A Maçã no Escuro

A Maçã no Escuro Clarice Lispector




Resenhas - A Maçã No Escuro


53 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


rafisreading 18/04/2024

?? Você sabe que a esperança consiste às vezes apenas numa pergunta sem resposta?
? Sei sim, meu pai.?

Te amo pra sempre clarice ?
comentários(0)comente



spoiler visualizar
Craotchky 28/03/2024minha estante
Estou devendo essa leitura ainda. Meu próximo dela será Um sopro de vida, que já tenho aqui. Em breve embarco nessa...


Mano Beto 28/03/2024minha estante
Espero que goste meu caro. Ficarei aguardando suas impressões (também estou com Um sopro de vida aqui fechado).




Eliane406 23/01/2024

O único de Clarice com protagonista homem
?Um romance denso, habitado por personagens comuns, mas que eleva o enredo a níveis impensáveis de transcendência. Uma es foto da que queima sua chama pacientemente enquanto narra a trajetória de um homem.

* E ao fim de uma semana havia inquietação e rumor indistinto no sítio como acontece quando, tudo tendo permanecido muito tempo sem evoluir, tudo quer se transformar.pág.84
*Lembrou-se de que mulher é mais que o amigo de um homem, mulher era o próprio corpo do homem.pág.108
*Uma pessoa tem prazeres altamente espirituais de que ninguém suspeita, a vida dos outros parece sempre vazia, mas a pessoa tem os seus prazeres.pág.108
comentários(0)comente



raxel_costa 07/01/2024

E esse modo instável de pegar no escuro uma maçã
Uma das coisas mais interessantes sobre a Clarice é que o conteúdo de suas histórias estão sempre centrados no sentimento. Sua linguagem é etérea e sua escrita se perde na investigação profunda de suas personagens. Admirável forma de construir um enredo. Sempre revigorante lê-la.
comentários(0)comente



Spolaor 02/11/2023

Um mundo
Clarice com certeza tinha um mundo inteiro em sua mente que transbordava em cada página de seus livros.
comentários(0)comente



Cinara... 06/10/2023

No tempo de Clarice...
"O tempo ia afortunadamente passando. Até que acontecia como uma comida que de dia se comeu e depois se vai dormir e no meio da noite a pessoa acorda vomitando. O tempo ia afortunadamente passando."

Pode ser prosa, mas Clarice transforma tudo em poesia. Uma história simples, um criminoso fugindo, mas que nas mãos de Clarice se torna uma epopéia homérica. E tudo vai no tempo de Clarice, tudo lentamente se desenrolando no tempo em que ela determina.
comentários(0)comente



CAcera3 22/07/2023

O existencialismo clariceano
A sensação que eu tive ao ler esse livro se equipara justamente à metáfora que a Clarice Lispector usa no livro em seu título ?A maçã no escuro?. É como se eu estivesse na completa ausência de luz apalpando algo e tentando compreender sua natureza sem nunca chegar a uma certeza, vivendo inteiramente de alusões.
Esse é um livro extremamente filosófico que nos coloca em contato com a busca pela própria crença, a crença de um modo abrangente, pela gênese do ser e das coisas, a gênese de um modo inalcançável.
Em termos de enredo, temos aqui um homem chamado Martim, e logo no início do livro sabemos que ele está em fuga, pois cometeu um crime. Nessa fuga ele se vê no ?coração? do Brasil. Em sua peregrinação ele vai parar em uma modesta fazenda bem interiorana onde a dona é uma mulher autoritária e amargurada, porém muito forte chamada Vitória que vive com sua prima Ermelinda, que é frágil e um tanto alienada.
A motivação que levou Martim a cometer o crime (que só descobriremos qual é no fim do romance) é complexo, pois o protagonista procurou com esse ato provocar uma ruptura entre seu eu anterior e se refazer num novo homem. Contudo, sua jornada é turbulenta e muito mais no interior que no exterior de si mesmo.
Clarice utiliza a representação de Deus nesse livro questionando Sua existência como criação humana pela necessidade que se tem Dele. Geralmente ela é guiada pelas suas referências judaico-cristã, mas aqui temos também vislumbres do hinduísmo.
Esse é um livro bastante monótono, talvez devido à sua extensão e ao modo como ela conduz seus personagens tornando a história arrastada até para os padrões claricianos. Vale lembrar que há a forte presença de questões filosóficas existencialistas nessa obra, incluindo também o absurdismo. Clarice era uma leitora de Sartre, Simone de Beauvoir, Camus, Joyce, etc.; então o leitor pode se sentir à vontade para estudar os possíveis paralelos com essas vertentes.
Sendo assim, mais uma vez Clarice coloca o ser humano diante de si mesmo questionando sua existência. De modo intenso nos mostra que somos sempre aqueles apalpando uma maçã no escuro sem que ela caia.

Instagram: @maecomlivros
comentários(0)comente



Charleees 28/03/2023

A maçã no escuro - Clarice Lispector

Que é que um homem faz? essa indagação feita por Martim logo no primeiro capítulo da segunda parte do livro "O nascimento do herói" pra mim é a pergunta fundamental desse livro, aqui Clarice pretende falar da recriação de um homem e para isso ela usa Martim que no início da narrativa está fugindo de um crime, logo, Martim não é um homem 'modelo' para usar como espelho, mas a cada página nós vamos percebendo um homem que está em busca de grandes respostas assim como nós. Um homem que está cansado de sua vida e por meio de reflexões, indagações e conclusões ele vai tentar começar de novo.

Esse encontro de Martim com ele mesmo se dá pelo contato com a natureza, logo quando ele sai do hotel no início do livro, passa pela mata fechada, tem a oportunidade de conversar consigo mesmo usando como interlocutores pássaros e pedras até ir ao encontro da Fazenda de Vitória e sua prima Ermelinda que é onde ocorrerá todas as ações restante do livro. Ali Martim sentirá livre pela primeira vez (e esse sentimento de liberdade ocorre quando ele está fugindo de um crime cometido o que vai lhe tirar totalmente a liberdade ao ser descoberto).

A narrativa de Clarice não se prende somente as indagações e questionamentos de Martim, mas também a Ermelinda e Vitória, uma com medo da morte e a outra tem medo da vida. Clarice toca fundo nos questionamentos que permeiam a existência humana e para isso abusa de metáforas em sua escrita.

"Porque entender é um modo de olhar. Porque entender, aliás, é uma atitude. Martim, muito satisfeito, tinha essa atitude. Como se agora, estendendo a mão no escuro e pegando uma maçã, ele reconhecesse nos dedos tão desajeitados pelo amor uma maçã. Martim já não pedia mais o nome das coisas. Bastava-lhe reconhecê-las no escuro. E rejubilar-se, desajeitado."

O ambiente criado por Clarice como em seus outros livros é o das sensações, como ela mesmo dizia o que está atrás do pensamento e nisso ela vai fundo e é um dos livros mais bonitos dela também. Fechei o ano com uma leitura rica e surpreendente. E vocês?
Mano Beto 28/03/2024minha estante
Terminei agora o livro. Fiquei fascinado e muito pensativo (é comum da Clarice né). Adorei o triângulo de anseios, angústias e questionamentos dos três personagens. A personagem se chamar Vitória, é de uma genialidade (ao menos pra mim). Só comecei a ler Clarice agora (Janeiro) e me tornei fã. Li 7 livros até agora rs.

Parabéns pela resenha!




Maristela 16/03/2023

Mas não saber não tinha importância: agora seu futuro se tornara tão imenso que subia em vertigem à cabeça.
O tempo estava maduro e a hora chegara: era apenas isso o que lhe dizia o coração calmo e a brisa paciente, e o profundo amor que dele enfim se espalhou tranquilo como de algo enfim enraizado. É que até este momento ele nada poderia ter feito - enquanto não tivesse recuperado em si o respeito pelo próprio corpo e pela sua própria vida, que era o primeiro modo de respeitar a vida que havia nos outros. Mas quando um homem se respeitava, ele então tinha enfim se criado à sua própria imagem.
E então poderia olhar os outros nos olhos. Sem o constrangimento do nosso grande equívoco, e sem a mútua vergonha.
E quanto a não entender os outros... Bem, isso já não teria sequer importância. Porque havia um modo de entender que não carecia de explicação. E que vinha do fato final e irredutível de se estar de pé, e do fato de outro homem também ter a possibilidade de ficar de pé - pois com esse mínimo de se estar vivo já se podia tudo. Ninguém teve até hoje mais vantagem que esta.
Página 340
comentários(0)comente



Cíntia 17/02/2023

Somos mais estúpidos que culpados...
Quem nunca teve o desejo de deixar tudo para trás e construir uma nova vida?

Martim tem essa chance após cometer um crime e fugir da vida que ele havia construído até então. Essa oportunidade de romper as amarras que o prendiam à uma vida de insatisfação e incompletude, lhe dá uma sensação de liberdade total, permitindo que ele empreenda uma jornada em busca da própria essencia, que é difícil de explicar e que podemos apenas intuir a sua existência a partir da fome que sentimos.

Ao longo dessa jornada, que se dá de forma penosa, pois o coração selvagem não se revela diretamente, mas tem camadas, camadas e camadas, Martim vai descortinando, vai se despindo de toda influência cultural, buscando no meio de pedras, plantas e animais, até descobrir a própria condição humana.

Apesar de difícil, gostei muito da leitura. Ler Clarice é uma experiência, e uma aproximação à essa maçã no escuro.
comentários(0)comente



anaartnic 19/01/2023

Porque entender é um modo de olhar
Martim é um criminoso, ele cometeu um crime e está fugindo por conta disso. Martim é diferente de mim, leitora, que não cometeu um crime qualquer. Clarice Lispector consegue dissecar a construção de uma homem e, desta maneira, demonstrar que a minha essência tal como a de Martim possui uma mesma gênese.

Esse romance de Clarice é totalmente diferente dos demais que já li, sobretudo pelo fato do protagonista ser um homem. A obra é dividida em três partes e é um dos livros mais longos de Clarice que já li e, além disso, as reflexões chegam a um nível que a leitura se tornou um pouco arrastada em certas partes. Senti, em alguns momentos, que muitos pontos eram iniciados, porém sem conclusões, em alguns momentos o próprio protagonista diz que não está chegando a lugar algum.

Na primeira parte Martim está fugindo, esta fuga me lembrou muito o caso daquele "serial killer", o Lázaro, fugindo pela mata e buscando entender a sua culpa. Na segunda, há a adaptação de Martim na fazenda em que ele está trabalhando, ele se sente feliz e adaptado. Na terceira, a casa começa a cair (sem mais, para não haver spoilers).

Eu li sabendo o crime que ele cometeu, o caráter do crime e algumas atitudes dele fizeram com que eu não conseguisse criar uma empatia pelo personagem. Mas ele não precisa de empatia, ele precisava apenas encontrar-se em si mesmo, assim como o livro foi me conduzindo ao mesmo caminho.

"o que verdadeiramente simoso é aquilo que o impossível cria em nós"

Apesar de não terem o protagonismo, as primas Ermelinda e Vitória tiveram um papel essencial nas reflexões que o livro suscita. A primeira tem medo da morte, a segunda o medo de viver, e longe de serem questões simples, elas envolvem muitos sentimentos profundos e, de alguma forma, inerentes ao ser humano.

Afinal, o que somos enquanto seres humanos? O que precisamos saber? O que temos? Esse livro não responde tudo, mas oferece muitos caminhos para essa nossa trajetória em busca do sentido.

"Porque eu, meu filho, eu só tenho fome. E esse modo instável de pegar no escuro uma maçã - sem que ela caia."
comentários(0)comente



Polly 16/01/2023

A maçã no escuro: leitura e sinestesia (#182)
Ler Clarice, para mim, me parece uma experiência sinestésica. A autora não só nos conta uma história, ela nos faz senti-la - senti-la com todos os nossos sentidos. Aliás, como fala Rosiska Darcy de Oliveira no texto de apoio Luz sobre A maçã no escuro que acompanha esta edição, o enredo é o menos importante dos livros de Clarice. As sensações são muito mais importantes do que quaisquer fatos.

Esta não foi a primeira vez que li A maçã no escuro. Já o havia lido há 12 anos atrás, aos 18. A única lembrança que tinha ficado era que era um livro muito bom. Do enredo, quase nada eu lembrava (coisa comum por aqui, aliás). Desta vez, enquanto lia, eu me perguntava como uma adolescente tinha entendido aquilo? Como sempre fui intelectualmente vaidosa, cogitei ser arrogância, pura e simples arrogância (risos). Agora, ao terminar o livro, acho que aos 18 devo ter entendido muito mais do que hoje, aos 30.

Por quê? Porque eu não tinha tanta vergonha em me ver. Clarice exige que tu te olhes nos teus próprios olhos, e veja que tu tens uma alma com sombra e luz. Não se pode ter medo. Tão nova, eu não tinha tanto medo dos esqueletos no armário. Afinal, eles não eram tantos. Com o passar dos anos, a gente vai colecionando dores, que a gente não gosta muito de catalogar. Mas, infelizmente, vez ou outra, é preciso catalogá-las. Ler A maçã no escuro foi muito mais incômodo do que satisfatório desta vez. Foi muito mais doído "descortinar" desta vez - para usar a linguagem da própria Clarice.

Sobre o enredo? Não acho importante falar sobre ele. Nos romances de Clarice (será mesmo que a gente pode classificar assim?), o mais importante são as sensações, e disso, eu já te falei acima. Os personagens? Acho que a melhor maneira de classificá-los é te dizer que eles não são nada inspiradores. Você vai ficar muito tempo dentro da cabeça de gente que seja, talvez, um tantinho mais perturbada do que tu mesmo (risos). Assim, é bom estar disponível para "descortinar" junto com eles, porque você pode se identificar com coisas das quais não vai gostar nem um pouco.

No mais, ao ler A maçã no escuro, eu morri um pouco, mas passo bem (risos nervosos). Te interessou o que falei? Então, esteja disponível ao se dedicar à leitura. Ela é muito mais filosófica do que ficcional. Não engula o livro, aprecie ele aos poucos. Se preocupar em apenas "chekar" livro lido aqui no Skoob, vai te fazer perder a melhor parte do texto. Se dê tempo para "descortinar", porque dói, mas te faz crescer. E te permite apreciar o melhor da literatura brasileira. Vale a pena.

amarogusta 30/01/2023minha estante
que lindo!




kafkaniana 11/01/2023

Crime e Castigo brasileiro
"Imaginem uma pessoa, que não tinha coragem de se rejeitar: e então precisou de um ato que fizesse com que os outros a rejeitassem, e ela própria então não pudesse mais viver consigo"

O único protagonista masculino de Clarice e o romance mais longo da autora.
Lendo atentamente o monólogo do pássaro no início, todo o resto se torna uma continuação de nova atitude do personagem em lidar com a vida, a ideia de deixar tudo para trás, o crime, a palavra, o olhar, até a forma de pensamento, uma ideia de liberdade que vai além do próprio corpo liberto.
A literatura de Clarice sempre foi considerada algo muito abstrato, e aqui com a criação do Martim, ela tenta transformar o próprio homem em abstração. Um homem que se liberta de ser algo, para se transformar no novo, precisando de um grande estopim em forma de crime, para que enfim, pudesse criar-se novamente, como um Deus em si mesmo.
comentários(0)comente



Geane.Gouvea 11/01/2023

Desafio 12 livros em 12 meses - Clarice Lispector #livro10
?? Minhas reações, durante a leitura:

?Eita historinha arrastada e detalhada, não termina nunca.. ?????????? (30% de leitura).

?Tá chatinho.. mas vamos em frente!
(40% de leitura).

?Eita livro massante..! (60% de leitura).

?E tem ainda 1h e 13min de capítulo ??
(84% de leitura).

Pois é, queridos, em resumo:
Lispector, ame-a ou deixe-a! ?
E pelo que notaram, eu não sou de abandonar leitura, pois a curiosidade é tamanha pra saber do desfecho!

E neste enredo, temos Martim, Vitória e Ermelinda, que se entrelaçam em um triângulo amoroso, em que a existência concreta importa pouco, mesmo quando se trata de um suposto crime, porque a alta voltagem dramática é alcançada na complexidade sombria da alma de cada um.

Vemos os fatos flutuarem em um clima irreal, sujeitos a um desdobrar-se em sigilos e diálogos internos que atropelam os diálogos da vida real, com muito mais peso do que esses.

? ? Curiosidade:

"A maçã no escuro", é um romance dos anos 1950. Realizado durante o tempo em que a autora viveu nos Estados Unidos, foi concluído em Washington, em 1956. Mas só seria publicado em 1961, um ano depois de "Laços de família", cujos contos primorosos conquistaram um expressivo público para Clarice Lispector.
comentários(0)comente



dani 04/01/2023

O Revelar de Clarice
Se me pedissem para definir esse livro em uma palavra: limitação. Limitação seria a palavra. Limitação da palavra.

Aqui Clarice explora os limites para se alcançar algo maior, a liberdade.

A gente sente o anseio dos personagens enquanto eles vão fundo, no âmago humano, na procura de sentir algo, de sentir a parte fundamental da vida, daquilo que é essencial.

Este livro é uma homenagem aos nossos crimes, aqueles que cometemos ou que deixamos de cometer, este livro é uma saudação ao que vivemos, é um tributo a nossas ansiedades, a nossas imaginações, ao nosso criar na vida adulta. Este livro é um aceno ao instante, aquele que é pequeno e as vezes deixamos passar sem perceber, e aquele instante que sentimos que pode mudar nosso rumo. Este livro é um camuflar de nossos medos.

Este livro, sinto, é o início daquilo que Clarice acaba por se tornar no futuro.

É o revelar de Clarice.
comentários(0)comente



53 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR