Ana Abreu 26/01/2015
Infinito
Venho evitando escrever sobre esse livro porque ainda tento encontrar uma forma de respirar depois de terminar sua leitura. É simplesmente impossível encontrar palavras para falar sobre o seu livro favorito. Nada será à altura, bom o bastante. E realmente não será, mas me sinto no dever de registrar minhas palavras no histórico dessa preciosidade e mostrar ao mundo o quanto eu amo e glorifico esse livro, essa estória, essa joia.
Quando li a primeira parte dessa obra em português eu fiquei devastada ao fechar o livro. Muito devastada. E embora agora que tive o deleite de poder ler em inglês todos os sentimentos tenham sido multiplicados por mil, corri para a livraria mais próxima (que por sinal fica bem longe de mim, graças à minha residência em cidade interiorana) e adquiri a segunda parte e a devorei em horas. E ao terminar, mesmo tendo inúmeras matérias para estudar, eu corri para o computador e procurei ajuda. Eu realmente precisava de conforto, precisava saber como ler a continuação, e por Deus, como retomar minha rotina. Juro que minhas mãos tremiam e meu coração gritava: o que é isso que eu acabei de ler? Que final é esse! Quanta grandeza! Preciso dos outros, com urgência. E obviamente, ainda estou esperando a continuação em português, que com certeza lerei mesmo depois de ter lidos todos em inglês. A forma como ganhei a trilogia em inglês foi mais especial ainda, em uma caixa repleta de corações com juras de amor! (Sim, meu namorado é um anjo! Hahaha) E então eu mergulhei. Mergulhei novamente no amor, no sofrimento, na bravura, na guerra, nas lágrimas, na fome. E eu me afoguei, me embebedei, transbordei. Paullina Simons criou um universo dentro do qual o leitor, mesmo o mais frívolo de todos, deseja ter um amor como aquele, alguém para amar, alguém para dividir a vida, para se entregar de corpo e alma, para sentir.
Cada palavra, cada frase, cada momento, cada prova, cada sussurro... Leningrado, Luga, Lazarevo, América. Em cada um desses cenários a autora tece uma história de amor de arrepiar. Alexander é um soldado no Red Army, que bem jovem abandonou a América em direção à União Soviética e à promessa de igualdade do socialismo, vendo seus pais serem assassinados apenas por terem seus ideais e esperanças, que, por sinal, foram brutalmente destroçados. Alexander então passa a se esconder da polícia russa, a chamada NKVD e passa a “sobreviver” um dia após o outro, até que em 22 de junho de 1941 a guerra começa e o mundo desmorona ao seu redor, se não fosse por uma garota de sardas e cabelos loiros, sentada tranquilamente em um banco num ponto de ônibus tomando um sorvete. Tatiana. A menina inocente e ingênua que se transforma em uma mulher madura, sábia e a protagonista mais forte com a qual já me deparei em todos os romances que já li (e acreditem, foram muitos) Tania, a menina que guarda seu amor em silêncio e se alimenta dele dia após dia, grão após grão, lágrima após lágrima. Tatia, a garota que estava disposta a enfrentar os dias frios e perigosos sem alguém para lhe consolar, apenas dando, se sacrificando, se torturando à troco da felicidade alheia. Tatiasha, a fortaleza que sustenta Alexander, que o ressuscita, que o ama com cada célula dentro de si. Graças aos cuidados e à valentia de Shura, graças à sua fé inabalável, graças ao seu amor infinito, Tatiana sobrevive, Tatiana se transforma, Tatiana experimenta, Tatiana ama. Ao atravessar a rua naquele dia, Alexander traçava os caminhos de seu próprio coração, de sua própria alma, de toda uma vida. Ou melhor dizendo, de duas vidas.
Tania e Shura não são apenas mais um casal de um romance. Eles são eternos, são incorrigíveis, são intensos e únicos. No decorrer da estória, da guerra, dos sagrados momentos juntos, Tatiana se derrama em Alexander e ele nela. Se encaixam, se hipnotizam, se perdem. É muito difícil encontrar palavras que meçam a intensidade desse amor justamente por ele não possuir medidas. Eles são dois em um, nascidos para amar um ao outro, para lutar. O romance se desenvolve de uma maneira tão doce e tão profunda que quase posso sentir as marcas em meu próprio coração. Sim, eu fui para a Segunda Guerra Mundial, eu passei fome, eu me desesperei, eu vi todos ao meu redor morrerem, e principalmente eu amei. E como amei... O livro entrou em mim e me rendeu, fez de mim sua marionete e eu fui de bom grado. É simplesmente o melhor romance, o melhor drama, vale a pena cada lágrima, cada sorriso, cada hora virada da madrugada, cada segundo dedicado ao amor.
Paullina é incrível. Excepcional, abençoada com uma criatividade e uma sensibilidade invejáveis. Para ela, um milhão de estrelas, todos os aplausos, todos os prêmios, todos os elogios e principalmente todos os agradecimentos. Obrigada por criar essa doçura, essa obra tão bela, essa perfeição. E para aqueles que se perguntam se Shura e Tania nunca serão felizes, nunca encontrarão seu lugar, entendam que o sofrimento faz parte da força e da intensidade da trama, que o verdadeiro amor sobrevive à tudo e que é aí que está essa beleza esplêndida e feroz, é isso que o faz tão especial.
The Bronze Horseman é um brado. Uma gota, uma rosa, uma súplica. Delicado e incomparável, nada será tão grande quanto esse livro, quanto esse amor, quanto essas almas de dois amantes, que provam que o impossível pode ser alcançado e que nenhuma dor, nenhuma dificuldade está acima do mais puro amor. É isso que esse livro é. Puro amor. Sua leitura não deveria ser recomendada, mas obrigatória. Nada tirará essa estória de mim, eu a levarei para sempre, como prova de que o amor é a maior benção de todas e que coisa alguma no mundo poderá mudar isso.
“Alexander, once you carried me, and now I carry you. Into my eternity, now I carry you..”