A Revolução Venezuelana

A Revolução Venezuelana Gilberto Maringoni




Resenhas - A Revolução Venezuelana


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Gabriel.Chamma 30/01/2024

História do tempo presente
Falar sobre assuntos que ainda não se concluíram é sempre um campo espinhento, cheio de desafios e riscos. Mesmo com esses problemas o autor faz um bom apanhado dos acontecimentos que se apresentaram e com os materiais disponíveis. O próprio autor faz uma importante reflexão sobre a "data de validade" de seu livro, assumindo as limitações decorrentes.
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Guilherme 22/01/2023

Leitura de trabalho
Adoro essa coleção da Editora Unesp, sempre dá uma ótima introdução ao tema do livro, resume bem a história do país e não é maçante, mas esse aqui é um bem chato. Não gostei da forma como ele construiu a história da Venezuela, um foco demasiado contemporâneo, sendo que podia ter dado um panorama geral maior e focar menos em detalhes menores. Ao mesmo tempo, acho que é um dos livros da coleção que melhor traduz o background do próprio autor, muito focado na economia, o que traz insights interessantes.

Num geral, bom livro e boa introdução ao tema, creio que só não foi compatível com as minhas expectativas.
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Lu_Augusto 06/12/2022

A Venezuela, assim como o Brasil tem uma parte de sua história pautada pelo colonialismo, golpes militares e uma frágil democracia.
O livro aborda desde a independência do país e figuras históricas como Simon Bolivar até a descoberta das ricas fontes de petróleo e que despertaram a ganância do imperialismo internacional.
Fala da ditadura apoiada pelos EUA, uma democracia excludente e uma tentativa de tomada de poder através da Revolução de Hugo Chavez; esse que ganha destaque anos depois, mas agora pela via eleitoral chega ao poder. Implementa mudanças estruturais no país, desagrada elites nacionais e internacionais, sofre inúmeras tentativas de golpes, mas resiste.
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Alex L.S. 12/01/2022

Venezuela
Uma leitura para quebrar o preconceito contra um povo e governo que luta contra as garras sujas dos Estados Unidos. Boa coleção.
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Che 29/08/2017

BOLÍVAR PETROLEIRO
Ano passado comprei todos os livros da coleção 'Revoluções do Século 20', publicados pela Editora Unesp. Entre o final do ano passado e o comecinho deste, devorei os quatro livros da coleção direcionados às revoluções asiáticas (iraniana, coreana, vietnamita e chinesa), os quais me ajudaram a compreender melhor os processos revolucionários de esquerda e/ou anti-imperialistas ocorridos nos países daquele continente.

Minha intenção para o segundo semestre deste ano era avançar na coleção lendo os volumes dedicados às revoluções africanas. Dois fatores, porém, mudaram um pouco esse curso e me fizeram ter interesse em conhecer antes "A Revolução Venezuelana". O primeiro é o fato de seu autor, Maringoni Gilberto, versar de modo muito mais consciente e geopoliticamente embasado do que a imensa maioria dos quadros de seu (nano)partido, o PSOL - Partido Socialismo e Liberdade. O segundo, claro, é o crescendo de tensão política quase beligerante envolvendo o atual contexto da República Bolivariana da Venezuela.

De fato valeu a pena ter feito essa leitura agora. Somente Estudando a Venezuela, a história daquele país, o momento no qual Hugo Chávez Frías se elege presidente pela primeira vez e os episódios que se seguiram a partir de então - com destaque para o golpe de 2002 - é que poderemos compreender melhor o momento atual do país e do sucessor de Chavez, Nicolás Maduro, evitando julgamentos supérfluos, moralistas ou simplesmente papagaiagem ingênua do que diz a imprensa de direita com insinuações de que Maduro seria um 'ditador', exatamente como tem feito de modo geral a (pseudo)esquerda pequeno-burguesa do partido de Maringoni - partido este que, vamos e convenhamos, está muito abaixo do nível dele nesse assunto.

O livro de Maringoni me satisfez mais que o do outro autor de verve trotskista que escreveu para a coleção, a saber, Osvaldo Coggiola (responsável pelo livro da revolução iraniana). Não que o texto de Maringoni seja isento de certas 'troskadas', principalmente na altura do segundo capítulo, ali pela página 35 e as imediatamente posteriores, quando aparece aquela ladainha sobre a 'necessidade de autocrítica' e os 'problemas da autoconfiança excessiva de Chavez', que parecem justamente o discurso que o PSOL usa hoje para tentar bater em Maduro.

Entendo que o referendo de 2007 (citado naquele capítulo) tinha ótimas ambições e perdeu por um diferença muito pequena principalmente motivada pela abstenção, não porque Chavez era um "líder messiânico" que se "precipitou desnecessariamente"(p.37), mas talvez justamente porque - a meu ver - devia ter proposto esse referendo ainda antes (na altura dos anos imediatamente pós-golpe de 2002, quando ele estava cheio de moral e popularidade). De qualquer forma, ter ensaiado essa melhoria através do referendo, ainda que tenha sido derrotado, foi uma ousadia necessária e não um erro.

Além desse problema, o livro de Maringoni tem mais uma limitação: o fato de encerrar seu escopo na altura dos acontecimentos de 2008, quando o livro é publicado. De lá pra cá, muita água passou por debaixo da ponte - a começar pela morte (bastante prematura e, arrisco dizer, suspeita) do próprio Chavez em março de 2013 - e o contexto político do país e da América Latina em geral mudou bastante. Mas isso o próprio Maringoni reconhece no começo de seu capítulo final: "A possibilidade de parte das informações contidas nestas páginas envelhecer em um prazo curto é grande"(p.185). Fica, de qualquer forma, a vontade de ler um livro do autor sobre o que aconteceu de 2009 em diante.

Fora essas ressalvas, acho que só cabe elogios ao "Revolução Venezuelana" e tudo o que é possível aprender com ele. Maringoni, professor de Relações Internacionais, resgatou uma vasta gamas de autores do próprio país que investiga e entrevistou diretamente outros para elaborar seu estudo, com resultados bastante esclarecedores e pertinentes - inclusive em dados estatísticos (o que eu sempre considero fundamental e necessário nesse tipo de leitura) - acerca do processo de uma 'revolução do século XXI' (no termo do próprio Chavez) acontecendo em solo venezuelano, desde 1999.

No aspecto estético e narrativo, achei também a leitura desfrutável. O fato do livro ser não-ficção, a meu ver, não é motivo pra não ter cuidado em buscar tecer uma narrativa bonita e bem redigida, bem como buscar prender o interesse do leitor. Maringoni consegue. Sua escrita é pendular, vai e volta na história da Venezuela e do próprio governo Chavez (meus capítulos favoritos são os relacionados ao golpe de abril de 2002), bem como em assuntos de ordem tanto política quanto econômica, mas sem perder o fio da meada. Frequentemente, no final dos capítulos, usa recursos de 'amostra do que vem por aí' - quase 'cliffhangers' estilo séries de TV - para deixar o leitor curioso com o próximo. Como eu gosto desse tipo de escrita, na qual o autor sabe se colocar no lugar do leitor e tenta antecipar o que manteria seu interesse, julgo esse tipo de recurso muito bem-vindo.

Quanto ao que ficou do livro pra mim, o que mais me impressionou - mais até do que o golpe de 2002, que eu já conhecia principalmente do ótimo documentário A Revolução Não Será Televisionada - é o impacto dos 'petrodólares' na política chavista. E isso tanto num âmbito doméstico, de se reafirmar para seu eleitorado cativo como líder de esquerda em contato direto com as massas de trabalhadores pobres (Maringoni faz, aliás, uma ótima ponderação do uso que a direita faz do termo "populista" para atacar Chavez), quanto nas ações do governo do tenente-coronel com outros países, seja na integração com outros vizinhos latino-americanos, seja na resistência contra a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), a ponto de Maringoni usar o termo 'diplomacia petroleira'. Colocando em termos simples, é como se Simon Bolívar tivesse retornado dos mortos para nacionalizar as imensas reservas de petróleo de seu país-natal, garantir um nacionalismo e um Estado de reformismo intenso e bem-estar social a partir daí. Essa soberania obtida via petróleo, no entanto, é ao mesmo tempo força e fraqueza do bolivarianismo venezuelano, na medida em que seria necessário diversificar a economia, além do óbvio fator do que essa riqueza natural tem de perigosamente atrativa para o imperialismo militarizado estadunidense (como, à luz de 2017, tem ficado cada vez mais claro).

Há muito mais aqui que eu poderia comentar, como o episódio memorável do fim da concessão da RCTV (uma espécie de Globo venezuelana) e toda a histeria midiática que veio a reboque, a importância histórica do Caracazo em 1989 e do subsequente levante militar contra o governo neoliberal que antecedeu a ascensão bolivariana, etc. Mas a resenha já está longa demais e, suponho, já consegui aqui meu maior objetivo: despertar sua curiosidade para ler o livro de Maringoni. De modo mais geral, estimular o estudo e conhecer melhor a Venezuela antes de pré-julgar de modo ingênuo ou raso o embate político que o país vive agora, bem como as decisões de seu presidente legitimamente eleito (diferente do nosso).

É imprescindível lembrar que a vitória de Chavez em 1998 foi pioneira e abriu caminho para uma série de líderes de esquerda ou centro-esquerda na América Latina (Lula incluído). O desenlace da crise de vertente golpista na qual a direita venezuelana e internacional tenta mergulhar Maduro agora, não tenham dúvidas, também terá repercussão em todos os países vizinhos, para o bem ou para o mal. A luta pela soberania e pela esquerda na Venezuela, assim sendo, é também a nossa luta.
João Moreno 21/08/2021minha estante
Excelente texto, amigo!




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