A flor do Taiti

A flor do Taiti Célestine Hitiura Vaite




Resenhas - A flor do Taiti


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Ladyce 24/04/2011

Leitura leve, alto astral, excelente para os feriados de abril
Há muito tempo não me acontece de ler um livro e ficar tão encantada que me precipitei a procurar por outro do mesmo autor. E ainda mais, acabar a leitura do segundo volume e me sentir tão feliz quanto na primeira vez. Mas foi exatamente isso que me aconteceu quando li, com a recomendação de um livreiro conhecido, A FLOR DO TAITI de Celéstine Hitiura Vaite [Rocco: 2011].

Minha apresentação ao trabalho dessa escritora taitiana deu-se “fora de ordem”, ou seja, li o segundo livro antes de ler o primeiro OS SABORES DA FRUTA-PÃO [Rocco: 2006]. Apesar de terem em comum os mesmos personagens, nada impediu o deleite de qualquer um dos volumes em separado. São obras totalmente independentes, em que os mesmos personagens reaparecem com suas deliciosas filosofias de vida, maneiras de viver, dizeres na ponta da língua…

O mundo que se apresenta ao leitor de Célestine Hitiura Vaite tem o encanto da simplicidade, do saber popular, da vida “como ela é vivida” por milhões de pessoas no mundo. Pode-se dizer que a escritora passa ao leitor um mundo realista, porque nele as menores decisões são avaliadas, contadas e elas levam não a conseqüências operáticas, desastrosas ou de grande sucesso, mas levam — de uma maneira ou outra — ao desenvolvimento da história como acontece na maioria de nossas vidas: nem grandes tragédias, nem grandes transformações.

Nesse aspecto, Célestine Hitiura Vaite lembra em estilo de narrativa os escritores ingleses. Interessante, que mesmo tendo sido criada com o francês, — o Taiti ainda faz parte da comunidade francesa, é um “país francês ultramarino” – a autora declara na contracapa que se sente mais à vontade escrevendo em inglês. Se sofreu ou não influência de escritores ingleses tais como Jane Austen, Barbara Pym, Alexander McCall Smith não vem ao caso, o que importa e notarmos que a mesma consideração para as pequenas decisões, para as nuances de comportamento que caracterizam os escritores acima mencionados estão presentes no trabalho dessa taitiana.

Em A FLOR DO TAITI, nos encontramos com uma família daquele país, onde a personagem principal, Materena Mahi, é uma apresentadora de um popular programa de rádio. Ela e o marido estão prestes a se tornarem avós e esse evento em suas vidas transforma o dia a dia e os personagens retratados. Em OS SABORES DA FRUTA-PÃO nos confrontamos com o relacionamento de Materena e sua única filha – ela tem outros dois meninos. São outros tempos. Ela ainda não é apresentadora de rádio e seus filhos ainda estão dando bastante trabalho. Todos são mais jovens, inclusive Pito, o marido, cujo comportamento em qualquer um dos volumes, levou essa leitora a boas gargalhadas. Retratada está a sabedoria popular e vemos como a sensibilidade de Materena consegue caminhar por entre assuntos difíceis e espinhosos com a delicadeza e graça.

Apesar de a autora não se dedicar a problemas sociológicos, há através dos dois livros lançados no Brasil (originalmente é uma trilogia) um alerta para alguns problemas sociais, entre eles o grande número de crianças nascidas de pais franceses radicados no arquipélago durante o serviço militar e que voltam para a França sem reconhecerem os filhos das ligações amorosas no local. Vemos também a discriminação entre classes sociais, prevalente praticamente no mundo inteiro, assim como o descaso dos homens – todos centrados nos seus próprios umbigos — para com os trabalhos femininos. No entanto, tudo isso é retratado com muito bom humor e com delicada franqueza. O que acaba por exaltar a nossa familiaridade com esses assuntos acentuando o alto astral dessas comédias humanas.

Ambos, A FLOR DO TAITI e OS SABORES DA FRUTA-PÃO, são romances de costumes que giram em torno de sentimentos e de dúvidas universais. Não se perdem no retrato da pobreza de uma região do país, nem tampouco tentam solucionar ou delatar problemas socioeconômicos. Mas em questão está o realismo emocional de uma família que faz tudo para sobreviver bem e que leva a vida tão agradável quanto o absolutamente possível. Não há como sair de nenhum desses dois romances, sem estarmos felizes com a natureza humana e com a vida em geral.

Esses são livros de grande entretenimento; eles contribuem para nos sentirmos bem ao final da leitura. Os personagens são todos mais ou menos nossos conhecidos. Eles nos surpreendem porque temos que aceitar que são em geral de bom caráter, mesmo as tias fofoqueiras, ou os companheiros machistas de Pito no trabalho. Conhecemos a todos, mesmo antes de lermos uma única palavra dos romances. Reconhecemos seus trejeitos e modo de pensar, assim como podemos reconhecer muitos personagens de novelas televisivas. Mas é a mágica narrativa da autora nos leva a aceitá-los exatamente como são: defeitos e qualidades inclusos.

Em abril temos uma semana de feriados: Semana Santa, Tiradentes, Descobrimento, etc. Se você está pensando em levar alguma boa leitura, leve e feliz para o seu feriado, não deixe de considerar esses dois livros. Não vai se arrepender.

NOTA: Há duas grandes contribuições para o sucesso desse livro: a tradução de Léa Viveiros de Castro e as capas de Flor Opazo, que saem da mesmice de retratar o Taiti como Gauguin o fez. Parabéns às duas.
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Vanessa Daflon 07/10/2023

Uma história leve sobre uma família comum, pessoas comuns e cheia de ensinamentos! A escrita é maravilhosa, fácil de ler com capítulos curtos e sequência lógica. Foi meu primeiro livro da autora e estou curiosa por outros. Super recomendo.
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vaporbarato 10/01/2023

família
Um livro realista e divertido sobre experiências familiares, uma prova real de como as relações familiares apesar da distância entre países são próximas uma da outra.
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Yasmin 17/01/2024

A sinopse do livro entrega pouquíssimo em relação a tudo o que é apresentado na narrativa, achei que a estória focaria unicamente no casal e sua dinâmica, mas não, entregou um romance familiar maravilhoso de ler.
amei demais conhecer um pouco mais da cultura taitiana, a forma como o texto compartilha de palavras e frases no francês e no maori, a tradução impecável da Rocco, além da a forma como todos os personagens são apaixonantes (até os que sentimos ranço no início).
essas histórias familiares são uns dos meus pontos fracos em questão de livros, acho lindo ver dinâmicas familiares, ver amor, recomeços, redenção, parceria, a valorização da simplicidade. os personagens não são perfeitos, mas através do laço que os une eles se tornam melhores e isso é muito belo de ler. É gostoso demais acompanhar a evolução do Pito e do Tamatoa também, foi maravilhoso acompanhar as reviravoltas da família e ver a árvore dos Mahi - Tehana florir de novo.
a escrita da autora é super gostosa, levinha, ótimo livro para ler nas férias e no verão. estou numa saga de querer conhecer livros de diferentes países e esse com certeza me deixou com vontade de conhecer o Taiti.
recomendo bastante a leitura e com certeza irei reler em breve.
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