sou um leitor que observa muito os livros que lê e sempre está atento a qualquer possível simbolismo, sei como os escritores às vezes amam inserir isso em seus textos para estimular a mente do leitor.
Depois somos apresentados à encantadora Marien Stewart, uma historiadora e arqueóloga dotada de uma inteligência tão excepcional quanto os seus encantos físicos. Marien é uma mulher irônica, crítica, autoconfiante, enfim, uma mulher que se considera a proprietária absoluta de seu destino. É muito divertido, confesso que em alguns momentos cheguei a rir, ver como a nossa heroína passa de uma personagem alicerçada em opiniões claras para uma série de acontecimentos turbulentos que além de afetá-la fisicamente, começam a modificar gradualmente a sua percepção do que pode ser real e dos sentimentos que guarda em seu coração.
O enredo envolve vários personagens, mas resumidamente tudo acontece ao redor de três: Marien, Urs Barker e o padre Sebastien Caseneuve. Os personagens secundários funcionam bem como ganchos no livro e em algumas cenas roubam um pouco os holofotes para si, mas para ser sucinto em minha resenha, opto por frisar o que há de mais importante. Urs Barker é o ex-marido de Marien, um homem vaidoso, bem humorado e que gosta de se apresentar sempre de forma elegante. Quase uma espécie de cavaleiro montado no cavalo branco dos tempos modernos. Urs é um personagem que sabe usar o seu sex appeal e provavelmente uma figura com a qual todo o público feminino vai suspirar. O relacionamento de Urs e Marien atualmente é algo aberto, sem cobranças, porém isso não impedi que o ciúme às vezes seja quase como um espinho no pé e isso faz os ânimos ficarem mais ardentes. O padre Sebastien entra como um terceiro ícone que faz a roda da história acelerar e também é uma personagem muito carismática, mas que inicialmente apresenta um jeito mais discreto e de poucas palavras, somente o necessário. O padre esbanja simpatia ao longo das páginas, um intelecto admirável e em pouco tempo começa a sentir um forte conflito de sentimentos, dividido entre o dever com a igreja e uma estranha sensação que em todos os seus anos a serviço do Vaticano jamais o assolou.
As ruínas na Itália é o terreno de partida para o ápice da história e o clima de ancestralidade do lugar somado às divagações históricas de alguns personagens são atrativos na narração da autora e causam curiosidade sobre alguns temas como templários, deuses pagãos e muitos outros temas que são mencionados. Nesse aspecto o livro é uma boa leitura, pois incentiva a ir além dele mesmo e isso claramente torna o leitor uma pessoa culturalmente mais enriquecida. O fator sobrenatural é um caminho pelo qual Janice decidiu guiar a sua obra, mas o que importa mesmo aqui é como o amor verdadeiro se prova a força mais poderosa de todas, uma força além de qualquer obstáculo, seja a religião ou qualquer outro motivo, pois o amor basta a si mesmo e quando amamos estar com a pessoa amada torna toda a existência algo esplendoroso.
O livro realmente é um romance com todo o desenvolvimento dos enlaces bem escrito. O final provavelmente deixará um sabor diferente para cada leitor, dependendo de por qual personagem se criou mais afeto. “Entre o Amor e a Fé” ganhará três dos cinco selos cabulosos. Pessoal, leiam o livro, pois é um romance divertido e se você for um fã do gênero irá apreciar mais.