Samu 10/05/2023"Antes de começar, quero que vocês saibam que meu nome é Clarice."Como disse Clarice em sua última entrevista: ?Quando me comunico com a criança, é fácil, porque sou muito maternal. O adulto é triste e solitário, mas a criança tem a fantasia. Ela é solta e feliz”?.
É incrível de pensar que tudo começou com seu filho dizendo: ?Por que você só escreve livros para adultos? Nenhum para crianças??, e mais incrível ainda ler o texto antes do conto que dá o nome a coletânea (O Mistério do Coelho Pensante), onde Clarice avisa que a história foi escrita para uso doméstico, e que deixou todas as entrelinhas para explicações orais, então é o papel dos adultos dar uma contribuição (forçada) quando lerem esse conto para uma criança hehehe.
Os contos, apesar de muito leves e divertidos, não deixam de lado a melancolia e os assuntos sérios, que vão de solidão à vingança, além de serem recheados de metáforas.
Me apaixonei pela forma que ela conseguiu se conectar com o leitor, fazendo e respondendo perguntas durante as histórias, nos fazendo sentir que realmente é uma mãe nos contando uma história e fazendo pausas para interagir. Clarice também foi extremamente perspicaz quando usou elementos textuais para representar o som no conto ?Quase de Verdade?, o tornando ainda mais imersivo, o que acredito que para crianças deve funcionar magicamente para a leitura fluir ainda mais.
Agora estou ansioso para ler ?Doze lendas brasileiras: Como nasceram as estrelas? e completar a leitura das cinco obras de literatura infantil de Lispector.