Lu Reis 24/08/2020| Neste livro, a repórter Fátima Souza fala sobre a facção criminosa conhecida como PCC, uma instituição do crime com estrutura organizada, hierarquia, código de ética, tribunal próprio e com uma ideologia fortemente consolidada. Fátima traz as origens da facção, sua trajetória e suas consequências para a segurança pública.
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Durante os 13 anos em que trabalhou na Band, Fátima foi a primeira pessoa a falar sobre o PCC. Ela não foi ouvida, o governo a desmentiu publicamente e sobre isso ela faz duras críticas.
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Nas palavras da própria autora, ela decidiu escrever esse livro pois foi a primeira repórter a denunciar a existência do PCC em 1997, ela acredita que a história do crime organizado deveria ser registrada, escrita, contada e divulgada, pois o que aconteceu em São Paulo naquela época foi uma coisa totalmente atípica, que não existia antes. Existia uma certa organização no crime, mas não o crime organizado, o que é bem diferente.
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Na época, escalada pela TV Bandeirantes para fazer reportagens nos presídios paulista, ela não imaginava que estava diante do maior furo de sua carreira. Durante anos ela manteve contato direto com os principais líderes do PCC que lhe forneciam detalhes e informações sobre suas ações. São relatos impressionantes sobre como os criminosos arquitetavam sequestros, roubos, assassinatos, fugas e como comandavam o funcionamento do tráfico de drogas.
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Em muitos trechos, os relatos lembram mais um filme de ação do que a realidade tão próxima a nós. Mas é importante destacar que se alguém espera encontrar nesse livro alguma opinião ou um algum parecer sobre o PCC ou seus integrantes, vai se decepcionar. Fátima Souza não emite opiniões aqui. Ela apenas conta as histórias (sem afetação ou julgamento precipitado) como uma boa repórter que teve uma visão privilegiada dos fatos.
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O que encontrei nesse livro foi realmente uma grande reportagem e não uma reportagem grande como ultimamente estamos acostumados a encontrar por aí.