gi 05/01/2024
2ª guerra, família, luto, ironia e esperança.
O background desse livro é de guerra e desolação. O autor traz em pauta o luto, a miséria e a tristeza da guerra ("Carrego comigo") - mas ainda, mais que isso: uma dormência do povo, "numbness", desesperança. Pior que ter esperanças ruins, é um povo que não espera mais nada (a noite em "A passagem da noite").
Mas nem tudo está perdido. Drummond mostra que há esperança: a rosa. Ilustrando suas duas leituras, tanto o poema quanto o amor, a rosa representa a salvação, a esperança, a alegria que brota(rá?) no meio do nelumbo, da tristeza ("A flor e a náusea").
Ainda nas primeiras páginas, "Procura da poesia" estabelece certa ironia envolta do processo poético. O autor dita instruções ao mesmo tempo que não as segue: "não cantes tua cidade", porém escreve "Confidência do Itabirano"; "não faça versos sobre acontecimentos", mas escreve "Uma pedra no caminho"; e assim vai.
Escreve muito sobre a família, e em imagens nostálgicas relembra seus parentes e traz a sensação de conforto através do velho piano da sala, inutilizado ("Onde há pouco falávamos").
Dentro do contexto familiar e de guerra, menciona o luto, tentando a desvendar os segredos dos mortos ("Como um presente").
Em última instância, menciona o famoso Charlie Chaplin, retomando o tema da guerra, porém com um olhar gouche: suas palavras "caminham numa estrada de pó e esperança".