Cê 22/04/2011
Romance delicado e intenso
Ganhei este livro de presente de aniversário. Até então, nunca tinha ouvido falar na autora, Irene Sabatini, e nem no romance. Demorei apenas dois dias para terminar o livro, que é bem envolvente: através do olhar de Lindiwe, que narra a história, conhecemos Ian, um garoto branco que mora na casa ao lado da narradora. Ele é acusado de ter assassinado a sua madrasta, incendiando o seu corpo. Lindiwe é uma tímida menina negra, que mora na cidade de Bulawayo, no Zimbábue, país africano colonizado pelos ingleses no século XIX e recém-independente.
Encantada pelo garoto da casa ao lado, Lindiwe acaba se aproximando dele. Apesar de serem diferentes, os dois adolescentes acabam descobrindo afinidades, atração física e o amor, começando um relacionamento forte, que sobrevive à distância e ao tempo. Numa África onde o contexto ainda era o apartheid, os dois também terão dificuldades em relação ao preconceito racial.
O amor de Ian e Lindiwe acompanha o tempo e os acontecimentos da história do Zimbábue. O leitor conhece um pouco deste país africano, de sua história, construída por tensões raciais e guerras de poder. O romance é permeado por informações históricas e culturais, muito bem descritas, com riquezas de detalhes e cenas fortes e cruéis, típicas de guerras. Outros temas relacionados aos anos 90 são abordados no livro, como a AIDS.
O enredo é construído de forma muito consistente e envolvente. O leitor se encanta com os personagens do livro e com a força de suas histórias. É uma narrativa poética, muito bonita.