A Maçã no Escuro

A Maçã no Escuro Clarice Lispector




Resenhas - A Maçã No Escuro


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Claudius 11/06/2012

A maçã na escuridão: Clarice Lispector
Pecado-redenção, morte-ressurreição e queda-ascensão são temas centrais no romance A Maçã no Escuro, de Clarice Lispector. As personagens são aprendizes do mundo em uma narrativa adâmica, pois o romance em certa medida é uma parodia do mito da criação. Também neste romance, os seres estão em busca da plenitude ontológica: identidade sem fissuras. É uma narrativa de ação rarefeita e “uma literatura não do significante, mas do significado”. Clarice Lispector opõe-se às palavras estereotipadas que nada dizem e criam comportamentos alienados. E, assim, A Maçã no Escuro, é um romance da diáspora, em que o outro é o que orienta o discurso para o paradoxo e que cria a heroização e deseroização.
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Spolaor 02/11/2023

Um mundo
Clarice com certeza tinha um mundo inteiro em sua mente que transbordava em cada página de seus livros.
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Cinara... 06/10/2023

No tempo de Clarice...
"O tempo ia afortunadamente passando. Até que acontecia como uma comida que de dia se comeu e depois se vai dormir e no meio da noite a pessoa acorda vomitando. O tempo ia afortunadamente passando."

Pode ser prosa, mas Clarice transforma tudo em poesia. Uma história simples, um criminoso fugindo, mas que nas mãos de Clarice se torna uma epopéia homérica. E tudo vai no tempo de Clarice, tudo lentamente se desenrolando no tempo em que ela determina.
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igsuehtam 30/01/2022

A maçã no escuro.
Esse deve ser o livro mais diferente da Clarice que eu já li. Achei o começo bem diferente, não há tantas intromissões dela, mas ao longo da narrativa o personagem vai se revelando, vai se questionando e é aí que a coisa começa. E termina num triunfo.
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Evy 19/01/2011

Otimo!
Não posso dizer que achei uma leitura fácil. Clarice nunca é fácil, pois como já relatei em outra resenha, a leitura de Clarice é densa porque faz pensar e traz a tona sentimentos que as vezes não queremos encarar. Por isso acho-a tão essencial.

Gostei muito de A maça no Escuro justamente por causa disso, muito embora eu confesso que tive dificuldades e achei o livro bastante cansativo em alguns momentos. Mas certos livros só mostram o seu verdadeiro valor quando você o termina de ler e pensa nele como um todo. A maça no Escuro é uma leitura muito reflexiva que trata de aprendizagem, sentimentos, transformações internas e sensações.

A obra está dividida em 3 capítulos: “Como se faz um homem”, “Nascimento do herói” e “A maça no Escuro”. Essa divisão e a forma como a história se desenrola faz com que você passe pelos estágios de transformação de Martin, o protagonista do livro, como se estivesse acontecendo com você. Você mergulha profundamente na mente da personagem e consegue sentir as transformações e sensações pelas quais vai passando ao longo dos acontecimentos.

Leitura recomendada!
Aline 22/12/2011minha estante
Clarice não é uma leitura fácil. O livro que mais achei complicado foi A paixão segundo G.H. Aquela aflição dela com a barata realmente me aflingiu e parei a leitura, mas um tempo depois retornei e fui até o fim. E então, fica aquela mensagem que vc mesma expôs "...livros só mostram o seu verdadeiro valor quando você o termina de ler e pensa nele como um todo". Considero um maravilhoso livro, pois ela conseguiu passar aquele sentimento dela com a barata. Tive ansiedade, raiva, nojo, admiração; e por um momento, desisti de enfrentar esse momento com a barata, mas algo dizia que deveria enfrentar o encontro (a passagem da barata). Há tempo que não leio mais Clarice. Retornarei.




26/04/2021

Por algum motivo, essa não acabou por ser minha leitura mais fluida de Clarice e eu só o recomendaria a quem já está verdadeiramente acostumado com o estilo da autora.
Dito isso, quanta poesia! O estranhamento inicial por se tratar de um protagonista masculino- algo incomum para a autora- logo é substituído por um encantamento narrativo por meio das divagações e indagações impostas à Martim sobre a vida e o seu significado.
"O coração daquele homem bateu grande e confuso, reconhecendo. Ser uma pessoa era ser isso tudo."
Trata-se, por fim, de um romance denso, grandioso. É preciso, porém, estar pronto para tamanha grandiosidade.
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CAcera3 22/07/2023

O existencialismo clariceano
A sensação que eu tive ao ler esse livro se equipara justamente à metáfora que a Clarice Lispector usa no livro em seu título ?A maçã no escuro?. É como se eu estivesse na completa ausência de luz apalpando algo e tentando compreender sua natureza sem nunca chegar a uma certeza, vivendo inteiramente de alusões.
Esse é um livro extremamente filosófico que nos coloca em contato com a busca pela própria crença, a crença de um modo abrangente, pela gênese do ser e das coisas, a gênese de um modo inalcançável.
Em termos de enredo, temos aqui um homem chamado Martim, e logo no início do livro sabemos que ele está em fuga, pois cometeu um crime. Nessa fuga ele se vê no ?coração? do Brasil. Em sua peregrinação ele vai parar em uma modesta fazenda bem interiorana onde a dona é uma mulher autoritária e amargurada, porém muito forte chamada Vitória que vive com sua prima Ermelinda, que é frágil e um tanto alienada.
A motivação que levou Martim a cometer o crime (que só descobriremos qual é no fim do romance) é complexo, pois o protagonista procurou com esse ato provocar uma ruptura entre seu eu anterior e se refazer num novo homem. Contudo, sua jornada é turbulenta e muito mais no interior que no exterior de si mesmo.
Clarice utiliza a representação de Deus nesse livro questionando Sua existência como criação humana pela necessidade que se tem Dele. Geralmente ela é guiada pelas suas referências judaico-cristã, mas aqui temos também vislumbres do hinduísmo.
Esse é um livro bastante monótono, talvez devido à sua extensão e ao modo como ela conduz seus personagens tornando a história arrastada até para os padrões claricianos. Vale lembrar que há a forte presença de questões filosóficas existencialistas nessa obra, incluindo também o absurdismo. Clarice era uma leitora de Sartre, Simone de Beauvoir, Camus, Joyce, etc.; então o leitor pode se sentir à vontade para estudar os possíveis paralelos com essas vertentes.
Sendo assim, mais uma vez Clarice coloca o ser humano diante de si mesmo questionando sua existência. De modo intenso nos mostra que somos sempre aqueles apalpando uma maçã no escuro sem que ela caia.

Instagram: @maecomlivros
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RenanDuarte 11/05/2021

Estou no escuro (mas segurei a maçã)
“-Você sabe qual é o músculo da vida?”
Preciso elaborar com tempo tudo que li, mas eu poderia escrever as impressões que ficaram agora do final da leitura
“Mas isso só se entende quem, em esforço impalpável, já se metamorfoseou em si mesmo.”

Um livro denso, intenso, um tanto difícil,
me deu a impressão que tem muita coisa nele, condensada, e que lê-lo me demandou muita atenção, disponibilidade (e esperança), e rendeu frutos
Como o trabalho manual e diário de uma fazenda.

Acho que sincronicamente algo ressoou muito aqui dentro.

A história de um homem, desérticamente perdido, procurando algo que nem sabe exatamente o que é (e talvez seja a si mesmo).

Passando por etapas graduais, o deserto e suas pedras, a fazenda com suas plantas e os animais (as vacas, os cavalos) e as/os casas/corpos e seus humanos (as mulheres e os homens), até o fogo e ao amor, até chegar a si mesmo.

Dos livros da Clarice, acredito que mais longo e mais denso (e um dos primeiros). Ela alterna entre narrativa, fluxo de pensamento, reflexões filosóficas e espirituais. Algo que (ao longo de toda sua obra) e até lá na frente ela faz em A Hora da Estrela, mas de forma mais editada, acho eu.

Recomendo para os que tiverem vontade, tempo, coragem e esperança

Deixo aqui a última frase do livro, porque eu fiquei com ela

“Em nome de Deus, espero que vocês saibam o que estão fazendo. Porque eu, meu filho, eu só tenho fome. E esse modo instável de pegar no escuro uma maçã - sem que ela caia.”


site: https://www.instagram.com/imreds/
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Maristela 16/03/2023

Mas não saber não tinha importância: agora seu futuro se tornara tão imenso que subia em vertigem à cabeça.
O tempo estava maduro e a hora chegara: era apenas isso o que lhe dizia o coração calmo e a brisa paciente, e o profundo amor que dele enfim se espalhou tranquilo como de algo enfim enraizado. É que até este momento ele nada poderia ter feito - enquanto não tivesse recuperado em si o respeito pelo próprio corpo e pela sua própria vida, que era o primeiro modo de respeitar a vida que havia nos outros. Mas quando um homem se respeitava, ele então tinha enfim se criado à sua própria imagem.
E então poderia olhar os outros nos olhos. Sem o constrangimento do nosso grande equívoco, e sem a mútua vergonha.
E quanto a não entender os outros... Bem, isso já não teria sequer importância. Porque havia um modo de entender que não carecia de explicação. E que vinha do fato final e irredutível de se estar de pé, e do fato de outro homem também ter a possibilidade de ficar de pé - pois com esse mínimo de se estar vivo já se podia tudo. Ninguém teve até hoje mais vantagem que esta.
Página 340
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Charleees 28/03/2023

A maçã no escuro - Clarice Lispector

Que é que um homem faz? essa indagação feita por Martim logo no primeiro capítulo da segunda parte do livro "O nascimento do herói" pra mim é a pergunta fundamental desse livro, aqui Clarice pretende falar da recriação de um homem e para isso ela usa Martim que no início da narrativa está fugindo de um crime, logo, Martim não é um homem 'modelo' para usar como espelho, mas a cada página nós vamos percebendo um homem que está em busca de grandes respostas assim como nós. Um homem que está cansado de sua vida e por meio de reflexões, indagações e conclusões ele vai tentar começar de novo.

Esse encontro de Martim com ele mesmo se dá pelo contato com a natureza, logo quando ele sai do hotel no início do livro, passa pela mata fechada, tem a oportunidade de conversar consigo mesmo usando como interlocutores pássaros e pedras até ir ao encontro da Fazenda de Vitória e sua prima Ermelinda que é onde ocorrerá todas as ações restante do livro. Ali Martim sentirá livre pela primeira vez (e esse sentimento de liberdade ocorre quando ele está fugindo de um crime cometido o que vai lhe tirar totalmente a liberdade ao ser descoberto).

A narrativa de Clarice não se prende somente as indagações e questionamentos de Martim, mas também a Ermelinda e Vitória, uma com medo da morte e a outra tem medo da vida. Clarice toca fundo nos questionamentos que permeiam a existência humana e para isso abusa de metáforas em sua escrita.

"Porque entender é um modo de olhar. Porque entender, aliás, é uma atitude. Martim, muito satisfeito, tinha essa atitude. Como se agora, estendendo a mão no escuro e pegando uma maçã, ele reconhecesse nos dedos tão desajeitados pelo amor uma maçã. Martim já não pedia mais o nome das coisas. Bastava-lhe reconhecê-las no escuro. E rejubilar-se, desajeitado."

O ambiente criado por Clarice como em seus outros livros é o das sensações, como ela mesmo dizia o que está atrás do pensamento e nisso ela vai fundo e é um dos livros mais bonitos dela também. Fechei o ano com uma leitura rica e surpreendente. E vocês?
Mano Beto 28/03/2024minha estante
Terminei agora o livro. Fiquei fascinado e muito pensativo (é comum da Clarice né). Adorei o triângulo de anseios, angústias e questionamentos dos três personagens. A personagem se chamar Vitória, é de uma genialidade (ao menos pra mim). Só comecei a ler Clarice agora (Janeiro) e me tornei fã. Li 7 livros até agora rs.

Parabéns pela resenha!




Polly 16/01/2023

A maçã no escuro: leitura e sinestesia (#182)
Ler Clarice, para mim, me parece uma experiência sinestésica. A autora não só nos conta uma história, ela nos faz senti-la - senti-la com todos os nossos sentidos. Aliás, como fala Rosiska Darcy de Oliveira no texto de apoio Luz sobre A maçã no escuro que acompanha esta edição, o enredo é o menos importante dos livros de Clarice. As sensações são muito mais importantes do que quaisquer fatos.

Esta não foi a primeira vez que li A maçã no escuro. Já o havia lido há 12 anos atrás, aos 18. A única lembrança que tinha ficado era que era um livro muito bom. Do enredo, quase nada eu lembrava (coisa comum por aqui, aliás). Desta vez, enquanto lia, eu me perguntava como uma adolescente tinha entendido aquilo? Como sempre fui intelectualmente vaidosa, cogitei ser arrogância, pura e simples arrogância (risos). Agora, ao terminar o livro, acho que aos 18 devo ter entendido muito mais do que hoje, aos 30.

Por quê? Porque eu não tinha tanta vergonha em me ver. Clarice exige que tu te olhes nos teus próprios olhos, e veja que tu tens uma alma com sombra e luz. Não se pode ter medo. Tão nova, eu não tinha tanto medo dos esqueletos no armário. Afinal, eles não eram tantos. Com o passar dos anos, a gente vai colecionando dores, que a gente não gosta muito de catalogar. Mas, infelizmente, vez ou outra, é preciso catalogá-las. Ler A maçã no escuro foi muito mais incômodo do que satisfatório desta vez. Foi muito mais doído "descortinar" desta vez - para usar a linguagem da própria Clarice.

Sobre o enredo? Não acho importante falar sobre ele. Nos romances de Clarice (será mesmo que a gente pode classificar assim?), o mais importante são as sensações, e disso, eu já te falei acima. Os personagens? Acho que a melhor maneira de classificá-los é te dizer que eles não são nada inspiradores. Você vai ficar muito tempo dentro da cabeça de gente que seja, talvez, um tantinho mais perturbada do que tu mesmo (risos). Assim, é bom estar disponível para "descortinar" junto com eles, porque você pode se identificar com coisas das quais não vai gostar nem um pouco.

No mais, ao ler A maçã no escuro, eu morri um pouco, mas passo bem (risos nervosos). Te interessou o que falei? Então, esteja disponível ao se dedicar à leitura. Ela é muito mais filosófica do que ficcional. Não engula o livro, aprecie ele aos poucos. Se preocupar em apenas "chekar" livro lido aqui no Skoob, vai te fazer perder a melhor parte do texto. Se dê tempo para "descortinar", porque dói, mas te faz crescer. E te permite apreciar o melhor da literatura brasileira. Vale a pena.

amarogusta 30/01/2023minha estante
que lindo!




Silvana (@delivroemlivro) 05/01/2021

Não ser humano
"E um dos indiretos modos de entender é achar bonito."

Espantada, não sei o quanto entendi mas achei bonito! A leitura desse livro exercitou "músculos" que eu nem sabia que tinha: direto para a lista de favoritos! Que maravilha Clarice, obrigada!
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Antônio 22/08/2021

O que está por trás da agonia de ser humano? É a sua linguagem? É a procura por um sentido? Ou seria apenas o conjunto de coisa que se faz uma pessoa? Essas são algumas das infinitas perguntas que atravessam Martim, o protagonista de A Maçã no Escuro (o primeiro protagonista masculino de um romance de Clarice).

A sua jornada por autoconhecimento se confunde com a origem de todas as coisas. As alegorias à criação do mundo me foram bastante evidentes durante o livro, até que vi que a própria Clarice já confirmou que a obra se tratava disso: um estudo sobre a criação de tudo. E a criação da criação passa necessariamente pela linguagem. É a linguagem uma das protagonistas desse livro, não estando somente na condição de traduzir e descrever a realidade, mas de dizer o que está posto da forma mais corajosa possível; é a insubmissão da linguagem em face do destino que querem que ela tenha.

Acima de tudo, A Maçã no Escuro vem nos mostrar a possibilidade de ultrapassar as barreiras do ser. E ultrapassar as barreiras da própria literatura e da narração, uma vez que, ao longo do livro, fatos e acontecimentos são postos em suspensão para dar início a longos fluxos de consciência. Talvez o essencial esteja se passando dentro de nós, afinal de contas.
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Rodrigo 24/02/2021

Um mergulho na alma humana
Impressionante como Clarice consegue nos transbordar de sentimentos através de sua escrita. Impossível passar incólume após essa leitura! É um verdadeiro mergulho, de ponta cabeça, na psique humana.
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