Paula Juliana 17/08/2014
Resenha: Sentimento Fatal - Janethe Fontes
'' O homem é o único animal que se diferencia dos demais por agredir suas fêmeas.''
''A violência não distingue classe social.''
Ciumes. Amor. Descontrole. Violência. Paixão. Liberdade!
Quando o ciume vira doença e o amor se torna um perigo? Quando você não se sente feliz dentro de sua casa? Se sente amarada, sufocada, amedrontada e violentada. É chegada a hora de lançar escudos e tomar posse do próprio destino e se libertar.
Com o livro Sentimento Fatal, somos levados a uma importante reflexão e entramos de cabeça em um romance de tirar o fôlego.
Perigoso e Fatal, os sentimentos representados por essa obra vão muito além de uma simples paixão, ou um simples romance. Sentimento fatal mostra o caminho para um amor seguro e verdadeiro e a autora Janethe Fontes - que como sempre arrasa - traz uma narrativa regada de sedução, paixão, suspense, com uma lição social e moral que não vemos em qualquer livro.
''E a fim de bloquear o choro da mãe, embora não conseguisse impedir as próprias lágrimas, Letícia se encolheu na cama e comprimiu as mãozinhas com toda a força contra os ouvidos. Mesmo assim, ela continuou ouvindo os soluços contidos da mãe.''
Sentimento Fatal aborda a violência domestica.
Adriana, a nossa Dri, se casou cedo, montou sua família, teve sua filhinha, Letícia.
Amava seu marido. Seu marido, Roberto, a amava. Porém, Beto sente um ciume doentio por sua mulher. E enquanto, Dri, foi a boa esposa que ficou bonitinha em casa o esperando e criando sua menina, estava tudo certo. Mas Adriana procurava sua liberdade, ter sua própria vida, ela começou a trabalhar fora e ir para a faculdade. Essa sede por ter sua própria realização não só incomodava Beto, foi fazendo ele ficar cada vez mais violento e opressor com a esposa.
De ameças, a chantagens psicológicas, tapas, socos, brigas constantes na frente da filha. Dri se transformou de uma mulher forte, determinada e corajosa, para a mulher que se escondia atrás de seu próprio medo. A imagem da mulher fraca e submissa, que havia perdido a controle da situação. Por causa de um amor doentio. Um amor destrutivo.
''Sentia vergonha. Chegou até a pensar em suicídio. Pensou em sua filha e resolveu tomar pulso de sua vida.''
Juntamente com sua disposição a mudança. Dri encontra uma surpresa do destino! Seu professor, é nada mais, nada menos... que seu primo. Dani, seu primeiro beijo, sua paixão de infância/adolescência. Seria capaz um amor infantil durar uma vida? Dani e Dri, mostram que quando tem que ser. Simplesmente é.
Dri se sente atraída por seu primo instantaneamente. Dani nunca esqueceu aquela menina de sorriso largo. Poderia esse amor ressurgir dentro de uma atmosfera tão opressora e cruel como a que Dri vive? Será ela capaz de superar seu medo da violência e se separar de Beto? Beto será capaz de se currar dessa doença? Poderá recuperar o amor de sua família?
''... e nunca passaram de um beijo, um único beijo, que ficara para sempre gravado em sua memória, em seu coração.''
Roberto é doente. Não tem outra forma de descreve-lo. Ele chega a ter ciumes de com quem Dri está SONHANDO. Ele segue ela, quer controlar tudo, quer as coisas como quer. Vê a esposa como um objeto que pode usar e abusar. E quando não consegue, se sente impotente, e deprimido. Transtornado, atormentado, desesperado pela hipótese de perder sua mulher. Ele mistura um ciume doentio, uma visão traumatizada que não pode confiar em mulher alguma com drogas e bebidas. Beto ''ama'' sua família. Ele não consegue se controlar. Ele precisa de tratamento.
E Dri precisa de um amor que realmente traga luz a sua vida.
Letícia sua filha, tem cinco aninhos, sente medo do seu pai. Não sabia o que acontecia entre quatro paredes entre seus pais, mais tinha certeza que era o pai que machucava a mãe e a fazia chorar.
Com isso sentia raiva do próprio pai. Ele não tinha noção do mal que causava a sua filha.
''Apesar disso, ele não conseguiu evitar que uma doce ilusão arraigasse em seu coração e tomasse proporções imensas.''
Dani foi um doce mocinho. Janethe sabe criar homens maravilhosos, não tinha como não se apaixonar por ele logo nas primeiras linhas. Bom pai. Bom moço. Inteligente. Família. Gentil. Um homem de verdade.
Ele procurou ajudar Dri. Porém, precisava sentir que Dri, o amava. Se sentia inseguro, mas nunca usou de força psicológica ou física para domina-la e ter suas respostas.
Dri se sentia perdida. Precisava recuperar seu amor próprio. Precisava aprender a se defender. Precisava mostrar sua coragem ao mundo.
Ela começa a aprender Capoeira e toma decisões importantes para o desenvolvimento da história.
''A capoeira é a luta pela liberdade.''
O romance é lindo. Sensual, quente e romântico. A superação e coragem de Adriana é de se admirar. As crianças da trama são incríveis - Felipe filho de Dani e Lê filha de Dri. A autora mostra pequenos dramas famílias entre os personagens secundários, sempre com uma lição importante como pano de fundo. As famílias dos personagens protagonistas são bem presentes na história.
Luiz e Olívia. Alunos e amigos dos protagonistas são fundamentais em algumas partes. Olívia, tralhando na delegacia da mulher, mostra para o leitor algumas realidades sobre o abuso e violência domestica.
''Tem razão - sussurrou ele ao seu ouvido. - Deve ser mesmo loucura amar alguém do jeito que eu sempre amei e ainda a amo. Mas não há mais como controlar isso. E eu quero você, Dri, inteiramente para mim.''
Foi uma leitura muito prazerosa. Muito forte e intensa. Eu já falei uma vez aqui que os livros dessa autora são aqueles que fazem a gente virar a noite lendo, e não teve como eu lagar ele. Sofri demais com Dri. As partes que a pequena Letícia mostrava como estava sendo afetada, apertava tanto meu coração que doía. Suspirei demais com Dani. Queria que Dri largasse logo o marido, queria que ela fosse feliz, que encontrasse um amor bom e puro.
Gritei, me revirei no sofá, aprendi, achei a história simplesmente linda. Com uma linguagem
muito bonita, simples e fluída, uma história maravilhosa é formada. Não pensem vocês, que por ter um tema forte, a história é explicita, ou contém cenas grotescas de violência. Você não vai encontrar aqui. Vai encontrar uma história forte e delicada, uma história que vai mostrar como o amor pode ser perigoso e fatal, mais também bonito, seguro, calmo e transformador.
''Mas não era mais a paixão imatura de uma jovem adolescente deslumbrada pelo primo bonitão que se perpetuava naquele momento, compreendeu Adriana, e sim o amor verdadeiro de uma mulher por um homem. Uma mulher que somente agora conseguia compreender a exata diferença entre o amor e a paixão, entre o amor e a obsessão.''
A força do perdão. Perdoar a si mesma e ao próximo. Aprender a dar valor a sua vida, a sua existência, aprender que a raiva não dá direito a ninguém de machucar o outro, de ser cruel. Sentimento fatal me fez terminar o livro por entre lágrimas e com o coração repleto de felicidade e esperança! Super indico cada linha dessa obra! LEIAM!
'' - Só não esqueça que sua força não está em seu corpo e sim aqui. - Ele apontou para a própria cabeça e Adriana compreendeu o que ele queria dizer. (...)
- O medo é seu único e verdadeiro inimigo.''
site: http://overdoselite.blogspot.com.br/