A brincadeira

A brincadeira Milan Kundera




Resenhas - A Brincadeira


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joaoggur 19/04/2024

Milan à milhão.
Don DeLillo, que considero o maior prosador estadunidense vivo, diz que o trabalho do escritor é ?sempre questionar aqueles que estão no poder?. Seu contemporâneo, do outro lado do mundo, levara este princípio bem a sério; na tentativa de caçoar do regime socialista da República Theca, Kundera cria uma obra com personagens agridoces e sem carisma.

Veja lá; não digo que Kundera é superestimado, ou que seu renome é desproporcional à sua qualidade literária. Apenas aponto que, neste romance de estreia, o autor apresenta todos os elementos que fazem um romance ser ?de estreia?; descrições desnecessárias, devaneios fora de hora, disformidade na cadência (a.k.a. ?partes muito lentas seguidas de partes muito rápidas? e vice versa)? Parece que as palavras passam uma profunda sensação de não saberem para onde estão indo.

Ludvik, o narrador primordial (a narração oscila pelo livro), é o personagem que (minimamente) tecemos qualquer tipo de afeição (há também Lucie, mas esta não é narradora). Os outros, bem, admito que esqueci seus nomes. E não sei se sou meio desmiolado, mas na última parte do livro, onde a narração é compartilhada entre três personagens (cada ?parte? é um narrador diferente, com excessão da última), tive uma tremenda dificuldade de saber quem-é-quem.

Um romance que funciona em sua causa política, mas peca na coesão narrativa e na construção de personagens.
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victoria961 16/04/2024

Uau me impressionei
Para um primeiro romance, não esperei nada tão abalador quanto os outros de Kundera, mas parece que esse foi mais intimista, quase uma autobiografia. com personagens complexos, uma descrição ideal dos cenários e trechos bem poéticos - jeitinho de kundera - esse livro me impressionou muito.
senti como se a história fosse uma grande fofoca sendo contada por alguma amiga minha.
gostei muito, apesar da falta de cuidado que kundera trata violência sexual nos livros, o que é sempre uma questão.
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Cecí 27/01/2024

Na relva, a margem no Morava
"Era isso. Não via continuação. Sempre vivi entre dois mundos ao mesmo tempo. Acreditava na harmonia entre eles. Era uma ilusão. De um desses mundos agora estou banido. Do mundo real. Só me resta o outro, imaginário. Mas este nas me basta pra viver, o mundo imaginário. Mesmo que eu seja esperado nele".

Comecei sem pretensões e me vi deliciosamente envolvida. A leitura traz as reflexões filosóficas peculiares a Kundera de forma menos - me utilizando do termo que ele mesmo entregou tantas vezes nessa obra - afetada se comparada com obras posteriores. Os dramas das personagens são envolventes, seus motivos justificáveis, e me vi passando mais panos do que gostaria, e se entrelaçam muito bem em seus desfechos.
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Luiz Miranda 05/12/2023

Estreia arrasadora
Escrito em 65, lançado em 67, é o romance de estreia do checo Milan Kundera, que aqui já exibe uma excepcional desenvoltura literária. Autobiográfico até a medula, apresenta um painel terrível da ideologia comunista mandatoria na Checoslováquia pós segunda guerra mundial.

Acompanha 4 personagens (Ludvik, alter-ego do escritor, é o principal) que tiveram sua trajetória irremediavelmente afetada pelo fanatismo ideológico daqueles anos pós guerra, além, é claro, de seus anseios, frustrações, reflexões, etc. Bem escrito (mesmo traduzido da tradução francesa), sóbrio, poético e filosófico em boa medida, a prosa de Kundera tem aquele elemento que captura a atenção, não importando o quão trivial situação esteja sendo narrada, o cara SABE escrever, simples assim.

Pra quem se apaixonou por A Insustentável Leveza do Ser, pode ir nesse sem medo. Na verdade é indicado pra qualquer leitor que já tenha ultrapassado o casual.

4 estrelas
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Deghety 03/05/2023

A Brincadeira
A Brincadeira é um romance dividido em capítulos dedicados às personagens diferentes, mas todos ligados entre si. Além do ponto comum, a qual todos se conhecem, são de uma forma ou de outra afligidos pelas mudanças trazidas pelo comunismo. Mesmo alguns deles havendo outrora feito parte do movimento.
Opressão, traição, autoritarismo, perda de valores e identidades, tanto individual como nacional, são alguns dos temperos do caldeirão social a qual são submetidos.
Mas o livro não tem viés político, porque tudo isso que mencionei fazia parte do cotidiano comum do regime.
Quando se penetra nos personagens e em suas próprias ideias, encontramos um romance que fala da filosofia dos sentimentos, seja amor, seja ódio, seja perdão, seja vingança. E Kundera sabe muito bem explorar e individualizar tais sentimentos em cada personagem.
4.4/5
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rdszimiani 27/04/2023

Marcante
Conheci Kundera de ouvir falar de "A Insustentável Leveza do Ser", mas confesso que tal obra não me cativou na época em que foi lida, fosse pela expectativa, fosse pela dissonância do íntimo.

Por outro lado, posso dizer que "A Brincadeira" foi uma experiência arrebatadora desde o começo. Diferentemente de outras formas de arte, que logo podem nos conquistar pelos olhos ou pelos ouvidos, a literatura necessita de um certo tempo de imersão para que seja possível identificar-se ou não com ela.

Nesse sentido, ?A Brincadeira? mostrou-se alinhada com o estado de espírito ao logo de toda a leitura. Experiência que provavelmente não será esquecida, mesmo que os pormenores da trama não resistam à ação do tempo.
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Erick Simões 25/02/2023

É bom? É, porém...
A escrita do Kundera é ótima e os personagens tem perfis psicológicos profundos e interessantes, passam por questionamentos existenciais e os superam, ou não, como pessoas normais (o que é um ponto positivo). Porém no geral eu achei um livro meio sem propósito, me senti lendo uma novela da Globo kkk me perdoem os críticos, mas é isso.
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renata1004 26/12/2022

Milan Kundera sensibiliza o leitor em uma história onde todo mundo, de alguma maneira, está conectado. mais ou menos como a vida. novamente o autor emociona com suas reflexões apresentadas em forma de personagens e ações. lindíssimo!
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LaAs.Carvalho 15/05/2021

Demorei mais que o esperando para acabar este livro. Há dois motivos para isso: trabalho e a grande raiva que senti ao ler alguns trechos em que a mulher é retratada, mas posteriormente pude entender a construção da trama, uma vez que, Kundera a desenha aos poucos, confundindo. Possuí infinita identificação com o personagem principal, desde o início, mas não quis admitir nem para mim, pois o livro traz, em seus personagens, um excesso de identificação com o grotesco e o comum da realidade e do ser humano. Ludivik é intragável, ele endeusa o ódio. Há partes em que chega a ser difícil ler a descrição de seus pensamentos. Entretanto, é muito fácil perceber que Ludivik é homem como qualquer outro que esteja frustrado. A identificação que possuo com a obra se dá a partir da dificuldade de perdoar porque a grande lição é que seu destino pode mudar completamente só por causa de uma brincadeira. Segundo Kundera, o destino, às vezes, acaba antes da morte. E é natural o ser humano não aceitar, ou pela perspectiva religiosa, não enxergar um lado bom na frustração.
Até o amor para Ludivik é impossível e triste. Não teve um grande fim. Ele só parou de impor prepotência e soberania ao ódio. Ele se permitiu sentir.
Tive medo desse livro. Tenho medo do rancor. Tenho medo de ser tarde.
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Henrique Fendrich 13/05/2021

Li esse livro pela primeira vez há 12 anos e ele me marcou bastante, a ponto de eu sustentar que era inclusive melhor que o célebre "A insustentável leveza do ser". Entretanto, passado tanto tempo, eu pouco me lembrava da trama e por isso, nesse meu ano "tcheco", decidi reler.

Ah, como foi proveitosa essa releitura, porque agora eu estava muito mais preparado para sorver os detalhes do livro. Agora, eu já conhecia grande parte da história tcheca, eu já sabia o que era o período em que o livro foi escrito, eu inclusive já havia lido o livro do Julius Fucík que é mencionado muitas vezes ao longo da história e que, inclusive, foi usado contra o protagonista Ludvík no processo referente à "brincadeira" que dá nome à obra. Também já tinha muito mais ideia do que é uma aldeia tcheca do interior.

Tudo isso certamente permitiu me situar muito melhor na trama, que diz respeito, em apertada síntese, a um homem "cancelado" pelo regime comunista em seu país que busca uma espécie de vingança moral contra o responsável pelos seus anos de prisão, mas que tem o seu destino marcado por um romance inacabado da sua juventude, o seu romance com Lucie, a pobre e ingênua Lucie, personagem das mais interessantes. E todos os fantasmas do passado assomam no momento que Ludvík retorna à sua aldeia natal na Morávia.

Em grande medida, esse pode ser visto como um romance de contrastes ou mesmo de dualidades. Seus personagens estão continuamente lidando com o amor e o ódio, o presente e o passado, a modernidade e a tradição, o comunismo e a religião (o católico Kostka, embora não apareça tanto, fornece algumas reflexões bem interessantes). Tudo é permeado por um verniz filosófico que se tornaria uma das marcas da produção de Kundera.

Ao indicar o desencanto que a sociedade já experimentava com o comunismo no país, além da própria indiferença da juventude com a trajetória de heroísmo alardeada pelo regime, o livro de Kundera, sem querer, alinhou-se aos propósitos da Primavera de Praga, que eclodiu pouco depois da publicação do livro e que era justamente uma tentativa de reformar o regime, fazendo-o voltar à sua essência (mas o movimento acabaria repelido).

Kundera mesmo não gostava da associação política que era feita com esse livro, que para ele não era nada mais do que um romance e assim deveria ser visto. Entretanto, mesmo sendo um romance, ele capta muito bem o Zeitgeist daquela época e daquele lugar, e creio mesmo que a nossa geração também tem com o que se identificar, considerando que também ali estão a liquidez, a superficialidade e o próprio patetismo dos relacionamentos, coisas que também marcam profundamente a vida ocidental na atualidade.

Nesse livro já está presente a multiplicidade de vozes, outro traço bem característico de Kundera, e a impressão final que tive foi que tudo se tornou "redondinho" na trama, que é, além de tudo, bem empolgante. Fazia muito tempo que eu não lia mais de 100 páginas por dia. Terminei esse livro do Kundera, de 400 páginas, em 4 dias. É que ele é bão mesmo.

Vou reler o "A insustentável leveza do ser", que li há mais tempo ainda (15 anos), para então fazer uma comparação melhor, mas, sinceramente, acho que ainda vou preferir esse aqui.
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anna 09/03/2021

Agridoce
Os romances de Kundera são sempre arrebatadores, e as coisas não são diferentes com A Brincadeira. A forma como a história de Ludvik e Lucie é introduzida e, então, abordada, é muito envolvente. Todo o sofrimento do passado de Ludvik, que teve o amor por Lucie como um suspiro de alívio, é narrado de forma sufocante, e faz com que o leitor queira a presença de Lucie tanto quanto o personagem principal, buscando por um instante de paz em meio àquele infinito caos. Além disso, o modo como Kundera introduz repentinamente o lado de Lucie foi muito bem pensado; apesar de sabermos o que houve com ela, jamais temos a certeza de fato, e assim ela permanece uma lenda, parte do folclore das cidadezinhas da Tchecoslováquia. Ouso dizer que a construção do que sabemos na relação Ludvik × Lucie × Kostka é perfeita.
Em outro ponto, a relação Ludvik × Pavel também foi muito bem feita. Mas não gostei do que Kundera propôs à Helena; essa sim é uma personagem que não se encaixa na trama, que soa irreal perante todas aquelas situações.
Por fim, temos Jaroslav, um personagem cujas partes achei chatas e das quais não consegui acompanhar a intenção. Acho que o problema, esse caso, é a forma como ele é introduzido na história, que deixa seu papel murcho e sem graça.
No geral, apesar de gostar de diversos pontos do romance, a última parte não me conquistou. Achei todas aquelas descrições repetitivas, de necessidade duvidosa, apenas tornando o fim mais difícil de ser alcançado. No entanto, a conclusão cansativa e, de certa forma, inesperada, não faz com que A Brincadeira deixe de ser um bom livro.
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Vitoria 22/08/2020

Fico muito confusa com russos
Li o livro para uma avaliação da faculdade e fiquei muito confusa com tantas variações de nomes para a pessoa que os russos possuem. A história em si teve momentos interessantes que me deixaram presa no enredo, mas também teve momentos extremamente maçantes que morri de preguiça de ler (talvez por ter sido uma leitura obrigatória e não por deleite).
MF (Blog Terminei de Ler) 11/01/2022minha estante
Apenas um detalhe: Kundera não é russo; ele é tcheco.




Ricardo.Sigalla 13/07/2020

Brincadeira
Kundera é fantástico, sua escrita é ótima e seus temas também. A Brincadeira é mais um livro que nos faz refletir sobre a vida, política, comunicação, amor etc., e nos faz observar o ambiente em que se passa a história sob diferentes perspectivas. O livro vale a pena tanto pela história quanto pelo que pode agregar para quem o lê ao nos colocar diante das diferentes motivações e racionalidades dos personagens.
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Shadai.Vieira 24/05/2020

Fiquei 2 anos sem ler nada do autor pois, já tendo lido muitos de seus romances, necessitava de um tempo para "perder" a sensação de todos seus livros serem variações dos mesmos temas: política (a Tchecoslováquia comunista), peso do passado (fardo), vida sexual de adultos que tem suas histórias entrelaçadas e pitadas de Nietzsche.

Não está entre meus favoritos, mas ainda assim um ótimo livro, com boas reflexões sobre o quanto absortos em si quando jovens ou quando "maduros" cometemos muitos erros. E, de nada adianta "correr atrás do passado", quando reencontramos pessoas que conhecíamos elas já não são mais as mesmas.
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A.Wesendonck 01/04/2020

Leitura fácil, como todos os romances que já li do Kundera.
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