Anderson 21/04/2020Depois da Meia Noite (Stephen King, 1992) é o segundo livro publicado pelo autor no formato de coletânea de histórias, sendo estas compridas demais para serem consideradas como contos e curtas demais para serem publicadas individualmente como livros. Ao decorrer das narrativas, podemos notar elementos de horror, sci-fi e suspense, que criam ambientes desoladores e personagens aterrorizantes como se tivessem saídos diretamente dos piores pesadelos do autor.
Vale destacar que cada noveleta é antecedida por uma pequena explicação de como as situações do mundo real inspiraram o mestre do terror a criar cada enredo. O que, por sinal, foi bastante interessante de conhecer.
Na primeira história, “Os Langoliers”, somos apresentados a uma história bastante imersiva e que nos faz pensar sobre como seria se tal situação nos acontecesse. Imagine estar em um vôo em que a maioria dos passageiros desaparece subitamente, incluindo o piloto e o restante da tripulação, sendo que não há o menor sinal de vida no mundo exterior, além de, aparentemente, estarem em uma rota desconhecida...
Opinião: Minha história preferida! Pra mim, SK soube dosar bem aqui os momentos de mais ação com o suspense e horror, aliado com personagens cativantes e elementos fantasiosos. O medo inserido aqui se dá mais pela situação desoladora instaurada. Nota 5,0. [existe adaptação para TV]
Em “Janela Secreta, Secreto Jardim”, nos é apresentado Mort Rainey, um autor de livros, recém-divorciado, que está morando na sua casa de veraneio. Em um determinado dia, alguém bate à sua porta, acusando-o de plágio por uma de suas publicações. Imediatamente ele nega, convicto de suas ações, porém o acusador não aceita tão facilmente suas desculpas, exigindo mais do que uma simples prova...afinal “o direito é o direito e o justo é o justo”.
Opinião: Não achei tão interessante quanto a primeira história, mas, ainda assim, foi uma boa história de suspense/horror. Como fui pescando dicas ao longo da história, não senti todo o impacto do plot-twist no terceiro ato. Ainda que a última grande revelação no epílogo seja capaz de dar calafrios ao leitor. Nota 3,5 [existe adaptação para o cinema]
Na terceira “O Policial da Biblioteca”, temos Sam Peebles, agente imobiliário e vendedor de seguros, que empresta dois livros da biblioteca de Junction City e se vê em problemas após esquecer de devolvê-los dentro do prazo indicado. Em seu rastro, é designado o Policial da Biblioteca, um sujeito de quase três metros de altura, vestindo capa e chapéu cinza, para fazê-lo cumprir a sua obrigação.
Opinição: Confesso que foi bem diferente do que eu esperava a partir da sinopse. SK acrescenta outros elementos que causam até uma certa estranheza aos desavisados. A leitura fluiu, se tornando arrastada apenas em uma determinada parte em que a personagem praticamente para e te diz: "senta que lá vem história"... Após esse ponto, o ritmo é crescente até a sequência final. Nota 4,0.
Por fim, temos “O Cão da Fotografia”. Uma curiosa história que se utiliza das fotos instantâneas de uma antiga Polaroide, aparentemente com defeito, para apresentar os movimentos de um cão a beira de uma cerca de ripas de madeira e que parece, pouco a pouco, se voltar furiosamente pra quem tira as fotos. Essa noveleta se passa em Castle Rock e se destaca por conectar os livros “A Metade Negra” e “Trocas Macabras”, além de fazer referência a “Cujo”.
Opinião: Segunda história de que mais gostei! Stephen King é gênio em criar tensão e um crescente medo tanto nas personagens quanto no leitor a cada disparo da máquina. Um dos antagonistas dessa trama talvez seja uma personagens mais mesquinhas e arrivistas que já conheci no universo Stephen King. Nota 4,5.
Conclusão: Primeiro livro de coletânea de histórias que li do autor e o resultado foi certamente satisfatório. As histórias, obviamente, vão quase sempre direto ao ponto, ainda que não falte a prolixidade característica “Kingiana”, que reconheço servir para enriquecer a ambientação e os perfis das personagens, a trama como um todo.