Fernanda631 05/07/2023
A Garota da Capa Vermelha
A Garota da Capa Vermelha foi escrito por Sarah Blakley-Cartwright.
Baseado no roteiro do filme de mesmo nome, Valerie é a ovelha negra de seu povoado. Enquanto as moças aprendem a cozinhar e cuidar dos maridos, Valerie não consegue se imaginar em uma vida doméstica, principalmente por cozinhar mal. Separada de seu melhor amigo de infância, Valerie cresceu sozinha, morando num vilarejo assombrando por um Lobo que ninguém conhece muito bem, só sabem que nunca podem se esquecer de deixar a oferenda, principalmente em dias de Lua de Sangue. Até que algo trágico acontece e todos queixam que o acordo com o Lobo não é mais confiável.
A Garota da Capa Vermelha conta a história de uma garota que vive em um vilarejo chamado Daggorhorn. Acredito que a época em que a história é contada seja na idade média mais ou menos. Enfim, a vila vivia em seus anos de paz, há muitos anos o Lobo não aparecia por ali, mas a morte de Lucie, irmã de Valerie foi o estopim para que o desespero e o medo dos habitantes de Daggorhorn voltasse a reinar. Cansado de todo esse sofrimento, Father August toma providencias para chamar o Father Solomon, uma pessoa que se diz homem de Deus e que promete matar o Lobo. Bom, é aí que a história começa a acontecer de verdade.
Valerie era bem diferente das outras garotas e muitas vezes ela se sentia inferior por isso. Mas mal sabia ela que essa diferença era o que encantava o garoto mais cobiçado do vilarejo, Henry. Mas não era Henry que arrancava os suspiros de Valerie, e sim outro homem, Peter. Peter sempre foi o melhor amigo dela e claro eles sempre foram apaixonados um pelo outro. Quando eram crianças ele tinha ido embora por causa de problemas causado pelo pai, mas depois de 10 anos ele volta e sendo assim, um triangulo amoroso nasce entre Valerie, Henry e Peter.
Valerie é uma menina que se julga menos bonita do que sua irmã mais velha, Lucie, e suas amigas. Todas preocupadas em apenas correr atrás de meninos, e conseguir um marido, Valerie é diferente: gosta de escalar árvores e pensa em uma vida fora dos muros de seu vilarejo Daggohorn como mencionado. Tudo ia bem até o seu amor de infância – Peter – retornar ao vilarejo e mexer com seu coração. Coincidentemente ou não, o Lobo – que aqui é um lobisomem e não apenas um lobo mau – quebra seu tratado de paz com a vila ao matar Lucie e todos viram suspeitos.
Paralelamente ao mistério da morte de Lucie – por que ela se colocaria em perigo em uma noite do Lobo (lua cheia) -, Valerie descobre que sua família arranjou seu casamento com o jovem mais rico e desejado da vila, Henry. Ou seja, nem o coração da jovem está a salvo. E para completar, chamam Father Salomon (não, o termo “father”, que pode ser religiosamente usado para padre ou pastor, não foi traduzido no livro) para resolver o problema do Lobo.
Valerie, sem saber o que fazer, recorre à Avó, que mora sozinha em uma casa da árvore, fora dos limites de Daggohorn, em uma habitat bem Wicca. É a Avó que lhe presenteia com a capa vermelha. E a história segue com as questões: quem matou Lucie, com quem Valeria vai ficar, quem é o Lobo
Ao contrário do que muitos pensavam, Solomon era um homem muito louco e obcecado pelo Lobo, e ele fará muitas loucuras para tentar acabar com a vida do animal. Mas depois de uma visita não muito agradável à vila, vamos saber que o que chamava o Lobo para aquele lugar era a nossa querida Valerie.
Valerie é obviamente a protagonista, mas a autora muda o foco para outras cenas, mesmo que ela não apareça. Valerie é diferente de todos e em certos momentos acha que nasceu no lugar errado, pois simplesmente não se enquadra no lugar. Enquanto todos aceitam a submissão imposta, Valerie não acha justo, e isso a faz alvo de muitas fofocas. Ela tem muita força de vontade, tenta ser firme e determinada, embora tenha que aturar comparações, incluindo dos pais, com sua irmã caçula perfeita.
O livro é bonito e a história me instigou muito até chegar ao final, que a propósito, não está no livro! Na última página aparece um URL e é lá que conta quem é o Lobo e o que acontece com os principais. Não é uma história ruim e eu achei um tanto "gótico disfarçado de chapeuzinho vermelho" e cheguei a um ponto onde o único detalhe interessante era descobrir quem era o Lobo e só.
O prefácio de Hardwicke nos conta que Sarah Blakley-Cartwright, responsável por novelizar o roteiro, saiu da faculdade há pouco tempo. Em sua escrita, essa falta de experiência fica evidente. Ela colocou mais detalhes no livro do que no filme e é responsável por cenas bem descritivas, mas, infelizmente, são raras.
A narrativa não é coerente durante o livro inteiro, pulando de ponto de vista de narrador repentinamente, e a discrição de cenas, como o festejo após a morte do suposto Lobo, é muito confusa. Mas o pior problema, acredito, é a falta de caracterização dos personagens. No filme, o ritmo é tão errático e a montagem falha tanto que é impossível simpatizar com os personagens. As situações acontecem antes que possamos conhecer o mínimo de cada um e escolher por quem vamos torcer ou gostar. Isso também acontece no livro, só que não falta tempo, falta habilidade.
Cartwright não consegue conduzir os personagens de uma maneira até básica para que possamos simpatizar com eles, ou não. Sua escrita beira a bipolaridade, pois, em um parágrafo Valerie se sente de uma maneira, e no seguinte, de maneira oposta. E não é coisa de adolescente e sim de falta de experiência. Ela não mostra a transição, a discrição de como os sentimentos opostos brigam no interior da jovem. Não, uma hora ela ama, na outra, odeia e é isso.