Bella Nine 25/10/2013Resenha ==> Quando Cai O Raio - DesaparecidosJess, 16 anos, parece viver uma vida normal. Menina um tanto quanto encrenqueira, já que tem a fama de socar as pessoas que a provocam, ou que pegam no seu pé. A garota precisa passar uma hora a mais na escola. Não, ela não faz nenhuma atividade extracurricular. Pelo contrário, os 60 minutos transcorrem junto de outros alunos, em um anfiteatro, na detenção. E, como se isso já não fosse o bastante, a adolescente é capaz de encontrar crianças desaparecidas.
"É tudo culpa da Ruth"
Meg Cabot, Quando Cai O Raio - Desaparecidos, pág. 05, 2011
Ruth é uma menina gordinha que após ter se zangado e levado a sério a piada de mal gosto de um companheiro de escola, decide voltar para casa, junto de Jess, a pé. As melhores amigas precisam andar cerca de 3km até as suas residências, antes que uma tempestade terrível se forme. Mas, acredite, nem o mais veloz dos maratonistas conseguiria realizar esse feito. Assustadas com a chuva de granizo que as atinge, as adolescentes decidem abrigar-se embaixo de uma arquibancada de metal. E, como todos nós sabemos que este material é fio condutor de eletricidade, o raio atinge a arquibancada e, em seguida mira em cheio em Jess.
Calma, blogueiros, podem ficar tranquilos. Nada acontece à garota rebelde. Ela desmaia, é fato, porém, a mesma desperta com a melhor amiga chamando-a. como se isso já não soasse IMPOSSÓVEL. Quer dizer, pensa comigo: a garota é atingida por um raio e, em vez de Ruth chamar uma ambulância para socorrê-la, ela simplesmente sacode a melhor amiga para fazê-la acordar. Fa-lou, amiga! E, como se tudo isso já não soasse muito IRREAL, as duas garotas retornam para casa a pé.
Assim que somos apresentados à família de Jessica conhecemos um lar bastante diverso. Cada familiar é possui uma personalidade: Tonie, a mãe é bastante zelosa com os filhos, chegando a ser insuportavelmente protetora, em alguns momentos. O pai de Jess é dono de 3 restaurantes, um cara tranqüilo, pé no chão e que faz o possível para compreender e aceitar os filhos, cada um a seu modo. Mike é literalmente um nerd; vai estudar em Harvard, passa os dias solitários em seu quarto, em frente ao computador. Já Douglas é o irmão mais complicado; diagnosticado com Esquizofrenia, a mãe o superprotege, fazendo-o ficar em seu quarto, isolado de todos, lendo revistas em quadrinhos, como se isso fosse amenizar o problema e o fizesse voltar ao que era antes. O Doug, como os familiares o chamam, pode até ter problemas, mas, por incrível que pareça, ele é o primeiro a descobrir que a irmãzinha fora atingida por um raio.
O que precisa ficar claro é que quando a atmosfera surgiu para que a trama desse início, sério, o enredo torna-se muito interessante. Porém, de verdade, eu não sei o que deu na Meg Cabot para conseguir ESTRAGAR a ideia principal do livro.
A primeira noite de Jessica, após ter sido atingida por um relâmpago consegue, do nada, descobrir onde crianças desaparecidas estão localizadas. A coisa toda sobrenatural soaria muito mais empolgante caso a autora mostrasse, nas páginas do livro, de que forma acontecem os sonhos. Quer dizer, como o paradeiro das crianças surge em meio ao sono profundo? Ela vê a criança e, como se ela estivesse navegando no Google Maps ela descobre a exata localização do desaparecido? Como ela pode saber em qual rua virar, qual caminho tomar e qual cidade a criança está? Como detalhes são colocados, de forma tão clara, na mente sonhadora da menina?
Outro ponto que ficou muito a desejar foram as inúmeras “dificuldades” tão fáceis de serem resolvidas. Por exemplo: o FBI descobre sobre os poderes de Jess e propõem levá-la à uma base militar para que ela possa desenvolver de forma mais branda e natural o seu dom. entretanto, o que parecia tarefa agradável e orientadora torna-se um verdadeiro pesadelo. Todavia, no mundo de Jessica brincar com os militares e fazê-los de idiota soa um passatempo qualquer. Uma garota de 16 anos leva a maior sobre um bando de agentes e ainda os faz de bobos. Sinceramente, a coisa toda torna o livro muito infantil.
Mesmo com tantos pontos negativos a leitura ainda é agradável. Há um toque doce de romance adolescente. Há toda uma lição de como viver em família. E, por mais absurdo que pareça ver ações insolúveis sendo dissolvidas, a ideia principal ainda prende e intriga o leitor.
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