Quésia Mello 03/06/2013
Resenha, O Discurso do Rei, Mark Logue e Peter Conradi
Bem, a primeira coisa que posso dizer sobre esse livro é que sua capa – e titulo – são uma propaganda enganosa.
Não, o livro não é ruim. Entretanto, se você acha que vai ler nele a história do rei George VI desde sua sofrida infância com a gagueira e todos os problemas seguintes que isso lhe trouxe, está enganado. Outro ponto que se deve saber é que diferente dos filmes que são baseados nos livros, esse livro foi baseado no filme.
No livro “O Discurso do Rei” somos apresentados ao senhor Lionel Logue. Um austríaco – isso mesmo, ele não é um britânico - fascinado pela fala e pelas formas de cura de todos os problemas que as pessoas podem ter ao falar, inclusive a gagueira.
É claro, em vários momentos do livro, em geral após que Lionel ganha a confiança do rei e acaba por se tornar um apoio e um homem de total confiança, os relatos passam a ser mais sobre como o rei sofreu preconceito de toda família – inclusive do pai, o rei George V – e como gostaria de ser mais como o seu irmão mais velho, mais altivo e confiante – tirando os escândalos que o levaram a abandonar o trono, é claro – a falta de confiança que todos tinham nele e até mesmo o medo das pessoas de que ele assumisse o reinado e fosse um fracasso total.
No livro – diferente do filme, desculpa aê falar – o autor diz que até hoje não há nenhum documento ao certo – relatórios ou principalmente cartas – que dizem quem apresentou os trabalhos de Logue ao Rei George, tudo o que se sabe é que de alguma forma – direta ou indireta – a rainha mãe Elizabeth têve um papel fundamental em todos os momentos do tratamento de seu marido e especula-se que ela apresentou ambos, após uma amiga ter feito a indicação.
O livro em si não é ruim, mas é repleto de datas e pronomes de tratamento. Além disso, não é um romance. O livro é baseado nas cartas que Logue escrevia para familiares e para o rei, falando sobre como andava o tratamento, os métodos que empregava ao rei, a evolução do rei em seus longos discurso e a sua vontade de ver-se curado. Mas tudo é muito Logue e pouco George VI.
Outra coisa relevante no livro, é que ele se passa no fim da Primeira Guerra Mundial e inicio da Segunda Guerra Mundial. Ou seja, são muitas cartas e recortes de jornais com datas, pronomes de tratamento, lugares... e no fim acaba por se tornar mais um livro de história do que todo o resto. É preciso que o leitor entenda que “O Discurso do Rei” é uma reunião de documentos encontrados pelo neto de Lionel, o escritor Mark Logue.
O livro conta primeiramente a história de Logue, em seguida – após a visita do rei, acontecimento que muda a vida de Logue para sempre – o livro passa a contar – através de cartas ou recortes de jornais e revistas britânicos e internacionais – os fatos que levaram George ao trono quando o irmão dele decide abandonar o trono pela mulher que ama uma americana, bem mais velha que ele, com um ex-marido vivo e ainda legalmente casada com outro homem, o que para a família real britânica é totalmente inaceitável.
Forçado a assumir o trono, os medos de George de não ser capaz de administrar o império acabam piorando a sua gagueira, mas ainda assim Logue está sempre do lado, em todos os discursos eles sentam, leem o texto, ensaiam e discutem as palavras que devem permanecer ou serem substituídas, além é claro dos vários exercícios que Logue o obriga a praticar.
O livro não é ruim, mas é necessário paciência. Alguns pontos são meio complexos e a pessoa precisa voltar ler com calma para só assim entender como aquela situação se encaixa naquele lugar. As referencias também que chateiam um pouco, dizer que foi tirado do jornal tal, do ano tal, que foi escrito por fulano tal e que dizia tal coisa... muitas datas, pronomes que nunca não usamos diariamente...
Enfim, eu aconselho a leitura do livro, mas aconselho muita paciência também.