Flavio Assunção 20/05/2012"Chamada Perdida" é um dos poucos livros de Michael Connelly que foge do cenário polícia/tribunal que o autor sempre costuma fazer. O foco da trama, na verdade, é um certo Henry Pierce, cientista dono da Amadeo Technologies, que está prestes a lançar algo inovador e que mudará a história da computação mundial. Abandonado pela esposa por se dedicar mais ao trabalho do que a ela, Henry se aloja em um novo apartamento e recebe um novo número de telefone. O problema é que o telefone não para de tocar e sempre quem está do outro lado é um homem perguntando por Lilly. E quem é Lilly? Henry resolve descobrir para que pudesse avisá-la que o antigo número dela agora era seu. O cientista então descobre que ela é uma garota de programa e que faz um mês que ninguém tem notícias dela. Utilizando de seu instinto de bom samaritano, ele começa a se aprofundar mais e mais em busca do paradeiro da mulher, sem saber que a cada vez que avança na história sua vida fica em risco.
O livro tem uma boa narrativa, sem exageros na descrição e tentando manter um ritmo constante. De fato, o autor consegue. O meio por qual a trama passa (sites de acompanhantes e tecnologia) é interessante e é o que permeia a obra. Seu personagem também cativa de certa forma. Embora em alguns momentos o leitor o xingue por se meter nessa situação, lá pelo meio é possível perceber o porque dele ter ido atrás de Lilly quando qualquer pessoa ficaria indiferente.
O que mais me incomodou foram alguns furos na história e a falta de finalização adequada para algumas situações:
****SPOILER - POR FAVOR NÃO PROSSEGUIR NESSA PARTE CASO NÃO TENHA LIDO O LIVRO ****
1) Ficou um furo grosseiro no final, quando Henry utiliza um gravador escondido para gravar a conversa com Zeller e o policial Renner escuta tudo em outro compartimento do laboratório. Quando foi que eles se aliaram? O mínimo que deveria ter acontecido era explicar depois.
2) E a mãe de Lilly? Mesmo que tenha aparecido só uma vez, porque ninguém se deu ao trabalho de dizer que a filha estava morta? Ou ao menos citar que vão fazer isso. Parece algo sem importância, mas era necessário para "fechar" a história.
3) O autor deveria prestar mais atenção em alguns trechos. A conversa se passa numa sala de estar e do nada ambos estão no quarto. Aconteceu duas ou três vezes.
4) Se o Proteus já estava pronto, porque dar entrada no pedido de patente em cima da hora, quando o investidor (que faz parte da conspiração) recebe a apresentação?
****FIM DO SPOILER - PODE PROSSEGUIR A LER ****
"Chamada Perdida" é um bom livro de Michael Connelly. Embora existam muitas coisas confusas em sua narrativa, possui uma trama que prende e que faz o leitor se apegar ao seu universo. Sem dúvida deve ser lido e apreciado, mas que fique claro que os mais exigentes podem pensar algo totalmente diferente.