Alex 29/01/2023O chamado de um instintoEste é mais um romance repleto de emoções, reflexões e experiências, carregados por Jack London de forma magistral. É o segundo livro do autor que li, e o recomendo por inúmeros motivos.
A começar pela temática, se tem bichos, vale muito a pena. Nesta história você seguirá as patas de Buck um mestiço de São Bernardo com algum Collie inglês. Um cão acostumado à civilização e vida doméstica.
A narrativa o levará para os mais selvagens territórios de Yukon, região canadense que foi amplamente explorada (à época do autor) na corrida pelo ouro.
Nesta aventura Buck se depara com inúmeros dilemas: o abandono da civilização, o embrutecimento causado pelo meio, a descoberta da lei do mais forte, a lealdade com irmão de batalhas, o amor genuíno e gratuito, o despertar dos instintos primitivos e adormecidos em sociedade.
Todos estes temas, apresentados na percepção de um cão, são temas arquetipicos do ser humano. Também vivemos em sociedade, com instintos adormecidos graças às facilidades da vida moderna.
O ser humano também desenvolve comportamentos embrutecidos, e acaba desumanizado diante da violência e das agruras por que passou.
E, por fim, a descoberta da lealdade, do amor genuíno e da fidelidade, são lições aprendidas com perfeição, quando experimentadas.
Estas são apenas 3 das inúmeras reflexões possíveis de curtíssimo livro. Rico tanto pela jornada do herói, Buck. Quanto, pelo desenvolvimento de cada personagem, seja humano ou canino.
Jack London tem essa capacidade de questionar a moral, impingir dilemas filosóficos, em meio à uma ficção e experiências pessoais. E isso torna toda a leitura de sua obra muito rica.
Recomendo, e se possível, comece por O chamado selvagem.
Obs. No Brasil existem edições com inúmeros nomes parecidos: O Grito da Selva, O Chamado da Selva, O Apelo da Selva, O Chamado da Floresta e O chamado Selvagem, trata-se claramente de um problema, ou talvez estratégia, de tradução das editoras.