Karine 26/03/2021Na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, não um autor defunto, mas um defunto autor expõe relatos da própria vida. O personagem é extremamente sincero nas críticas que faz no decorrer da narrativa, pois como foi relatado por ele “A franqueza é a primeira virtude de um defunto”. Por meio desses relatos o leitor descobre como foi sua infância, juventude, vida adulta e morte (não nessa ordem porque, de acordo com Brás, abrir as memórias pelo fim é mais galante). Personagens complexos, análise psicológica, críticas às hipocrisias da moralidade são apenas algumas características dessa obra fantástica do Realismo no Brasil. Na época em que o livro foi escrito a sociedade brasileira era escravista e aristocrática, de um lado existia a elite formada por poucas pessoas, fidalgos, grandes proprietários de terras, e do outro os escravos, que eram em grande número. O protagonista é um desses poucos privilegiados e, não obstante ter recebido a melhor educação que existia, saber falar de arte, filosofia, ciência, Brás Cubas não se tornou um grande homem. Em suma, o romance retrata a vida medíocre, vazia, de aparências, sem amores verdadeiros, sem realizações pessoais, de uma pessoa completamente inútil. Essa pessoa canalha, boêmia, egocêntrica, tola, manipulável representa uma classe da sociedade, e apesar de possuir muitos defeitos, contribuiu para a raça humana não tendo descendentes. Independentemente de tudo é impossível não se apaixonar pelo deboche de Brás, não sofrer pelo emplasto, não rir da sua vida amorosa e não comparar os valores dele com os seus.