Sêmen

Sêmen Wilbett Oliveira



Resenhas - Sêmen


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Geyme Lechner 22/02/2011

Sêmen
Título: Sêmen
Autor: Oliveira, Wilbett Rodrigues

Sêmen é mais uma obra que nasceu exclusivamente das mãos de Wilbett. O segundo trabalho que leio, e um degrau mais de respeito que dedico à sabedoria com que o poeta desenha suas palavras. Sêmen ou versos entretecidos ou um só poema, sabiamente nomeado em três vicissitudes, é um livro de poemas - ou versos - ou um poema único. É uma obra que nos convida a experimentar.
Porém, indago: Qual o significado do verbo “experimentar” que nos remeta a outro sentido, longe daquele que nos impacta ao gosto e sabor, na concepção do poeta – ou – do leitor que interpreta seus versos?
“Experimentar” em sua definição mais profunda, entre fartura e carência, sentimentos e apatias, o denotativo e o conotativo, o paradoxo do tempo: O antes e o depois, os segundos e os anos, a presença de um instante. Perder-se até encontrar-se, ou, ao contrario.


Ir à deriva das coisas
que sucumbem:
as coisas que se farta
o fardo mesmo de existir


Sêmen é um convite imperativo: Renasça, recomece, reinvente-se, sinta, ouse. Experimente o (in)experimentado!
Na diferença do mínimo à semelhança do múltiplo, o poeta grita silenciosamente em seus versos, como antes o fez, sangrando-os. Ele desvenda a larva do silêncio e escuta o silêncio do mundo, no intuito de desvendar os segredos deste, e, convida-nos a fazer o mesmo.
Desacorrentar-se de fraquezas – o calcanhar de Alquiles - e propor-se um desafio além, ou, vários. Lançar-se em uma aventura quixotesca, de um Quixote sem chances, um Lancelot errante, em uma (neo)metafísica silenciosa. Um brinde a coragem!


Volver-se para dentro,
Para o ventre fuga intestinal
Acolher-se em si mesmo
Ver-se por dentro
Ser o próprio ventre


A essência do nosso “eu”, o “eu” essencial. A criação de um homem perfeito – do sêmen perfeito – e o surgimento de um novo engenho: O perfeito novo mundo. Sermos pedra e aço, anjo e deus, escravo e senhor, doença e cura. Sentir! No silêncio da palavra, desler a palavra no silêncio profundo.


Ser liame
Consistir-se em instantes
Consumir-se em nomes
E numes em números
Em nomos em números
Em nomes


Navegar no rio das paixões, conhecer-se e aventurar-se. Amar e propagar o amor até desvendar o sentido da vida. Lançar-se na água: Sêmen do mesmo rio!


Exaltar o que dimana das cores
E que emana das flores
O que irmana nas dores


O poeta Wilbett Oliveira é o mestre dos versos tocantes. Tão sabiamente conduzidos, que quase os podemos sentir, tocar... Por pouco, escutar a canção que imana deles. Os poemas de Sêmen dizem bastante com pouco, mas ordenam implicitamente a interpretação do leitor. O poeta é um sábio, o malabarista das palavras, um trovador que nos faz reflexionar e vasculhar o fundo do âmago, nosso próprio “eu”.
Sêmen: Ruptura da construção de estalões. Um olhar pela janela. Uma nova visão.

esparramar sóis
por uma madrugada cinzenta
à espera de vagalumes


perceber que o mundo é muito vasto
pra ter sentido de uma janela
preferir o que inquieta
ao que se acostuma
e não se acha

Um estilo único, o mesmo que encontrei em gris, numa certa ocasião. Sêmen, além de contar com esse estilo ousado, marca do escritor, proporciona o encontro com uma nova mensagem, ou, convite, ou ainda, desafio.
Uma convocação à placidez, um apelo a viver a vida, a chamada para baixar armas e semear a paz. Um grão, uma semente, uma gota de lucidez. Sêmen! Um verso único! Um convite a experimentar!

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