A Crise de 2008 e a Economia da Depressão

A Crise de 2008 e a Economia da Depressão Paul Krugman




Resenhas - A Crise de 2008 e a Economia da Depressão


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gustavo.ono 16/05/2010

Resumo
A Crise Imobiliária Global – Causas, Efeitos e Alternativas para solucioná-la

A CAUSA

A economia americana vinha apresentando um ritmo acelerado de crescimento até 2006, com uma alta oferta de crédito. A taxa de juros básica foi diminuída a pouco menos de 3% ao ano. Esse estímulo ao consumo fez com que muitos analistas vissem a economia americana de forma bastante sólida, com baixo risco (de inadimplência e default).

Os títulos de hipoteca começam a ser financiados por bancos, que cobravam taxas extremamente baixas de financiamento (devido a facilidade de crédito). Nos EUA, o financiamento de um imóvel dura cerca de 35 – 40 anos. Vários bancos e agências de risco consideravam estas carteiras hipotecárias como ativos de baixo risco (e conseqüentemente cobravam baixas taxas de juros). Com a taxa reduzida, o setor imobiliário ficou bastante aquecido; várias famílias financiavam seus imóveis. Ano a ano, o preço dos imóveis subiu de forma acelerada, uma vez que a procura continuava alta.

Vale lembrar que não foi somente o preço dos imóveis que subiu. Outros ativos também ficaram hiper valorizados.

Embora o preço do imóvel fosse alto, os bancos continuavam financiando as casas, e as pessoas continuavam comprando as mesmas. O mercado estava gerando uma bolha imobiliária. Os preços atingiram níveis recordes e as pessoas financiavam cada vez mais em prazos maiores.

Houve dois equívocos. Os imóveis estavam sendo financiados a um preço irreal (acima do valor “real”), e os riscos analisados pelas agencias de rating e bancos estava sub-avaliado (consideravam baixo o risco de default dos americanos).

Os bancos repassavam estes títulos de hipoteca a outros bancos para mitigar o seu risco. Ou seja, bancos do mundo inteiro (principalmente União Européia e USA) investiram nestes ativos arriscados.

A crise começa então em 2006/2007, quando o governo americano começa a aumentar sua taxa de juros devido ao fator inflacionário. O aumento da taxa de juros aumenta as parcelas a serem pagas pelos compradores de imóveis. Com o aumento das parcelas, aumenta-se o nível de inadimplência dos devedores.

O aumento do nível de inadimplência faz com que os bancos comecem a reavaliar o risco de sua carteira hipotecária. Além do mais, estes começam a “tomar” os imóveis inadimplentes. A inadimplência automaticamente gera uma queda brusca do preço dos imóveis. Ou seja, os bancos que antes achavam que tinham um ativo de alto valor e baixo risco, repentinamente se depararam com um cenário de desvalorização de seus ativos (depreciação do preço do imóvel) e aumento do risco.

Alguns bancos chegaram a aumentar a taxa de juros cobrada, uma vez que o risco de inadimplência de seus ativos aumentara. No entanto, o aumento da taxa de juros só fez com que as coisas piorassem. A cada aumento da taxa de juros cobrada dos devedores, se aumentava ainda mais a inadimplência.

Para esclarecer a situação deixe-me dar um exemplo. Imagine um banco que financia a construção de uma casa de valor de mercado de US$ 1 milhão. Este banco financia assim 1000 casas com esta. Logo, ele possui uma carteira hipotecária de US$ 1 bilhão. O banco financia estes imóveis e receberá este valor em 40 anos, em parcelas pagas pelo devedor. A partir do momento que os devedores começam a dar default, os bancos reavaliam o risco desta carteira. Alguns bancos aumentam a taxa de juros cobrada (elevando as parcelas pagas mensalmente pelos devedores), o que aumenta ainda mais o nível de default dos devedores. Os antigos proprietários devolvem o imóvel ao banco, pois não conseguem pagar. Os bancos ficam com vários imóveis em seu nome, gerando um excedente (aumento da oferta) de imóveis a venda no mercado. O aumento da oferta (bancos querendo se livrar dos imóveis) e a queda da demanda (alta taxa de juros) faz com que o preço dos imóveis desabem. O banco que antes tinha US$ 1 bilhão em imóveis financiados, agora possui US$ 700 milhões em imóveis físicos (supondo queda de 30% do preço dos imóveis).

O problema se intensifica porque os bancos compram carteiras um de outro. Logo, bancos do mundo inteiro tinham em sua carteira ativo de hipoteca americana. Essa perda se expande para bancos do mundo inteiro.



A CONSEQÜENCIA

O grande risco da crise era que esta afetasse o setor real / produtivo da economia. Ou seja, a crise pode alcançar um nível crítico caso esta seja expandida do setor financeiro para o setor produtivo (desaquecimento do PIB).

Com a crise financeira, alguns bancos pedem concordata (Lehman Brothers). Os bancos ficam menos propensos a dar crédito às empresas e aos cidadãos. Como conseqüência, reduz-se os investimentos das empresas, assim como o consumo (menos crédito) da sociedade. Hoje por exemplo, com menos crédito, as taxas de juros de empréstimos sobem, desestimulando o consumo a prazo (automobilística, imóvel, etc). Hoje muitas empresas automobilísticas já estão dando férias coletivas aos seus funcionários e diminuindo as previsões de venda para o ano seguinte (tanto interna quanto externa).

Ao mesmo tempo, os investidores retiram seu capital de mercados emergentes (Brasil, China, Índia e África do Sul) e para cobrir suas perdas no mercado internacional. Ocorre assim uma acentuada queda da bolsa de valores, rebaixando o nível de preço das ações. Do ponto de vista cambial, a saída de dólares do Brasil desvaloriza o Real (menos dólares na economia brasileira).

Hoje no Brasil, o câmbio desvalorizado tem gerado expectativas de inflação, uma vez que muitos produtos vendidos no Brasil são importados. Ao mesmo tempo, as exportações acabam sendo afetadas pela diminuição da demanda no mercado externo; mesmo que do ponto de vista cambial esta seja favorecida.

A definição da taxa de juros torna-se uma decisão bastante complexa. Se o Copom subir a Selic, este estará contendo uma possível inflação gerada pelo aumento do preço dos produtos importados. Ao mesmo tempo, esta decisão esfriará a economia, uma vez que altas taxas de juros conterão o consumo (PIB). Além do mais, esta decisão levaria os investidores a investir ainda mais nos títulos públicos, o que faria com que a bolsa caísse ainda mais.

Por outro lado, a queda dos juros poderia estimular a economia (investimentos e consumo). Mas uma pergunta relevante é: Até que ponto uma queda dos juros tornariam os bancos mais propensos a dar crédito e as empresas mais propensas a fazer investimentos? Será que uma queda dos juros realmente teria estes efeitos em plena crise? A queda dos juros também aumentaria o risco de elevar a inflação. Neste caso, existiriam duas pressões inflacionárias: importação (cambio desvalorizado) e um possível aumento do consumo.

Outra discussão relevante se trata dos gastos públicos. Com a desaceleração da economia, o governo certamente arrecadará menos o que deverá diminuir os gastos públicos (sejam estes sociais ou estruturais). Uma questão é até que ponto esta crise poderá afetar o PAC? Até que ponto isso afetará programas sociais?

SOLUÇÕES DISCUTIDAS

Hoje, muitos dizem que esta crise se trata de uma crise de crédito. O que o governo deveria fazer é tentar expandir o crédito. Até agora, o governo realizou algumas medidas:

1) Diminuir a taxa de compulsório. Com esta medida, o governo pretende aumentar o capital disponível para os bancos. Com mais dinheiro disponível, os bancos poderiam emprestar mais / aumentar o crédito;

2) Possibilidade de Instituições Governamentais comprarem parte de empresas privadas de Construção Civil. O setor imobiliário é certamente um dos setores mais afetados pela crise, uma vez que a maioria de suas vendas são feitas via financiamento / crédito. Muitas empresas precisam assim de capital de giro para terminaram suas obras. Com esta nova regra, o governo poderá se tornar sócio da empresa, e contribuir para que esta conclua suas obras e cumpra seus compromissos.

3) Outra medida outorgada pelo Ministério da Fazenda foi o de possibilitar que os bancos emprestem até 5% dos recursos da poupança em empréstimos de capital de giro às empresas de construção civil. Além do mais, disponibilizou R$ 3 bilhões na Caixa Federal para estas empresas.

4) Neste período de escassez de crédito, uma medida que esta sendo discutida é o parcelamento do pagamento de tributos (como Imposto de Renda de Pessoa Jurídica). Vários empresários (Gerdau entre eles) pedem que o governo possibilite um parcelamento dos pagamentos dos impostos para sua melhor gestão de caixa. Essa medida, segundo os empresários, evitaria um aumento do nível de inadimplência ao governo e ajudaria a gestão de caixa das empresas.

5) Venda de Dólares. O BC tem vendido os dólares no mercado, evitando uma depreciação excessiva do real. O governo detinha US$ 200 bilhões, e começou a vender a moeda americana para conter a queda do Real.

6) Disponibilidade de crédito para empresas exportadoras (via BNDES). As empresas exportadoras também são grandes “captadoras” de crédito. Estas necessitam de capital de giro para financiar produtores ou para compra de matéria prima. Com a redução do crédito, as exportações brasileiras ficam afetadas. Visando manter as exportações a nível regulares, o governo liberou uma linha de crédito de R$ 5 bilhões via BNDES para financiar empresas exportadoras
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