Modotti

Modotti Angel de la Calle




Resenhas - Modotti


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Antonio Luiz 15/03/2010

Um século em quadrinhos
O traço, sejamos francos, não é dos mais atraentes, mas a precisão e profundidade da narrativa são de tirar o fôlego. Quem não compartilhar da paixão do autor, Ángel de la Calle, pelo mistério e pela personalidade de Tina Modotti, fotógrafa, militante comunista e agente soviética, ao menos tirará proveito dessa análise – ou autópsia? – dos sonhos dessa era dos extremos, o século passado.

O corte passa por vários dos personagens mais importantes das artes e da política dos anos mais turbulentos do século XX, inclusive Diego Rivera, Frida Kahlo, Siqueiros, Trótski, Olga Benário, Luís Carlos Prestes, Sandino, Eisenstein e Maiakóvski. Cruza a revolução mexicana, os ziguezagues da política ditada por Stálin ao Comintern e a guerra civil espanhola, para desembocar no renascimento da vida política e cultural da Espanha após a morte de Franco – e no fascínio do autor por essas lendas a caminho do esquecimento ou pior, da pasteurização.

As aventuras desses personagens sensuais, inconformistas e apaixonados são de eletrizar até os leitores mais indiferentes à história dos seus projetos revolucionários fracassados. Aos mais empedernidos fãs dos comics tradicionais restam as aparições de Clark Kent, stalinista aposentado, e Bruce Wayne, trotskista inválido, para lhes fazer o favor de reduzir a complexidade da trama a um maniqueísmo mais familiar.

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Olivia 19/10/2015

Mais q um HQ
Entre as HQ's que já li esta é definitivamente a mais informativa de todas.
O contexto histórico muito bem apresentado como pano de fundo.
Os desenhos são tão importantes quanto as palavras... E muitas palavras diga-se por sinal!
Fui apresentado e amei conhecer Tina Modotti, sua história e seu amor pelas pessoas ... A sua arte era serviço !
Recomendo a todos este livro!
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Carlos.Santos 02/02/2018

UMA MULHER DO SÉCULO XX
Confesso: tenho vergonha de só ter descoberto Tina Modotti agora. E sinto mais vergonha ainda dessa fascinante mulher ser pouco conhecida. Contudo, graças a indicação da minha namorada (valeu amor!) e do ótimo trabalho de pesquisa do quadrinista espanhol Ángel de la Calle, tive o prazer de acompanhar a narrativa da história de vida de Tina, marcada pela luta por suas crenças. Verdadeiramente uma mulher de coragem.

Tina nasceu em 1896, era italiana e imigrou, ainda adolescente, para os EUA, onde jovem chegou a trabalhar em produções B de Hollywood. Lá conheceu um importante fotografo, foi sua modelo e discípula e tornou-se um dos principais nomes da fotografia. Partiu então para o México afim de retratar a revolução e o povo latino e lá acabou por se envolver com o movimento comunista. Por onde passava despertava paixões, no entanto, nunca se apegou a própria beleza, sempre deixando claro seu interesse em participar ativamente do caldeirão efervescente de ideias revolucionárias da época, capitaneadas pela URSS.

O traço de Ángel não é dos melhores. Por vezes seus enquadramentos são confusos mas nada que chegue a comprometer o trabalho. O mais importante aqui é a pesquisa hercúlea cuja narrativa se divide entre a vida de Modotti e a do próprio Àngel em momentos chave da busca por informações. Tina, no México, viveu entre intelectuais, revolucionários e o povo, teve um caso de amor tórrido com Julio Antonio Mella - revolucionário cubano fundador do partido comunista da Ilha - cujo assassinato presenciou, porém de forma misteriosa, já que ela não viu quem foi o atirador. Em tempo: os tiros foram a queima roupa e ela estado ao lado de Julio (!?). Depois dessa trágica perda, partiu para a Alemanha, onde, filiada ao partido comunista, participou ativamente da ajuda na proteção aos perseguidos políticos. Também esteve por um bom tempo em Moscou e trabalhou para a KGB - lá ela conheceu Luis Carlos Prestes e Olga Benario, de quem se tornou amiga. Inquieta, seguiu para a Espanha, onde Franco já mexia os pauzinhos para dar o Golpe de Estado, e foi deveras importante ao longo da guerra civil. Abandonou de vez a fotografia em troca do seu ideal e pelo menos aqui, nesse retrato em quadrinhos, nunca titubeou nesse sentido. Crítica do "revolução de acadêmia", por diversas vezes rompe com amigos da esquerda pequeno-burguesa, sempre mantendo seu foco em ajudar os mais necessitados e fomentar a luta de classes.

Morreu misteriosamente, no México, em 1942, de ataque cardíaco, numa noite fria, dentro de um táxi, após deixar uma festa de Pablo Neruda. Teria sido envenenada? É provável que sim, pois na época havia uma tremenda paranoia e desconfiança mútua entre trotskistas e stalinistas e Tina sabia de muita coisa. Ángel não tenta decifrar esse mistério e cabe a nós, leitores, imaginarmos o que realmente aconteceu.

Ángel de la Calle demorou quinze anos para terminar essa biografia, não só para homenagear Tina - o que ele fez com louvor, como para também celebrar as diversas formas de arte, como o cinema, a fotografia, a pintura, a literatura - nem os romances noir são esquecidos - e os próprios quadrinhos, onde o autor volta-se ao mainstream e retrata um devaneio - numa passagem de extremo bom humor - onde vemos um coroa Clark Kent (Já que o Super não envelhece como os humanos) stalinista as turras com um velho e senil Bruce Wayne trotskista.

Nesses tempos de feminismo em alta, Tina Modotti é o exemplo de mulher que soube explorar sua feminilidade por completo. Sexualmente bem resolvida, forte, politizada, apaixonada e apaixonante, ela é a síntese de mulher a ser seguida. Obrigado, Tina.

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Ronaldo Ventura 09/06/2011

Fantástico trabalho biográfico! Modotti apresentou para mim, uma mulher fascinante e até então desconhecida! Mulher que conheceu e conviveu com outras persoalidades que sempre admirei como Olga e Frida Kahlo!
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