Hiago 23/03/2021
Dedo n c* e gritaria do começo ao fim!
Eu amo enaltecer o trabalho de autores independentes brasileiros, tanto por ter noção de como é o processo criativo de escrita e tanto por ter conhecimento do mercado brasileiro literário e suas adversidades. É reconfortante o empenho e amor pela literatura. Então entre tantos títulos que me deparo, Teia Negra acabou me chamando atenção por ter um plot clichê, mas com muito potencial.
Na trama acompanhamos Michael, um agente aposentado da CIA que é contatado para investigar a morte precoce e peculiar de um diretor de uma importante empresa petrolífera no Brasil. Já nos primeiros parágrafos vemos que a situação como um todo tem uma carga pessoal muito forte, o que motiva o protagonista ainda mais. Ele se une a George Kremer, um investigador brasileiro tão ávido pela justiça quanto ele.
Ao longo das páginas, conhecemos muitos personagens, mas muitos mesmo, o que pode causar estranheza em alguns leitores pela pouca profundidade deles, o que não é de todo ruim por seres suspeitos em potenciais. E em histórias de crimes, quanto mais se sabe sobre o personagem, mais fácil fica adivinhar suas reais motivações dentro do enredo.
As passagens são muito rápidas, de um parágrafo para o outro tudo pode acontecer! Isso deixa a história muito fluída, mas senti falta de descrição, principalmente nas cenas de ação, o que poderia ser compensado com menos flashbacks de personagens secundários que não agregam em nada na história, pois não os aprofundam e ocupam um espaço dentro da história que deveria ter sido feita para a investigação em si.
O processo investigativo é bem linear: acompanhamos um suspeito, vemos que ele não é tão suspeito assim com a descoberta de alguma prova em potencial e seguimos em frente. Esse ciclo não fica repetitivo, pois diversas reviravoltas trazem esses suspeitos antigos à tona, de um jeito ou de outro.
No saldo final, Teia Negra acerta em proporcionar uma história instigante, mesmo com pouco aprofundamento e excessos de clichês em tramas investigativas. É bom; excelente levando em conta ser uma obra independente, com um final satisfatório e coerente.
Como uma última ressalva, o título pode trazer questões problemáticas raciais à tona pela palavra "negra". Entretanto, o livro foi escrito em 2005, uma época onde a discussão racial ainda estava caminhando para ter mais espaço. Não deixa de ser algo errado, mas há dezesseis anos as coisas eram diferentes. Infelizmente.
3,5/5
site: @flop.literario