Leila de Carvalho e Gonçalves 03/07/2022
Buck
Jack London, pseudônimo de John Griffith Chaney (1876-1916), foi um escritor e jornalista norte-americano cuja vida sempre esteve inextricavelmente ligada a sua obra. Antes de se dedicar à literatura, ele desempenhou as mais diferentes atividades para sobreviver e, de caçador de focas no Pacífico a mineiro no Alasca, conheceu os Estados Unidos e o Canadá de ponta a ponta. Todas suas experiências estão retratadas em mais de 50 livros que o tornaram uma celebridade mundial e dono de uma imensa fortuna, algo até então impensável para um escritor. Entretanto, o reconhecimento crítico só foi alcançado após sua morte precoce, aos 40 anos.
Entre suas histórias mais conhecidas está The Call Of The Wild, curiosamente , um livro cujo título já recebeu diferentes traduções nas edições brasileiras, como O Chamado Da Floresta, O Chamado Selvagem, O Apelo da Selva, ou O Apelo Da Natureza.
De rápida leitura, a história gira ao redor das aventuras, ou melhor, das desventuras de Buck, um mestiço de São Bernardo e pastor escocês, que se transforma de privilegiado cão doméstico de uma família californiana para líder de uma matilha de lobos no Yukon. Uma transformação repleta de aventuras que, baseada no conceito do Übermensch ou Super Homem de Nietzche e no Darwinismo, pode ser comparada a uma jornada de autodescobrimento e redescoberta dos instintos selvagens por parte do protagonista.
Lançado em folhetins em 1903, trata-se de uma leitura que deve ser contextualizada, em especial, se o leitor for uma criança ou adolescente, pois muitas de suas ideias estão ultrapassadas e dois bons exemplos são a exploração predatória da natureza e a antagonização entre o ?herói? colonizador e os indígenas ou povos nativos na defesa da invasão de seu território.
Enfim, recomendo. Não só como registro de uma época, sobretudo, The Call Of The Wild tem a seu favor a reavaliação dos princípios de civilidade, coragem, lealdade e sobrevivência. Paralelamente, o relacionamento entre Buck e o aventureiro John Thornton é um dos mais tocantes da literatura.
Boa leitura!