Thales.Santos 03/01/2024minha estanteÉ porque, de fato, a ideia do livro é ser distinto do meio para o fim. O livro foi escrito por dois policiais que eram capitães do BOPE e por um famoso antropólogo e que tem uma vasta experiência na gestão pública.
Portanto, a primeira parte tem mais essa pegada de diário, um relato ali do cotidiano da corporação: operações, invasões a morro, chacinas, torturas, esquemas de sacanagem etc. Os dois autores que foram do BOPE, acredito eu, condensaram suas histórias em uma só através ali daquele narrador. Então a primeira parte é mais das experiências deles.
A segunda parte, é mais baseada na experiência do Luiz Eduardo Soares, o antropólogo que mencionei antes. Na área da Segurança Pública, ele é uma das maiores referências no debate, o que o fez ser escolhido para atuar como secretário de segurança do estado do RJ e também da secretaria nacional de segurança no governo Lula I. Falando isso tudo para mostrar que ele teve muito contato com essa parte da gestão da segurança pública e que, por consequência, viu de perto muita coisa envolvendo a polícia.
Inclusive, duas coisas foram bem marcantes quando ele foi secretario aqui no RJ. Primeiro que ele teve uma postura mais crítica em relação a atuação das polícias, sempre batendo na tecla a necessidade de um maior controle externo de suas atividade (ele mesmo chegou a denunciar alguns casos de corrupção policial) e, somado ao fato de que durante sua gestão as operações policiais truculentas foram substituídas por ocupações "pacíficas", o fizeram ser hostilizado tanto pela PM quanto pela PC. A segunda coisa é o episódio do Caso Salles (uma das famílias mais ricas do Brasil), onde descobriu-se que o João Salles dava mesadas mensais para o Marcinho VP, o traficante mais procurado do RJ e um dos mais procurados no Br, quando ele resolveu largar o tráfico. Na época, o antropólogo elogiou publicamente essa ação, o que foi um escândalo e logo depois foi demitido da sua função pelo governador Garotinho. Ele saiu Depois quando foi para o governo Lula I, também rolou uma repercussão e fizeram pressão para ele ser demitido.
Enfim, em geral é isso. Por isso essa segunda parte nós temos uma maior presença de atores políticos, porque é para mostrar mais esse lado da relação corrupta entre a polícia e a política institucional.