Emmy.Wosnop 02/04/2022
LARAIA, Roque de barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
O livro 'Cultura: Um conceito antropológico' 14° edição, 2001, de Roque de Barros Laraia, antropólogo brasileiro. É dividido em duas partes onde a Primeira parte nominada de ' Da natureza da cultura da natureza á cultura', é narrado como ocorreu a observação a cerca da formação da cultura, e o que determinaria a cultura, a parte desse questionamento houve duas teorias a do Determinismo Biológico, onde acreditava-se que a forma como as pessoas se manifestam como linguagem, crenças etc., eram determinadas pela sua raça, ou seja, as capacidades e características eram herdadas geneticamente, todavia, os antropólogos afirmam que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais.
E a outra teoria é o Determinismo Geográfico, onde acredita-se que o que determina como um grupo age, se manifesta, acredita é determinado a partir do ambiente que as mesmas estão inseridas, mas novamente antropólogos como Boas, Wissler, Kroeber refutaram essa teoria afirmando que há limitações em relação o meio físico afetar a cultura, que o mais comum é pessoas da mesma localidade apresentar diversidade cultural.
A partir desse momento inicia-se a parte conceitual da Cultura como os antecedentes históricos, onde Edward Taylor sintetizou o termo Cultura para designar as realizações humana "tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade", todavia, não é a única definição autores como John Locke e Jacques Turgot , também desenvolveram outros conceitos, e não há nenhum consenso qual é certo ou errado.
Essa primeira parte do livro também engloba a origem da cultura, onde o respeitado antropólogo Claude Lévi-Strauss, fala que a ctura surgiu a parte do momento com a humanidade instituiu a primeira regra (incesto), e para Leslie White, a cultura surgiu a partir dos símbolos (pinturas, comunicação, significados). Já as teorias modernas sobre a cultura é a feita sobre os fragmentos desses conceitos e visões passadas elaborados onde falam que a cultura são sistemas de padrões de comportamento, e que a mudança cultural é feita através da adaptação, e seguem esse raciocínio de comportamento humano e adaptação.
Na segunda parte do livro denominado Como Opera a cultura, aborda como a cultura molda a visão sobre o mundo, o indivíduo vai enxergar as mais diversas situações através da sua cultura o que muitas vezes abre caminhos para uma visão etnocêntrica, onde o indivíduo vai acreditar que a sua maneira de pensar e agir é melhor do que de outros povos, dando margem os mais diversos tipos de violência (racismo, intolerância religiosa e xenofobia), onde deve-se lembrar que existe uma grande diversidade cultural e não uma melhor que outra, cada cultura tem a sua lógica. Apesar de haver o determinismo biológico vale lembrar que a cultura afeta o plano biológico, onde todos os povos têm as crenças, a partir desse princípio é encontrado as doenças psicossomáticas e também a cura dessas doenças através da fé. Outra questão importante é que cada individuo tem um papel na cultura e que normalmente essa participação é exercida pelo sexo masculino mesmo em diferentes culturas é comum observar. É importante lembrar que mesmo com uma grande diversidade cultural, cada cultura possui uma lógica própria e também um é dinâmico e sofrer modificações com o passar dos anos.
Bem, o autor elaborou essa obra de uma forma bem didática, através da utilização de diversos exemplos cotidianos, de uma forma que permite uma compreensão plena acerca do tema e da proposta do livro, que é mostrar o que é cultura, como surgiu esse termo e o que ele engloba. Trata-se de uma obra relevante que permite uma leitura fluida que resulta em uma maior curiosidade sobre o tema e sobre outras obras do autor. A partir dessa obra, foi possível perceber que toda cultura e a sua manifestação pelos povos mais remotos merece uma atenção e a compreensão que por mais distante que pareça apresenta diversas semelhanças com a cultura que vivenciamos. Essa obra também torna possível a compreensão que não há cultura melhor do que outra e que toda manifestação cultural seja por meio de crença, religiosidade até mesmo alimentação apresenta a sua lógica e o seu dinamismo através das gerações. O livro é recomendado para todas as idades e grau de escolaridade, principalmente para quem tem interesse em adquirir novos conhecimentos e se aprofundar na temática proposta.