A rosa do povo

A rosa do povo Carlos Drummond de Andrade




Resenhas - A Rosa do Povo


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Alê | @alexandrejjr 08/12/2020

A poesia quer sair, o poeta quer gritar

Desde que conheci a poesia de Carlos Drummond de Andrade, não parei de me interessar pela obra do poeta. Talvez tenha contribuído para meu imaginário pessoal algumas fotos e matérias que li a respeito dele na época da escola. Para mim, Drummond será sempre aquele velhinho pacato, elegante, símbolo máximo do que é ser um funcionário público que, fora do holofote e da atenção alheia, fazia mágica com as palavras. No entanto, “A rosa do povo” quebra um pouco desse personagem idealizado que de alguma maneira construí ao longo dos anos.

Esse é um livro diferente. Afinal, não poderia ser igual aos anteriores, ainda mais na época em que foi lançado. O mundo em que Drummond concebeu “A rosa do povo” era um caos - não que hoje o nosso seja menos caótico, é claro. Porém, era a época do final do Estado Novo de Vargas - regime em que Drummond era observador íntimo a partir de algum escritório do Ministério da Educação, comandado por seu amigo pessoal Gustavo Capanema, e, imagino eu, sem poder fazer muita coisa, se destroçava por dentro -, do terrível e final saldo da Segunda Guerra Mundial, da lenta e desigual industrialização do “país do futuro” e da ascensão de duas potências que dividiram - e ainda hoje dividem, mesmo que simbolicamente - o mundo. Um espaço-tempo turbulento, portanto, e é nessa turbulência que o poeta disseca a palavra, tira dela todo o brilho e deixa ela seca, seca como as inquietações de sua cabeça. E é aí que também aparece com força total a figura do “poeta engajado”, uma versão que meu imaginário desconhecia. O tempo presente, como muitos estudos afirmariam depois, foi a matéria-prima dos poemas de “A rosa do povo”.

Livro de poemas extensos, “A rosa do povo” não é, na minha irrelevante opinião, o melhor livro para conhecer o poeta. Mas, como sou eu que escrevo, vou fazer uma indicação. Acho que é melhor conhecer Drummond, assim como foi meu caso, através de “Alguma poesia”, livro que deve ser considerado de vanguarda por muito tempo ainda.

Entre os 55 poemas do livro, preciso destacar alguns neste singelo texto, como de praxe. Gosto particularmente da parte inicial, que contém a secura do tempo captada por Drummond em, por exemplo, “Procura da poesia”, “A flor e a náusea”, “Carrego comigo” e “O medo”. Gosto também da confusão proposta pelo eu lírico em “Rola mundo” e “Assalto”, da capacidade sintética e sensível de “Áporo”, do belíssimo “Movimento da espada” - inspiração para música homônima de Giovani Cidreira que apareceria no mundo apenas em 2017 -, do premonitório e de uma lucidez espantosa “Caso do vestido”, do antológico “Morte do leiteiro”, do provocativo “Noite na repartição”, que parece quase uma prosa, e por fim mas não menos importante, dos lindos versos de “Consolo na praia”.

Drummond, poeta essencial, não é tempo desperdiçado, é tempo vivido. Leia se tiver a oportunidade.
Débora 08/12/2020minha estante
Amo Drummond!


Suzanie 08/12/2020minha estante
??


Débora 09/12/2020minha estante
Com certeza, Alê!


Alê | @alexandrejjr 09/12/2020minha estante
Drummond está entre os melhores da nossa literatura, né, Débora, não tem como não se apaixonar mesmo. Prova viva é o comentário da Suzani, que respondeu da única maneira possível! (recolocando o comentário corrigido, pois vi um errinho que cometi na primeira vez).


Marcia 24/02/2021minha estante
Talvez não seja o livro mais representativo da poesia de Drummond, mas traz muito do momento em que foi escrito. Se quiser ter uma visão mais ampla da obra deste mestre da poesia( e da língua portuguesa) eu sugiro o livro Reunião.


Alê | @alexandrejjr 25/02/2021minha estante
Obrigado pela sugestão, Márcia, vou conferir!




marcinvsc 16/02/2024

Acalento devastador
Carlos Drummond de Andrade, apenas.
?Consolo na Praia? foi o poema que mais me pegou ainda mais depois de vê-lo exclamado na voz de Maria Bethânia.

?Vamos, não chores?
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.?

O começo do livro me pareceu super confuso, mas depois de reler umas 4 vezes percebi que era confuso mesmo. Talvez a arte esteja ai. Tinha uma pedra no meio do caminho, ou apenas um rastro, não importa.
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Gabriel.Silva 16/05/2017

De longe, é o melhor livro de poemas que li, e também na minha opinião é o melhor livro de Carlos Drummond de Andrade. O poema um dos gêneros literários que mais gosto e me impressionei com a profundidade desse livro, foi um livro muito significativo na época em que foi escrito e continua até hoje, e com certeza continuará sendo para as próximas gerações, tanto é que foi aclamado pelos críticos literários. Um livro de Poemas não tem meio-termo, ou gosta ou não gosta . É difícil gostar de todos os poemas que contém em um livro, ou gosta da maioria ou da minoria das poemas, nesse livro eu gostei de todos, todos os poemas tem um significado, um assunto importante.
Dentre todos os poemas, eu destaco alguns: 'A flor e a náusea', 'Carrego comigo' , 'O medo' , 'Passagem do ano' , 'Passagem da noite', 'Nos áureos tempos', 'Vida menor', 'Anúncio da Rosa', 'Resíduo', 'Como um presente'. Mas todos os poemas contidos neste livro merecem ser lidos. Cada poema é significativo e propõe uma reflexão sobre cada assunto abordado,por isso é um livro que precisa ler com calma, sem pressa. A narrativa do livro não é difícil, li em apenas um dia, e gostei muito. O título deste livro tem um significado e logo chama a atenção. 'A rosa do povo' ,uma flor (uma poesia, onde brota a esperança) e na época em que este livro foi escrito por Drummond, o mundo estava dividido entre democracia e fascismo,democracia e comunismo.

Destaco o trecho de um poema, que ainda se encontra uma frase dele na contra-capa do livro, mas começarei do início deste trecho:
"Saber que ainda há florestas,sinos,palavras; que a terra prossegue seu giro,e o tempo não murchou; não nos diluímos.Chupar o gosto do dia!Clara manhã,obrigado,o essencial é viver."
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Max 10/12/2023

Meu poeta...
Sei que a sensibilidade é como uma porta entreaberta, uma nesga de luz, que deixando entrar, queima nosso coração marcando-nos de dor e sofrimento. Em Drummond não é assim. Dele, a luz da sensibilidade se decompõe apenas em delicadeza, só dela. Morei alguns anos em Itabira, sua terra, em que remete a todo tempo nesse livro. Eu o compreendo, talvez, quando me lembro que vi as mesmas montanhas, vivi a mesma vagareza do tempo, senti a mesma neblina em meu rosto...
O que produz tanta beleza em sua poesia, é a sua memória, a sua lembrança que a todo tempo o trai, o engana, fingindo que o antes era mais belo que o foi...
Recomendo fortemente!
Carine Campos 10/12/2023minha estante
Eu amo esse livroo!


Max 10/12/2023minha estante
Não me surpreende, Carine, sua sensibilidade para com a poesia é muito parecida com a minha!?


Débora 10/12/2023minha estante
Que lindo, Max!?


Max 10/12/2023minha estante
Obrigado, Débora querida!?




Renata CCS 19/02/2013

Um retrato psicológico vivo de uma época importante no Brasil e no Mundo

Procura da Poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
(...)

Carlos Drummond de Andrade - A Rosa do Povo.

A ROSA DO POVO é uma obra de linguagem poética com participação social: está profundamente sintonizada com o contexto histórico do qual nasceu. O livro foi escrito durante os anos sombrios da 2°Guerra Mundial, os anos de ditadura de Getúlio Vargas, e nele encontramos a amargura, a indignação e a esperança mescladas de forma intensa. Em seus poemas Drummond procura compreender o sentimento, o sofrimento e a angústia existencial daquela época. O poeta testemunha e nos apresenta sua reação diante da dor coletiva e da miséria do mundo moderno, com seu materialismo e sua falta de humanidade. É interessante observar que o clima dos poemas parece acompanhar o movimento histórico do qual faz parte. Inicialmente é mais silencioso, porém apreensivo, como quem aguarda a tempestade, aí vem o medo, a sensação de impotência diante de tanta tragédia e sofrimento, vem a fragilidade humana, a hora sombria da morte e o momento de reflexão. E assim, o livro e a guerra seguem finalmente para o seu desfecho e, como todo esperado final, brilha a esperança, a força e o amor. A ROSA DO POVO é um livro único. Leitura obrigatória para amantes de poesia.
Maria Luísa 07/03/2013minha estante
Para a compreensão dessa obra, bastante útil é lembrar a data de sua publicação: 1945. Trata-se de uma época marcada por crises fenomenais, como a Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente ao Brasil, a Ditadura Vargas. Drummond mostra-se uma antena poderosíssima que capta o sentimento, as dores, a agonia de seu tempo. Basta ler o emblemático "A Flor e a Náusea", uma das jóias mais preciosas da presente obra. Este é, sem sombra de dúvida, meu livro predileto de Drummond.


Renata CCS 08/03/2013minha estante
Drummond conseguiu transformar uma dura realidade, o materialismo de uma época e a falta de humanidade em poesia. Realmente o livro é único, apaixonante.




Vitor 26/10/2023

"A rosa do povo", é um livro escrito por Carlos Drummond de Andrade no período da Segunda Guerra Mundial, ele foi publicado em 1945.
Este livro propõe o debate sobre a situação do artista no mundo e sua posição em face dos problemas politicos e sociais do seu tempo. Drummond tomou posição e manteve-se fiel a seu ideário, embora reconhecendo a falácia de ilusões que se misturavam a interesses de justiça, liberdade e paz .
Uma leitura interessante, que deve ser lida com atenção, é o primeiro livro que eu leio desse genero, algumas poesias são realmentes profundas e me fizeram refletir, alguns poemas nos traz um sentimento de angustia e outros de gratidão pela vida...

"Clara manhã, obrigado,
O essencial é viver!"
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Edna 07/04/2020

Um Eco
Terminei essa belezura de leitura que é "A Rosa do Povo" e procurei definir em uma frase essa grandiosidade de Drummond que consegue com sua poética traduzir as gerações e os momentos de uma forma tão imortais como se tivesse escrito hoje. "Um Poema nunca termina, ressoa" Foto inicio de Março/20.

Poema: Notícias

Entre mim e os mortos há o mar
e os telegramas.
Há anos que nenhum navio parte
nem chega. Mas sempre os telegramas
frios, duros, sem conforto.

Na praia, e sem poder sair.
Volto, os telegramas vêm comigo.
Não se calam, a casa é pequena
para um homem e tantas noticias.

Vejo-te no escuro, cidade enigmática.
Chamas com urgência, estou paralisado.
De ti para mim, apelos,
de mim para ti, silêncio.
Mas no escuro nos visitamos.

Escuto vocês todos, irmãos sombrios.
No pão, no couro, na superfície
macia das coisas sem raiva,
sinto vozes amigas, recados
furtivos, mensagens em código.

Os telegramas vieram no vento.
Quanto sertão, quanta renúncia atravessaram!
Todo homem sozinho devia fazer uma canoa
e remar para onde os telegramas estão chamando.

#Bagagemliteraria
#Arosadopovo
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#Bookstagram
#Euamoler
#Instalivros
#Literatura
#ler #Emcasa
#Fiqueemcasa
#Leiaumlivro
#Leiaemcasa
#todoscontraocoronavirus
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Nat 23/04/2021

^^ Pilha de Leitura ^^
Mais um lindo livro de poesias do Drummond. Esse, no entanto, um pouco diferente. Ele continua falando de pessoas e famílias, porém com um certo contexto social – afinal, o livro foi escrito durante dos últimos anos da Segunda Guerra Mundial.

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
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Aryadne.Brito 17/06/2020

Muito bom
Este livro é de um dos melhores escritores brasileiros e também muito bem reconhecido internacionalmente. Recomendo a leitura deste somente se já conhece o autor, ou iniciar a leitura pelo posfácio e depois ler os poemas.
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Caroline457 21/09/2023

Sem sombra de dúvidas uma obra atemporal e necessária!
?A Rosa do Povo? foi escrita em um contexto histórico muito conturbado, devido à ditadura decorrente do Estado Novo de Vargas, bem como ao cenário catastrófico da Segunda Guerra Mundial que se expandia.
Drummond fez um excelente trabalho ao apresentar diversos temas importantes para a
sociedade na forma de uma poesia com versos livres, representando os sentimentos de angústia, medo e esperança, temas muito comuns no período em que o livro foi escrito através, por meio de simbologias.
Me surpreendeu, uma vez que, normalmente, quando pensamos em poesia, não nos vem à mente uma pauta tão política e social.
Meus poemas favoritos foram: "Resíduo", "Morte do leiteiro", "Morte no avião", "Consolo na praia", "Idade Madura" e "Visão 1944".
Hellen.Lily 27/09/2023minha estante
UAUUU, vou colocar na minha lista




Gabriel 31/05/2020

Eu menor que o mundo
Um dos livros mais emblemáticos de Carlos Drummond Andrade, A Rosa do Povo é a representação da segunda fase de Drummond "Eu menor que o mundo" e é marcado pela reflexão sobre o social, política, ditadura, guerra fria etc...
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Tatiane.Nogueira 30/05/2023

Fofinho
A rosa volta e meia aparece como uma metáfora para a esperança, "rompendo o asfalto" e o povo como a principal vítima dos efeitos da guerra.

site: https://www.wattpad.com/user/TatianeNogueira0
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Marília Moreira 15/02/2010

Sempre me debati um pouco para iniciar leitura de poemas; apesar de gostar muito de subjetividades e das brincadeiras com a linguagem,tinha a impressão de que a minha leitura era muito "simplista", o que tornava os poemas entediantes. Ficava com vontade de descobrir a "intenção do autor" e não conseguia abarcar os diversos sentidos do texto (a famosa polissemia). Com o passar do tempo e o acréscimo de leituras, percebi que os poemas não são tão difíceis. "A Rosa do Povo" ampliou essa percepção. Recomendo e mesmo depois de alguns anos ainda espero que a flor brote do asfalto ! :)
05/05/2018minha estante
Tirou as palavras da minha boca! Um abraço ;)




Leãozinho 31/08/2020

Poesias que te levam história
Bom, não sou expert em poesias, na verdade sei muito pouco sobre elas, então minha opinião sobre A Rosa do Povo é bem leiga.
No entanto, acredito que muitas das poesias contidas nesse livro ajudaram àqueles que estão estudando a entender a visão de pessoas que viveram na época da Segunda Guerra.
Há uma diversidade de temas no livro, desde histórias de assassinatos a homenagens. Vale muito a pena a leitura, ainda mais se houver alguém ao seu lado para te apresentar o contexto em que foi escrito.
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houesmoony 03/09/2023

Muito conhecimento sobre o mundo e sobre as palavras, às vezes a gente consegue sentir a angústia que o autor descreve nos poemas, é realmente uma obra de arte.
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